A concepção e adaptação são de Hélio Bejani e Jorge Teixeira, a partir de Marius Petipa e Lev Ivanov. O balé é encenado em quatro atos.
Reafirmamos a importância de o espetáculo de balé ser acompanhado por uma orquestra, no caso a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ), sob a regência de Javier Logioia Orbe. Este último comandou com pulso rígido o conjunto de músicos, nos brindando assim com a música de pura emoção, de incrível beleza, composta pelo inspirado e genial Tchaikovsky. Portanto, excelente o casamento da orquestra com o corpo de baile.
Lago dos Cisnes narra a história do príncipe Siegfried, interpretado por Cícero Gomes, e da jovem Odette, interpretada por Juliana Valadão. Esta é uma princesa nascida em berço de ouro, transformada pelo bruxo Von Rothbart — interpretado por Edifranc Alves — em cisne, assumindo a forma humana somente algumas horas durante a noite. Conta a lenda que o lago, habitado pelos cisnes, foi formado pelas lágrimas de suas mães. Odette se libertará do feitiço se um jovem virgem jurar eterna fidelidade a ela, porém se a trair, ela permanecerá cisne para sempre. Siegfried compreende que a bela e triste Odette é o seu grande amor e ela imagina ter encontrado o seu salvador. O casal se apaixona, troca juras de amor e prometem se unir contra o bruxo e sua filha Odille.
Juliana Valadão está impecável, esbanjando técnica e graciosidade em sua dança. Transparece pureza e delicadeza no papel da cisne Odette.
Cícero Gomes faz um Siegfried romântico, um príncipe elegante, apaixonado pela bela Odette. Está tão apaixonado por ela que a consegue ver em Odille, o cisne negro, a filha do bruxo, quase sendo ludibriado.
No segundo ato, no nosso ponto de vista, o ponto alto da apresentação, o bailar dos cisnes brancos, envolve técnica, beleza e emoção. O branco é luz, exala amor, paixão e sentimento verdadeiro.
Odete e Siegfried esbanjam, num momento de extrema felicidade, a capacidade de conciliar a técnica perfeita, com movimentos precisos, e emoção, exalando graciosidade. O lugar do sentimento também transparece na dança do par. Os dois bailarinos realizam pax-de-deux repletos de técnica e romantismo.

Convém sublinhar que Juliana Valadão e Cícero Gomes são primeiros bailarinos da Companhia de balé do TMRJ. Eles são oriundos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (EEDMO-TMRJ), onde receberam a sua formação. Dai toda a importância da Escola para o processo de renovação dos quadros de novos integrantes da Companhia do TMRJ.
O personagem do Bobo da Corte foi feito por Luiz Paulo Martins, de forma magistral, unindo a técnica apurada ao lado cômico, jocoso. Eles se apresentou de forma divertida, empolgante, e vibrante.
Edifranc Alves faz um bruxo Von Rothbart malvado, astuto e ardiloso que transformou as jovens moças em cisnes, para que somente sua filha Odille, o cisne negro, consiga se casar com o príncipe. Mas, a sua farsa, foi descoberta. O preto significa trevas, escuridão, mentira, perversidade.
O corpo de bailarinos que integram o elenco exibe versatilidade e competência em danças de caráter folclórica, sobretudo no terceiro ato, quando são apresentadas danças espanholas, napolitana, húngara, mazurka, entre outras, e sutileza no bailar dos cisnes brancos. Todos dançam o balé de maneira impecável.
A riqueza e o bom gosto dos figurinos e cenários também é algo a ser destacado. São bonitos, de bom gosto, e adequados.
A iluminação criada por Paulo Ornellas é bonita, e adequada ás diversas cenas do espetáculo. Nada de efeitos sofisticados.
E, para finalizar, sublinhamos que, nos quatro atos, podemos perceber a mão firme dos diretores artísticos, Helio Bejani, e Jorge Teixeira, que conduzem com maestria o espetáculo que mescla técnica e emoção, e enlaça juventude e experiencia para nos proporcionar essa belezura de montagem.
Excelente produção de balé!
Texto de Alex Gonçalves Varela.