A National Gallery de Londres finalmente colocou em exposição a última pintura conhecida de autoria de Caravaggio, depois de 20 anos guardada. “O Martírio de Santa Úrsula” é o título da pintura documentada mais próxima da data da morte do artista Michelangelo Merisi — ou, simplesmente, Caravaggio (1571-1610). Essa é uma obra impressionante que combina realismo e emoção numa composição dramática, que representa o momento em que Santa Úrsula e os seus companheiros são massacrados pelos hunos no século IV.
Inicialmente atribuída aos aprendizes do estilo caravaggesco, a obra só foi apontada como sendo dele nos anos 1980, depois que cartas preservadas em Nápoles, e datadas de maio de 1610, revelaram que fora encomendada a Caravaggio por Marcantonio Doria (1572-1651), então príncipe de Angri. Mais tarde, a autoria foi reforçada pelo achado de inscrições no verso do quadro: a assinatura póstuma d. Michel Angelo da/Caravaggio 1616 e as iniciais M.A.D., adornadas por uma cruz, escritas após a morte do dono, em 1651, reforçando a encomenda do nobre ao pintor.

A exposição da National Gallery intitulada “The Last Caravaggio” (O último Caravaggio), lança uma luz sobre o tempestuoso artista italiano, que se encontrava em fuga e era acusado de homicídio na altura em que pintou a sua última obra. Porém, o que mais tem chamado atenção na mostra, é um possível registro da face do mestre italiano em sua última pintura: um autorretrato não declarado. Não é total surpresa… Caravaggio costumava se representar de maneira trágica nas próprias obras e os especialistas acreditam que ele deixou o registro de sua face dilacerada depois de uma briga que o artista teve em uma taverna.
Enquanto isso, no streaming, a série “Ripley”, uma adaptação do romance “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, que já tem versões famosas em filmes, relembra o fascínio e a admiração do psicopata frio Tom Ripley com o trabalho mestre italiano Caravaggio.
A exposição “The Last Caravaggio” fica em cartaz até 21 de julho de 2024 na National Gallery em Londres, com entrada gratuita.
Texto: Rodolfo Abreu (@rodolfoabreu)
Imagens: Divulgação