Elis Regina foi a maior cantora do Brasil. Reconhecida nacional e internacionalmente, ela conquistou uma legião de fãs. Sua voz é inconfundível e única. Já foram produzidos filmes, enredos de escolas-de-samba, obras biográficas, entre outras produções. Contudo, no âmbito teatral faltava um espetáculo de qualidade que prestasse homenagem à cantora. E Elis, a Musical, preenche esse espaço em branco de forma memorável.
O texto é de autoria de Nelson Motta e Patrícia Andrade. A narrativa do musical busca apresentar os momentos marcantes da trajetória de Elis Regina, entrelaçando as músicas com os momentos da carreira da artista e sua vida pessoal, sem se preocupar com uma sequéncia cronológica dos fatos. Dois momentos são destacados. O primeiro tem como espaço a cidade de Porto Alegre, pois foi “lá nas bandas de lá, no sul do meu país” que a guria nasceu. Sublinha o apoio dos pais de Elis, ainda criança, em incentivar o seu desejo de ser cantora. E, o segundo momento, a cidade do Rio de Janeiro, local onde Elis veio em companhia de seu pai tentar a carreira artística, venceu e se estabeleceu.
O musical sublinha as pessoas que foram importantes para a ascensão da cantora, como Miele, e o parceiro Jair Rodrigues, bem como o coreógrafo Lennie Dale. Sublinha o caráter forte, determinado e perseverante da artista. Seu humor ácido, ficou registrado na sua alcunha de Pimentinha. E, sobretudo, a sua competência, através dos grandes sucessos e shows.
Elis Regina é interpretada por Laila Garin. Sua atuação está impecável. Ela canta, dança e interpreta de forma primorosa. Em cada espetáculo que Laila se apresenta, ela deixa transparecer o crescimento e amadurecimento da sua carreira de atriz. Ela é uma gigante.
Flávio Tolezani, no papel de Ronaldo Boscoli, e Cláudio Lins, no papel de César Camargo Mariano, os dois foram esposos de Elis, atuam de forma consistente e segura. Impecáveis! O primeiro lembra Elis que foram os seus “amigos bêbados” que lhe deram suas canções de sucesso. Por sua vez, o segundo estava preocupado com a vida artística da cantora, trabalhava intensamente para criar seus arrajos musicais. Mas, Elis queria a vida solitária da artista, queria se desfazer de tudo, inclusive de César.
De uma forma geral, todo o elenco está bem ajustado e compacto. Alonso Barros deixou a marca da sua competência ao coreografar de forma primorosa e dar uma bonita movimentação ao conjunto de atores.
Os figurinos de Marília Carneiro têm a marca de uma profissional competente e experiente. São adequados ao contexto dos anos sessenta a oitenta do século vinte.
O mesmo vale para os cenários de Marieta Spada, e a iluminação de Feliciano Malta. A iluminação penetra os cenários e dá um colorido a mais nos mesmos.
A direção é de Dennis Carvalho, que de forma arrojada e competente comanda a produção.
Excelente produção musical! Imperdível!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.