Nascida e criada em Liverpool, Laura Doyle, com sotaque de Liverpool e cabelos ruivos que denotam suas raízes irlandesas, já se apresentou em alguns dos maiores festivais Britânico de jazz, como o “Love Supreme”, “Ealing Jazz” e no “Philharmonic Hall”, em Liverpool, onde abriu para Gilberto Gil sua turnê pelo Reino Unido.
Com o pseudônimo “Baiana”, a artista de Jazz Brasileiro, lançou recentemente o álbum Baiana, no qual se manteve por 12 semanas no topo da lista A da playlist Jazz FM, com seu primeiro single “Saudade Samba”.
Gravado no famoso Motor Museum de Liverpool e no principal estúdio de música de raiz do país, Big Noise, em Essex, o álbum Baiana foi produzido pelo percussionista e produtor internacionalmente aclamado Snowboy. O disco composto dos melhores músicos de jazz de Liverpool, dentre os quais, alguns brasileiros, além do lendário Haggis Horns, onde teve participação em todas as faixas do disco. Ele também já realizou trabalhos para Lisa Stansfield, Mark Ronson, Amy Winehouse, Jamiroquai e entre outros artistas de renomes.
Cantando em português e inglês, Laura evoca um estilo vocal que lembra as grandes cantoras românticas dos anos 40 e 50, como Julie London e Peggy Lee, mas ainda assim é possível sentir claramente a expressão apaixonada do fado português e dos grandes nomes brasileiros cantando sobre amores perdidos e corações partidos.
-Antes de se tornar cantora, já exerceu alguma outra atividade, nos fale de suas experiências?
Quando voltei para o Reino Unido, depois de morar no Brasil, onde estive envolvida com o serviço diplomático, fui recrutada por uma agência de futebol, Stellar Group, para cuidar dos gêmeos brasileiros, Rafael e Fabio da Silva, que jogavam no Manchester United. A partir daí passei a cuidar de algumas das maiores estrelas do futebol mundial e hoje sou diretora de futebol feminino dessa mesma agência.
O meu desejo de ser performer só ficou mais forte, quando decidi ir para Paris estudar palhaçada e interpretação, com o grande Mestre palhaço, Phillipe Gaulier. E durante esse tempo, acreditei que meu futuro artístico estava na comédia. Hoje, divido minha rotina entre apresentações nos palcos e a atividade de agenciadora de jogadores de futebol.
-Como se deu sua carreira musical artística?
Foi durante minhas aulas com o Phillip Gaulier, em Paris, lá descobri a minha verdadeira vocação pela música. Comecei a atuar com comédia musical, escrevendo minhas próprias canções, mas percebi que embora eu adorasse fazer as pessoas rirem, o que eu queria mesmo era fazer música profissionalmente. Minha afinidade com o Brasil e a paixão pela música brasileira, era algo que já carregava dentro de mim e sabia que essa era a música que eu queria fazer.
-O que você acha da força da musicalidade de Liverpool comparada ao Rio de Janeiro?
Quando desembarquei pela primeira vez no Brasil, foi amor à primeira vista e, imediatamente me senti em casa. O espírito carioca é muito parecido com o do Liverpool; o seu humor, aquele charme lúdico e, claro, a sua música. Música por todos os lados! Como no Rio, Liverpool tem uma história musical incrivelmente rica como, “os Beatles”, além de outros grupos importantes como, “Echo and the Bunnymen”, “The Zutons”, “Frankie Goes to Hollywood”. Também há uma grande cena local desde grandes salas de concerto até bares e restaurantes menores com música ao vivo durante todas as noites. Mas, para mim o Rio é um claro vencedor. Sua cena musical é incrível, desde shows intimistas no Bluenote com lendas do Jazz Brasileiro como, Hermeto Pascual, Joyce, Marcos Valle, até mega shows no Joquei Club, com estrelas brasileiras como, Maria Bethania, Ney Matogrosso, Marisa Monte, e tem até um cara de Liverpool, você já deve ter ouvido falar… Paul McCartney! Tudo isso apenas no mês de dezembro!
-A sua vinda para o Brasil foi determinante na escolha pelo gênero Jazz Brasileiro?
Sem dúvida, faço música para me transportar ao meu querido Brasil. É um lugar que alimenta minha alma e enche meu coração de muita alegria. No álbum “Baiana” tive a oportunidade de expressar e interpretar toda essa alegria. O disco não revela apenas influências do Jazz Brasileiro, mas das muitas experiências e influências que tive da música irlandesa de raiz, do Sade e musicais de Hollywood, criando algo único. As músicas desse álbum contam minhas histórias pessoais, minha “Saudade” pela minha antiga vida, o verdadeiro “eu”, os momentos felizes, os amores que perdi e o amor que sei que um dia encontrarei. Mas acho que se você me perguntar o que eu mais adoraria conseguir com o álbum “Baiana”? Bem, seria encontrar o caminho de volta para o Brasil.
-Hoje de volta ao Brasil como está sendo matar as saudades?
Morei no Rio durante anos e foram os anos mais felizes de minha vida. Para mim, não há lugar igual no mundo. Nunca vivi tanto, amei tanto e cantei mais alto do que quando estive no Brasil. Minha partida foi uma experiência dolorosa, com a qual sonho muitas vezes e que ainda me faz chorar. No entanto desde que cheguei recentemente tenho sentido saudades, mas de uma forma feliz e agridoce. Os primeiros dias pareceram uma sobrecarga sensorial, pois tudo evocava uma memória, um prazer, uma risada, uma alegria, uma música. Do Pão de Queijo ao Pão de Açúcar não me canso desse lugar!
-Agora apresentando o seu recente lançamento do álbum “Baiana”, nos fale de sua agenda?
O álbum foi muito bem recebido pela crítica no Reino Unido e estaremos na estrada no próximo ano para promovê-lo com uma série de shows. Estarei lançando um novo single em janeiro, “Samba Mortal”, a primeira música que escrevi completamente em português, por isso, estou animada para ver o que o público Britânico e Brasileiro achará disso.
Em fevereiro, lançarei uma série de shows com o internacionalmente aclamado percussionista latino, Snowboy, que também produziu meu álbum. Ele é um gigante no mundo do jazz e já trabalhou com algumas das maiores estrelas do mundo como, Amy Winehouse, Lisa Stasfield, Jamiroquai, além de muitos artistas brasileiros como, Airto Moreira, Joyce e Deodato. Nos conhecemos através de um amor compartilhado pela música brasileira e nossa colaboração resultou nessa alquimia e sabemos que a magia acontece quando estamos juntos. Tê-lo produzindo o meu álbum foi uma experiência incrível, agora tê-lo dirigindo musicalmente e se apresentando juntos em um show ao vivo, será algo muito especial.
-O que você gostaria de dizer ao público e àqueles que vão te ver ou escutar?
“Baiana” sou eu, minha vida, minhas experiências, meu coração criativo e o meu Brasil. É uma celebração: seja uma balada agridoce ou uma canção de amor, tudo é sustentado por uma alegria absoluta e uma excelente musicalidade. Às vezes, emocionante e sempre apaixonada, seja ouvindo a música em casa ou vendo ao vivo, a Baiana vai te levar em uma jornada de felicidade, te deixar elevado e como dizem os brasileiros de alto astral.
Entrevista: Bruno Feros
Imagens: Divulgação
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