Na obra literária, que foi adaptada para os palcos, há um narrador interpretado no espetáculo por Daniel Del Sarto.
O narrador informa que quando menino desejava ser um pintor. Desenhou uma jiboia engolindo um elefante, e apresentou para os adultos. Contudo, ele desistiu da carreira porque ficou frustrado. Ninguém entendeu a sua criação.
Quando cresce, aprende a pilotar aviões. Se tornou um piloto. Durante um voo, ocorre uma pane em seu avião no deserto do Saara. Ao acordar, depois do acidente, se depara com uma criança, um menino com cabelos de ouro e um cachecol amarelo. O piloto faz amizade com o “Pequeno Príncipe”, interpretado por Rick Fróes. Os dois são os protagonistas da história.
O menino pediu para que o piloto desenhasse um cordeiro numa folha de papel. O aviador era frustrado em relação aos seus desenhos, pois nunca ninguém conseguia interpretar as suas artes da forma correta. Mas, já que lhe foi solicitado, insistiu!
O Pequeno Príncipe não gostou muito do resultado. Então, o aviador desenhou uma caixa, afirmando que dentro dela vivia o carneiro que ele tinha pedido para desenhar.
Conforme a história passa, o aviador descobre que o menino vive no asteroide B-612. Lá há apenas uma rosa, interpretada por Luana Mallet, que é objeto do amor do Pequeno Príncipe. No asteroide tem também três vulcões (sendo um deles extinto). O jovem estaria a procura de um carneiro para comer as árvores, os baobás, que estariam crescendo em excesso em sua terra.
O menino ficou muito amigo da raposa, que aparece na narrativa de forma espontânea. Ela lhe dá bons ensinamentos. É sabedoria! E lhe diz uma frase muito significativa: “O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração.”

Em sua viagem pelo universo, o Pequeno Príncipe conheceu diferentes lugares, tipos, e seres. Conheceu a serpente, a rainha, o bêbado, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo, o astrônomo, o vaidoso, a florzinha insignificante, o guarda ferroviário, o vendedor de pílulas, entre outros. As viagens pelos planetas permitiram que o Pequeno Príncipe aprendesse um pouco mais sobre a vida fora do seu território.
O texto passa uma mensagem que exala amor, carinho, afetividade, gentileza, amizade, criação de laços, entre outros sentimentos que devem fazer parte das relações humanas.
O narrador e o Pequeno Príncipe têm uma performance de boa qualidade. Eles estão em sintonia e apresentam um bom entrosamento. Dominam o texto e o palco. Passam a mensagem do texto com clareza, numa linguagem simples, de fácil compreensão, de forma poética e sensível.
Os demais integrantes do elenco, no geral, apresentam boas interpretações, contribuindo para manter a qualidade da apresentação. Destaco, por exemplo, a rainha, interpretada por Organzza, e a serpente, interpretada por Bernadette Mallet.
Complementam o elenco com boas e pontuais participações o Coral Infanto-juvenil da UFRJ, sob a regência de Maria José Chevitarese e Juliana Melleiro; e o Ballet Infanto-juvenil Spinelli Escola de Dança e Produções Artísticas, com coreografia de Fernanda Rocha e Elisabete Spinelli.
O cenário é adequado ao espetáculo. Ele é constituído por um avião, modelo 14-Bis, que aparece na parte frontal superior do palco. No centro aparece o maestro e o conjunto dos músicos. E, na parte traseira, aparece o asteroide B-612, local onde o Pequeno Príncipe vivia. Durante o espetáculo há projeções de imagens.
Os figurinos dos personagens criados por Luana Mallet são bem idealizados, criativos, e de bom gosto. São adequados aos personagens. Gostamos em particular do figurino da serpente.
A música original, a direção artística e a regência é de Glauco Fernandes, que dá um bom ritmo ao musical, deixando a melodia e a poesia ecoar de forma agradável.
O Pequeno Príncipe é um espetáculo para todas as idades, apresenta um bom elenco, e uma orquestra bem regida.
Muito bom espetáculo!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.