O argumento principal do texto é o encontro, na lavanderia do Vaticano, entre o Papa Francisco, interpretado por Paulo Gorgulho, e São Francisco de Assis, interpretado por César Mello. É um encontro imaginário. Contudo, há algo que os aproxima em contextos históricos distintos: cuidar daqueles que ignoramos, os excluídos. Eles tem uma preocupação fraterna, um compromisso com o amor.
O texto de Gabriel Chalita traz a tona questões que estão na ordem do dia como amor, caridade, casamentos homoafetivos, fraternidade, exclusão, entre outros assuntos. E, com uma linguagem, simples e de fácil compreensão, atingindo o coração dos espectadores.
Os dois atores estabeleceram um “casamento” perfeito. Eles estão sintonizados e ajustados, como se fossem parceiros pretéritos de longa data. Dominam o texto e o palco. E, passam o texto com emoção, carisma, deixando falar o coração.
Paulo Gorgulho faz o Papa Francisco preocupado, inquieto, indócil com tudo aquilo que está acontecendo na Terra. Guerras, fome, migrações forçadas, desastres ambientais, questões que deixam o Supremo Pontífice desolado.

Por sua vez, César Mello interpreta São Francisco de Assis como um homem fraterno, alegre, humano, de bem com a vida. Nos apresenta um ser simples, que imita o canto dos pássaros, adora a natureza, e cantar. A frase por ele dita na peça, “Deus me fez para a alegria”, ilustra bem o personagem.
Os dois atores estão muito bem dirigidos por Fernando Philbert, que foi preciso, nas marcações e em detalhes de direção dos dois atores. Para além da técnica perfeita do diretor, ele dirige os dois atores de forma que eles, em suas respectivas interpretações, exalem sensibilidade, emoção, deixem extravasar o coração.
Os figurinos de Karen Brustolinni são adequados e de bom gosto. Gorgulho veste a tradicional roupa do Papa, a batina em tom branco e o solidéu na cabeça. Por sua vez, Cesar Mello no papel de São Francisco de Assis traja uma roupa de um homem pobre, que vive na rua, toda suja.
O cenário de Natália Lana, também adequado, reconstitui a lavanderia criada pelo Papa no Vaticano para lavar a roupa dos homens e mulheres em situação de rua, rodeada por dois bancos e uma janela.
A iluminação criada por Vilmar Olos é adequada, e predomina a luz branca, o branco da paz!
A peça é bem produzida, trata de temas importantes, e fala ao coração, deixando o sentimento se sobrepor à razão.
Excelente produção cultural!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.