Chico Vartulli – Olá, Pedro! Qual é a tese central do livro de sua autoria, Rio de Janeiro – A Urbe Oitocentista?
Pedro Henrique – Descrição da cidade, sua arquitetura civil e religiosa, suas belezas naturais, seus logradouros, suas mazelas, tais como a falta de saneamento e forte presença de escravizados, bem como se divertiam e se trajavam os seus habitantes.
Chico Vartulli – Quais foram as fontes principais que você utilizou para embasar os seus argumentos?
Pedro Henrique – São relatos de viajantes estrangeiros que visitaram a cidade ao longo do século XIX. E os nomes são os mais variados e vão do pintor Debret ao naturalista Charles Darwin, por exemplo.
Chico Vartulli – Como era a cidade do Rio de Janeiro no século XIX?
Pedro Henrique – Uma cidade linda, mas com seus problemas urbanos. Diria que é uma velha senhora muito maltratada, mas sempre bonita.
Chico Vartulli – Quais são as continuidades e rupturas que você observa daquela cidade de outrora com a dos dias atuais?
Pedro Henrique – Custo de vida alto, trânsito complicado, uma urbe muito barulhenta com suas desigualdades sociais.
Chico Vartulli – Qual é a importância da Igreja da Candelária para a cidade?
Pedro Henrique – Foi uma das poucas que teve a sua arquitetura elogiada pelos viajantes. Além de representar um marco de resistência à sanha de gestores públicos que insistem em destruir coisas belas. A mesma sorte não teve a Igreja de São Pedro dos Clérigos quando da abertura da Avenida Presidente Vargas, que foi outro bota-abaixo.

Chico Vartulli – Qual é a historiografia com a qual você estabelece diálogo e quais os avanços da sua pesquisa com relação a essa mesma historiografia?
Pedro Henrique – Privilegiei os relatos de viajantes por constituírem importante fonte primária para a historiografia. Uma visão de fora sempre destaca coisas que passam despercebidas pelos habitantes que as consideram banais, mas utilizei também fontes secundárias produzidas por importantes historiadores da cidade, como Gastão Cruls, Eduardo Tourinho e Francisco Agenor de Noronha Santos.
Chico Vartulli – Por que os estudos sobre a cidade do Rio de Janeiro lhe interessam?
Pedro Henrique – Porque sou apaixonado pela cidade que adotei e fui adotado por ela, radicando-me aqui desde 1982, há 43 anos, portanto.
Chico Vartulli – Quais são os seus projetos futuros?
Pedro Henrique – Estou num projeto coletivo sobre a iconografia da cidade no século XIX, que é muito rica, sendo, depois de Paris, a urbe mais iconografada do mundo naquele período.
Fotos : Arquivo pessoal/Divulgação