Chico Vartulli – Carlos, como se deu a sua ida para a Europa?
Carlos Motta – Fiz uma exposição no Brasil e vim para Portugal divulgar e apresentar esta exposição, já que sua temática era baseada no Norte de Portugal. Pouco tempo depois, me mudei com a família, já que possuía a dupla cidadania, tornando-se um processo mais fácil.
Chico Vartulli – Você é além de um artista plástico, um arquiteto bem-conceituado no Brasil, você sente diferença em relação às suas profissões?
Carlos Motta – Apesar de serem profissões diferentes, ambas têm muito em comum ao possuírem a criação, seja no design, na concepção de um projeto, a arte está sempre presente. Acredito que a arte não só está na arquitetura como em muitas outras profissões e a arte não possui fronteiras.
Chico Vartulli – Que dica você daria para quem pretende morar fora do Brasil?
Carlos Motta – A dica é que pense bastante, faça pesquisas, digo em vários aspectos, países, cidades, clima, custo de vida, segurança dentre outros fatores não menos importantes.
Planejamento é fundamental. Se for possível ir antes ao local pretendido, se certificar de que seja realmente isso o que busca, isso ajuda muito, já que toda imigração necessita de muitas adaptações.
Chico Vartulli – Além de Portugal, morou em outro país?
Carlos Motta – Não.
Morei sempre no Brasil, mas sempre viajei muito e confesso, viajar, conhecer novas culturas, lugares, sua gastronomia, dentre outros quesitos. Adoro poder estar em outros lugares, e nisso, morar na Europa facilita. Como um sagitariano raiz, não fujo a regra.
Chico Vartulli – Como é seu relacionamento com os portugueses?
Carlos Motta – Sou descendente, convivi minha vida inteira com portugueses.
Nossa relação sempre foi a melhor possível. Aqui não é muito diferente, tem que ter empatia, respeito, ter consciência de que não é seu país de origem. Pode haver alguns percalços, mas sendo cordial, como um bom brasileiro sabe ser, já é um ponto forte para um bom viver e conviver.
Chico Vartulli – Encontrou muita dificuldade quando chegou?
Carlos Motta – Não, embora tenha me mudado em pleno inverno, para um carioca é meio complicado, mas logo fui me adaptando e hoje, amo muito o frio daqui. Gradualmente fui entrando no modo europeu de ser, pois se vives por aqui, precisa aprender e gostar, e com o tempo você se adapta, digo hoje, adoro viver por aqui.
Chico Vartulli – O brasileiro é bem-visto quando está trabalhando em outro país?
Carlos Motta – Sim.
O fator trabalho é um dos aspectos que acho super importante avaliar, quando se decide imigrar, porém, depende muito do que você busca alcançar. Em 2016, decidi trocar a arquitetura e me dedicar às artes visuais, coisa que fiz a minha vida inteira, porém sem me dedicar na totalidade. Hoje meu trabalho é totalmente dedicado a fazer arte, literalmente.
Tenho meu trabalho aqui, reconhecido e continuo cada vez mais a buscar novos desafios.
Chico Vartulli – Quais são os seus projetos futuros?
Carlos Motta – No dia 09 de agosto, inaugurei uma exposição no Porto, no CC Bombarda, que fica patente até 04 de setembro. Participo em setembro de uma exposição coletiva no MEAM, em Barcelona. Estou buscando patrocínio para meu novo projeto, uma exposição intitulada MarEu, e assim sigo na busca de novas oportunidades e
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação
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