O espetáculo voltado para o público infanto-juvenil é uma idealização de Naira Carneiro, da Cia Os Buriti, que também é a atriz protagonista. Ela assina a direção e a dramaturgia em parceria com Duda Rios.
O texto narra a jornada de Arian, personagem que tem a missão de impedir que o Sol se ponha e nunca mais volte a nascer. Sua função é a de vigiar o Sol, e a sua sina é um desígnio de Deus.
O sol é o nosso “astro-rei”. É ele quem ilumina a Terra. Nós, seres vivos, precisamos dos raios solares para sobreviver. Luz é vida, é conhecimento, é saúde, é alegria.
Se Arian deixar o sol se por, o planeta ficará mergulhado na escuridão, nas trevas. E na penumbra, a vida não floresce. Por exemplo, como os vegetais irão realizar a fotossíntese sem a luz solar? Como iremos nos alimentar? A ausência de luminosidade faz com que os seres vivos adoeçam, fiquem tristes e desolados, solitários, isolados, e passa reinar a ignorância.
Por isso, Arian, um ser de luz, juntamente com a nuvem Caralampia, se empenham na missão de manter o Sol no seu devido espaço: no lugar mais alto do céu, por cima de tudo e de todos. Os “arranha-céus” das grandes cidades são espaços ideais para ele se esconder. Mas, Arian vigia para isso não acontecer.
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Para que o breu não reine, Arian não pode deixar o sol se por. Então, ela pega uma jangada e adentra o mar com a ideia de remar sempre em direção ao astro, uma vez que no imenso oceano azul, o Sol não tem onde se esconder.
O texto deixa transparecer o seu caráter lúdico. Exala poesia e lirismo. É claro, simples e objetivo. A mensagem é facilmente compreendida. É uma viagem pela imaginação, uma história que para compreendermos devemos deixar nossa mente vagar.
E não podemos deixar de sublinhar que Arian é a inversão do nome Naira, da atriz. Realidade e sonho.
Ainda que o texto tenha uma mensagem de fácil compreensão, não é sinônimo de “infantilóide”. Ele apresenta uma mensagem e uma reflexão importante. Vamos cuidar do sol! Nós precisamos dele! Vamos vigiar e mantê-lo em equilíbrio constante!
A atriz desempenha bem o papel de Arian. Ela domina o texto e o palco. Sabe transmitir a mensagem e apresenta uma boa interpretação. A sua Arian é cuidadosa, vigilante, atenta, pois ela é uma heroína.
O figurino criado por Eliana Carneiro apresenta um macacão em tom vermelho e uma capa presa as costas em azul. Lembra uma heroína. É de bom gosto, bonito, e adequado.
O cenário idealizado por Marcelo Larrea e Ianara Elisa é constituído por um imenso pano branco que cobre todo o palco. Ao pano estão presas cordas que dão movimentação ao mesmo e formam imagens, como nuvem, jangada, manto divino, mar, estrelas, entre outros. O cenário é bastante criativo, sobretudo por não ser algo estático, e apresentar movimentação. Arian interage o tempo todo com o cenário.
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Cenário e figurino são produções do pai e da mãe da atriz. Uma peça produzida em família!
A iluminação é de Felipe Medeiros, qie apresenta uma luz bonita, que também interage com o cenário. Bastante interessante é o momento em que a atriz está por trás do pano e a luz ao refletir no mesmo, projeta a sombra de Arian.
A trilha musical composta por Beto Lemos apresenta bonitas canções, com uma doce melodia, e agradável aos ouvidos.
E Arian nos conquistou! Deixamos o teatro felizes da vida porque o sol não repousou. Ele permanecerá lá em cima, lindo como ele só, irradiando as “luzes”.
Excelente produção cultural infanto-juvenil!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.