Meu avô, Ary Barroso , para mim, foi uma das pessoas mais Multimídia que conheci, se analisarmos a trajetória de sua vida, encontraremos vários caminhos por ele trilhado e todos com brilhantismo.
Ary Barroso, grande expoente da Música Popular Brasileira, nasceu em Úba, em 07 de novembro de 1903, cidade do interior do Minas Gerais. Ficou órfão muito cedo, e foi educado, ao piano, pela rígida, Tia Ritinha, ainda em Úba tocou piano nas salas de cinema na época do cinema mudo. Aos 18 anos, veio morar no rio de janeiro, para estudar advocacia, foi morar em uma pensão onde conheceu sua futura esposa Yvonne de Arantes Barroso. Para complementar o dinheiro, que recebia, continuou tocando piano, brilhantemente, nas salas de cinema e em orquestras.
Ary Barroso começou a compor em 1918, sua primeira música se chama “De Longe”. Com o tempo e foi compondo cada vez mais, músicas que se tornara sucesso no Brasil e Exterior, como samba exaltação, baladas, batuques, cateretê, choros, foxtrote, fantasia, canções, maxixe, marchas, sambas, valsas. Em 1934, ganhou seu primeiro concurso de música com a música “Dá Nela” e com o dinheiro do prêmio se casou com Yvonne, tendo 2 filhos, Flavio e Mariúza, segundo sua filha, Ary adorava viver, homem dos bate-papos, bom marido, pai presente, generoso e muito alegre. Teve uma vida muito atuante na área musical, esporte, política, televisão, rádio… Na música atuava como compositor, apresentador de programa de rádio com o programa de calouros “calouro em desfile”, que se tornou um sucesso, orquestrador de músicas, escritor teatral, ensaiador e tudo mais que se precisasse para se colocar uma peça no palco.
Ary fez um interessante comentário sobre o seu Programa dos Calouros:
“_ O programa foi lançado em 1936, na Radio Cruzeiro do Sul. A princípio usei uma campainha para “cortar “os calouros, mas o som daquele instrumento não abafava a voz dos principiantes. Teve a ideia, então, de utilizar um gongo, que acabou fazendo parte integrante do programa. Escolhi o auxiliar que devia fazer soar o gongo e dei-lhe este apelido de Makalé mostrou para o mundo que a música brasileira é linda compondo o samba exaltação “Aquarela do Brasil” ou “Brazil” e muitas outras como “No Rancho Fundo”, Isto Aqui O Que É”, “No Tabuleiro Da Baiana”, “Na Baixa do Sapateiro”, “É Luxo Só”, ”Pra Machucar Meu Coração”, “Os Quindins De Yaya”, “Risque”, “Camisa Amarela”, “Terra Saca”, “Inquietação”…
Desde os anos 30 formava orquestras e ia ao exterior para divulgar a nossa música. Esteve em quase toda a América do Sul, Central e acabou indo para os Estados Unidos para trabalhar com Walt Disney onde musicou vários filmes. Teve ótimas propostas de contrato para permanecer neste país, mas não quis.
Em 1944, Ary Barroso foi o responsável pela primeira indicação do Brasil ao Oscar. Em 1945, sua música “Rio de Janeiro” disputou como Melhor Canção pelo filme Brazil, da Republic Pictures.
“… fora do Brasil, eu não sou o mesmo, preciso do contato com essa terra …Ary barroso, momentos antes de embarcar para os Estados Unidos em 1944.
“_ Levo comigo um desejo muito ardente de trabalhar pela maior divulgação da nossa música popular, essa música feiticeira e multiforme.
“_ … Eu quando me sento ao piano, é como se fosse bater um papo com um amigo. “
Lutou bravamente pela dignidade do artista e pela regulamentação dos Direitos Autorais.
No esporte, era apaixonado por futebol, tornou Narrador Esportivo, criando a “famosa gaitinha do Ary” que tocava com fervor na comemoração de um gol, escrevia uma coluna diária sobre as coisas do futebol no “O Jornal”.
Na Televisão, levou para este veículo toda a experiência adquirida ao longo de uma vida de muita luta e criatividade. Seu programa de maior sucesso se chamava “Encontro com Ary”, onde contava suas histórias e tocava seu piano.
Como político, em 1946, foi eleito vereador e conseguiu viabilizar a construção do Estádio do Maracanã.
