Chico Vartulli – Quando devemos nos preocupar com a dor lombar?
Roberto Duprat – A dor lombar é extremamente comum, mas nem toda dor é sinal de algo grave. Deve-se investigar com mais atenção quando há:
•Dor persistente por mais de 4 a 6 semanas;
•Dor irradiando para as pernas (em “choque” ou “corrente elétrica”);
•Formigamento, fraqueza ou perda de sensibilidade;
•Alterações urinárias ou intestinais;
•Dor noturna que desperta o paciente;
•Histórico de trauma, câncer, febre ou perda de peso inexplicada.
Nesses casos, o ideal é avaliar com um neurocirurgião e realizar exames de imagem como ressonância magnética ou tomografia.
Chico Vartulli – Quais os procedimentos possíveis para reduzir ou eliminar a dor?
Roberto Duprat – O tratamento é escalonado, indo do menos ao mais invasivo. Existe o tratamento conservador com analgésicos e anti-inflamatórios sob orientação médica, fisioterapia com foco em fortalecimento e reeducação postural e Infiltrações (bloqueios facetários ou epidurais) em casos específicos.
Há também as intervenções minimamente invasivas como radiofrequência das facetas, discectomia endoscópica e artroplastia ou fusão segmentar quando há instabilidade.
E a cirurgia tradicional, indicada apenas quando há falha do tratamento clínico ou compressão neurológica relevante.
Chico Vartulli – Como identificar que essa dor lombar é causada por uma hérnia de disco?
Roberto Duprat – Os principais sinais incluem dor irradiada para o membro inferior (ciatalgia), formigamento ou dormência, perda de força e dificuldade para permanecer sentado ou levantar-se.
O diagnóstico definitivo é feito com ressonância magnética, que mostra o deslocamento do disco comprimindo a raiz nervosa.
Chico Vartulli – A operação não é sempre necessária?
A maioria dos casos melhora com tratamento conservador. A cirurgia é reservada para situações em que há déficit motor, dor incapacitante persistente ou compressão severa de nervos.
Chico Vartulli – Quais as vantagens da cirurgia minimamente invasiva?
Roberto Duprat – A cirurgia minimamente invasiva da coluna utiliza pequenos acessos (geralmente 1–2 cm), com auxílio de microscópio ou endoscópio. As vantagens é que ela gera menor trauma muscular e sangramento, menor dor pós-operatória, alta hospitalar precoce (muitas vezes no mesmo dia) e retorno mais rápido às atividades.

Chico Vartulli – Existe uma operação “definitiva” para recuperação da lombar?
Roberto Duprat – Não existe uma cirurgia universal e definitiva. O sucesso depende de identificar corretamente a causa da dor: hérnia, artrose, instabilidade, deformidade etc. Quando a indicação é precisa e o pós-operatório é seguido corretamente, o resultado costuma ser duradouro — mas a coluna exige manutenção preventiva (exercícios, peso adequado, postura).
Chico Vartulli – Substituição de disco: até onde vai?
Roberto Duprat – A artroplastia de disco (substituição por disco mecânico) é amplamente usada na coluna cervical e, em casos selecionados, na lombar alta (L4–L5, L5–S1). Entretanto, não é indicada em todas as partes da coluna: depende da anatomia, da estabilidade e do tipo de degeneração.
Chico Vartulli – No pós-operatório existem restrições?
Roberto Duprat – Após a cirurgia, o paciente deve evitar esforços, flexões e cargas por 4–6 semanas; Caminhadas leves são estimuladas precocemente; Retorno progressivo às atividades sob orientação médica e fisioterápica e uso de cinta pode ser recomendado temporariamente.
Alguns exercícios são permitidos e outro devem ser evitados. Após a reabilitação os indicados são pilates, hidroginástica, fortalecimento de core (abdome e paravertebrais) e alongamentos. E deve-se evitar: levantamento de peso excessivo, agachamentos profundos sem orientação, impacto intenso e movimentos de torção brusca. O ideal é treinar com acompanhamento especializado, respeitando os limites individuais.
Chico Vartulli – Existe uma forma de prevenção de problemas lombares?
Roberto Duprat – Há várias formas de prevenção. A principal é o fortalecimento da musculatura abdominal e paravertebral. Também é importante manter o peso corporal adequado, observar a ergonomia no trabalho, evitar longos períodos sentado sem pausa. Se tiver que levantar objetos pensar sempre em dobrar os joelhos, não a coluna). E manter um sono adequado e colchão de suporte médio.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação



