O musical encerra com chave de ouro a trilogia que homenageia cantores da música popular brasileira. O primeiro foi sobre o boêmio do bairro de Vila Isabel, Noel Rosa. O segundo foi sobre o homem do nordeste, Zé Ramalho. E, o terceiro sobre o romântico Djavan. Todos os três musicais foram produções bem realizadas, estruturadas, e qualitativamente produzidas por Eduardo Barata. Neste último, além de ser o idealizador, ele também assina a direção em parceria com Regina Miranda.
Djavanear é um musical que se distingue de todos aqueles que foram apresentados até agora sobre personalidades da música brasileira. Quem vai pensando que irá conhecer a biografia de Djavan se engana. Porque a dramaturgia não priorizou narrar os fatos da vida do cantor. Os dois anteriores, ainda que não fossem necessariamente biográficos, apresentavam algum conteúdo que apontava nessa direção.
Os responsáveis pela dramaturgia, Mauro Ferreira e Regina Miranda, se inspiraram nas canções interpretadas por Djavan e construíram um bonito texto, que exala afeto, poesia, sentimentalismo, lirismo, e emoção. Ele é narrado pelo conjunto das atrizes em meio a sequencia das músicas que são interpretadas. O conteúdo fala de amor, céu, mar, terra, cores, flores, solidão, entre tantos outros adjetivos e substantivos que se fizeram presentes nas canções do cantor alagoano. É um texto afetuoso, que fala de amor e carinho.
O elenco é todo integrado por mulheres. Afinal, Djavan cantou e interpretou tantas músicas com letras dedicadas ao universo feminino. Elas cantam bem. Estão bem ensaiadas. Prefiro não sublinhar a atuação de uma em detrimento de outra, porque todas funcionam, e valorizam o conjunto. São as canções de Djavan interpretadas sob o olhar das mulheres.
Todos os grandes sucessos de Djavan foram selecionadas para integrar o musical. Alfredo Del-Penho e Muato foram os responsáveis pela direção musical do espetáculo. E imprimiram uma direção correta e satisfatória com relação ao conjunto musical do cantor, compositor e músico alagoano. Não esqueceram de nenhuma das grandes canções por ele interpretadas.
Os figurinos produzidos por Luiza Macier são adequados, de bom gosto, e clean. Inicialmente, predominam os tons em preto e branco, para depois assumir outras tonalidades.
Por sua vez, o cenário é constituído por um conjunto de flores de plástico transparente que estão presas por fios junto ao teto. Lembra um jardim repleto de flores, por onde se movimentam as atrizes. E as flores remetem ao amor, ao sentimento, tão cantado nas músicas por Djavan.
A iluminação de Luis Paulo Neném contribui para realçar o cenário, na medida em que as flores são de plástico transparente, e elas assumem um colorido variado de acordo com a luz que é refletida. Efeito visual bastante interessante e bonito.
Deixamos o teatro Sesc Copacabana com a sensação de estar desejando amar!
Excelente produção cênica!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.