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“_ ..Eu tenho uma mocidade eterna dentro de mim ! …
“_ Estes cabelos grisalhos que vocês estão vendo é sinal de luta “mesmo “, pela
subsistência da vida “.
“_ Quero morrer senhor dos meus sentidos, capaz de reconhecer os que me cercam. Após, esse pequeno resumo, o qual, não consigo falar de toda riqueza e as façanhas desse Artista, como repito, Multimidia. Vou contar um pouco como fazemos para que o Ary Barroso não caia em esquecimento.
Eu 1966, minha mãe, Mariúza Barroso, durante uma viagem pela Europa, observou a grande importância que tinha seu Pai, por ser um músico muito conhecido e executado tanto nas rádios, quanto nos filmes nas casas de shows e até mesmo pelas bandas típicas de Rua. A partir disso, quando voltou ao Brasil começou a organizar a vida artística do pai, iniciando a criação do acervo do Ary Barroso, com cerca de 400 discos (78rpm, Lps, Compact discos), Fotos com artista do mundo todo, caricaturas, Partituras, revista, jornais, livros, CDS, DVDS Troféus, Homenagens, Comendas e por ae vai…. Há o diploma de indicação ao Oscar.
Com o chegar da idade, maior, da minha Mãe, em 2010, comecei a assumir, o papel que era o dela, e, para isso, Fundei a “Editora Aquarela do Brasil” nome dado por ser a música Brasileira, mais emblemática do Brasil, depois do Hino Nacional. Eu, Marcio Barroso, sou Dentista e neto do Multimidia Ary Barroso, atualmente sou o responsável por manter Viva a sua Imagem, carreira artística e as suas músicas.
Dando continuidade ao trabalho, de minha mãe, comecei a aprimorar o acervo do Vovô catalogando as fotos, os discos, partituras, os escritos do Vovô, as pautas musicais, de próprio punho, os livros que se referem a ele …Músicas Inéditas. Para que possa, mais facilmente, ficar acessível à pesquisadores, estudantes, historiadores, produtores, como também organizei o catálogo musical, em torno de 550 composições e os devidos registros no ECAD, onde aparece composições com grandes parceiros, como Lamartine Babo, Luiz Peixoto, Alcyr Pires Vermelho, Noel Rosa, Vinicius de Moraes e muitos outros.
Atualmente, trabalho na conservação da memória do meu Avô, Ary Barroso, divulgando suas músicas, imagens e feitos através de autorizações de licenciamento de uso de imagens em livros, músicas em mídias físicas, streamings, participando de entrevista em programa de rádio, televisão, filmes, documentários…
Geralmente, não trabalho na produção dos eventos, mas dou todo o suporte, me envolvo na parte de pré-produção, viabilizando acesso ao acervo para pesquisa e orientando o que for necessário para o sucesso do evento. Dentre os eventos viabilizados cito abaixo alguns: a realização, em 2003, do Centenário do Ary Barroso, com apresentações de orquestras, cantores, bandas, em salas de teatro, nas praças públicas, por todo o Brasil, com divulgação nas TVs, rádios e internet, Momento Glorioso. Presença do Presidente, interino Show com Elza Soares, Marilia Pera e Orquestra Sinfônica Nacional.
O lançamento, em 2013, com muita alegria, do Box do Ary Barroso, com 316 gravações de 1928 até 2006, em 20 CDs, pesquisa feito pelo Brilhante Omar Jubran, com apoio do MIS, gestão André Sturm.
A peça teatral e o CD “Aquarelas do Ary”, com o Núcleo Informal de Teatro, a peça teatral, “Ary Barroso – Do Princípio ao Fim”, com direção e atuação de Diogo Vilela.
Apresentação de dança com o Grupo Ballet Stagium em “O Canto da Minha Terra” revisita vida e obra de Ary Barroso Abertura e encerramento da Olimpíada de 2016, o documentário “Ele Era Assim: Ary Barroso”, que está no streaming da Globoplay, pela Diretora Angela Zoe. No, Rio Montreux Jazz Festival, o palco principal levou o Nome de Ary Barroso. Como eventos futuros: Teremos o Lançamento de um Longa-metragem sobre Ary, direção de Andre Weller Inclusão da música No Rancho Fundo, na série “As Aventuras de José e Durval” Um projeto para divulgação das músicas inéditas, com cd e shows Exposições de Caricatura Shows Novos Projetos são sempre bem-vindos, principalmente em memória do Grande Compositor Ary Barroso.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação