O Grupo Corpo, com sede em Belo Horizonte–MG, está no Rio de Janeiro para completar 50 anos de trajetória. E nos apresenta duas de suas obras-primas, uma inédita, e a outra já exibida em outras oportunidades.
O programa faz uma junção perfeita, uma vez que une duas obras de notável qualidade. Primeiro, a explosão de alegria do sertão, com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, em Parabelo, que divide o palco com a dança da força das águas, envolvente e emocionante, embalados pela música de Clarice Assad, em Piracema.
São obras de qualidade e dignas de aplausos. Elas ganham relevância e potência pela força das trilhas compostas, de forma que os demais elementos se encaixam de forma harmônica e equilibrada. Os bailarinos estão perfeitos, muito bem ensaiados e coreografados, vestindo figurinos de malha que facilitam a movimentação e a expressão, em cenários bonitos e boa iluminação que destacam cada movimento.
O coreógrafo Rodrigo Pederneiras tem o seu trabalho marcado pela musicalidade. Sua capacidade de transformar sonoridades num complexo pensamento coreográfico é algo mais do que evidente. Na apresentação das duas obras, Rodrigo encontra caminhos sonoros de diferentes possibilidades.
Parabelo, produção do ano de 1997, é uma celebração do nordeste, com forró, xaxado, baião e outros ritmos nordestinos. A cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras expõe faces feitas de barro e, num segundo momento, fotos de ex-votos e do cotidiano das famílias nordestinas. Os figurinos de Freusa Zechmeister no início apresentam tons escuros. Num segundo momento, tons claros e vibrantes. A iluminação criada por Paulo Pederneiras é boa, adequada e utiliza diversas tonalidades. A trilha sonora de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik é musicalmente rica e popular. As Coreografias de Rodrigo Pederneiras criativas, danças populares e muito requebro e remelexo, deixando transparecer o filho do chão rachado. Clima do nordeste!
O momento mais aguardado da noite foi a estreia de Piracema. O espetáculo é resultado de uma trilha sonora complexa, e apresenta uma musicalidade notável, em que sobressai a parte tribal e a parte tecnológica, além da belezura dos sons da natureza, criada por Clarice Assad, e da coreografia criada por Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches, potente, criativa, bem solucionada, relacionando fenômeno da natureza e dança. A força do conjunto fica nítida na atuação dos bailarinos. Há intensos e pulsantes movimentos de pernas, ombros e muitos giros. Os figurinos criados por Susana Bastos e Marcelo Alvarenga acompanham os momentos da música, iniciando com cores terrosas; num segundo momento, predomina o tom azul-escuro; e, por fim, os tons prata e cinza. A cenografia de Paulo Pederneiras é criativa e original, com suas tampas de latas de sardinha, criando um visual ímpar. A iluminação de Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras é boa, apresenta variedade de tons e reflete sobre os figurinos e cenografia, produzindo um interessante efeito. Conjunto impecável! Portanto, uma apresentação notável e digna de aplausos.
Excelente e Imperdível produção de dança!


