“Arqueologia da criação – uma imersão no acervo-atelier de Rossini Perez”, livro que
será lançado no próximo dia 19 de abril, em Natal, nasce do encontro entre a curadora
Sabrina Moura e o artista visual Rossini Perez (1931-2020) ocorrido em 2017, no Rio de
Janeiro. Sabrina buscava informações sobre a Bienal de Dacar (Senegal), e Rossini, que
tinha participado do evento na década de 1970 e convivido com grandes nomes das
artes daquele período, seria um testemunho importante para sua pesquisa de
doutorado. Mas algo chamou a atenção da pesquisadora: o material que havia no
ateliê do artista era grandioso e merecia um olhar especial. “Eu me envolvi totalmente
com sua obra, mudei minha compreensão da arte, entrando numa imersão total em
tudo que estava ali”, ela conta.
Desse envolvimento com o acervo de Rossini e de uma profunda pesquisa sobre sua
vida e obra, nasce um livro que celebra também o encontro entre dois nordestinos:
Sabrina nasceu em Natal e Rossini em Macaíba, interior do Rio Grande do Norte.
Amplamente ilustrado, “Arqueologia da criação” nos oferece um panorama único das
andanças de Rossini pelo mundo – desde o agreste nordestino, com passagens pela
capital francesa, onde morou e trabalhou, até suas incursões pela cultura do
continente Africano, incluindo Senegal e o deserto do Saara. Sabrina Moura saca do
acervo do artista obras desconhecidas e documentos inéditos; penetra na intimidade
de uma mente fértil e criativa que marcou sua época e a arte mundial. Para ela, a
partir desse mergulho é possível tecer novas conexões capazes de iluminar outras
histórias sobre arte brasileira. É o caso das intersecções de Rossini com João Cabral de
Melo (eles se conheceram em Dacar em meados de 1970, quando o poeta atuava
como embaixador).
Além dos textos de Sabrina, o livro traz um longo depoimento de Rossini nos anos
1990, no qual ele fala de parte significativa de sua infância, de Macaíba, da saúde
frágil, que despertou seu gosto pela leitura, pela música. Recorda seus primeiros
contatos com a obra de artistas como Goya, Velázquez, Murilo. Lembra da mudança,
ainda jovem, para o Rio de Janeiro, de sua passagem por Paris (Rossini teve um ateliê
na Passage du Cheval Blanc), dos doze anos vividos na Europa, de sua estada no
Senegal e do retorno ao Rio, onde passou o resto de seus dias.
O livro também conta com textos de Juliana Maués, Claudia Rocha (do Museu Nacional
de Belas Artes), Maria Luisa Távora (UFRJ) e Hanayrá Negreiros (curadora e
pesquisadora de moda). O texto de orelha é assinado pela artista e grande referência
na área Maria Bonomi, que relata seus encontros e sua relação de amizade com
Rossini.
Hanayrá Negreiros, que sob a perspectiva da moda analisa as imagens dos tecidos e da
indumentária africana produzidas pelo artista, afirma: “No caso da moda mais
tradicional, é interessante perceber como ele olhou para os turbantes, as amarrações
dos tecidos ao corpo, as texturas e os bordados”.
Para Sabrina Moura, a obra de Rossini se encontra hoje entre o reconhecimento de
museus prestigiosos e a falta de representação significativa no mercado da arte. Suas
obras fazem parte das coleções da Pinacoteca de São Paulo, do Museu Nacional de
Belas Artes (Rio de Janeiro), do Museu de Arte Moderna de Nova York, da Bibliothèque
Nationale de France (Paris), entre outros. “Nesse sentido, este livro tem uma
importância que vai além da memória. É o resgate e a valorização desse grande artista
e, junto com ele, de uma parte importante da arte brasileira”.
“Arqueologia da Criação” é ainda um agudo testemunho de Sabrina Moura sobre os
últimos anos de vida de Rossini Perez em seu apartamento que também era acervo e
ateliê, em Copacabana. “Acompanhar um artista na etapa final de sua vida, sem
dúvida, é uma experiência imensa. Não só pelo significado da partida, da morte, mas
também pelo impulso de continuidade ante a finitude”, afirma a pesquisadora.
O livro marca a parceira da Vasto Edições, capitaneada pela pesquisadora e curadora
Sabrina Moura, e da Editora Mireveja, com sede em Bauru (SP).
Sobre Rossini Perez
(Macaíba, 1931-Rio de Janeiro, 2020)
Artista brasileiro cuja obra tornou-se célebre pela gravura em metal, seu trabalho,
entretanto, é marcado por experimentações em múltiplas linguagens, como a
fotografia, a colagem, o desenho e a arte têxtil. Sua iniciação nas artes visuais
aconteceu nos anos 1940. Ao longo desse processo, foi orientado por Oswaldo Goeldi,
Iberê Camargo e Fayga Ostrower. No início dos anos 1960, instalou-se em Paris, onde
frequentou o ateliê do artista franco-alemão Johnny Friedlaender e conviveu também
com outros artistas brasileiros sediados na capital francesa, como Arthur Luiz Piza,
Sérgio Camargo, Antônio Bandeira, Frans Krajcberg. Entre 1962 e 1963, estudou
gravura na Rijksakademie de Amsterdam. Ao retornar ao Brasil, em meados dos anos
1970, reabriu a oficina de gravura do Departamento de Artes da Universidade de
Brasília (UnB), fechada desde o AI-5 (1968). Fixou-se no Rio de Janeiro e passou a
fotografar monumentos, construções, detalhes de arquitetura e espaços públicos da
cidade, em franca transformação. Nos anos 2010, mudou-se para Copacabana, onde
seguiu produzindo e revisitando os diversos materiais de seu acervo.
Sobre a autora, Sabrina Moura
Curadora, pesquisadora e escritora. Em 2019, foi curadora da mostra “Nome Próprio”,
no Centro de Artes Municipal Hélio Oiticica (Rio de Janeiro), no quadro do programa
Coincidências, da fundação suíça Pro Helvetia. Concebeu e organizou seminários e
programas públicos apresentados por várias instituições, incluindo Associação Cultural
Videobrasil, Sesc São Paulo, Instituto Goethe e Fórum Bienal Mundial. Foi
pesquisadora visitante do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Columbia,
nos Estados Unidos, com uma bolsa da Fundação Getty, Los Angeles, em 2016. Editou
o livro “Panoramas do sul: perspectivas para outras geografias do pensamento” (Sesc
Videobrasil, 2015), que apresenta contribuições culturais e artísticas sobre o conceito
de sul global. É doutora em História da Arte pela Unicamp e tem mestrado em História
e Estética (Universidade Paris VIII, 2011) e em Gestão e Condução de Projetos Culturais
(Universidade Paris III Sorbonne Nouvelle, 2010). Atualmente, finaliza um livro sobre
as relações entre arte e políticas da identidade na produção artística contemporânea.
“Arqueologia da criação – uma imersão no acervo-atelier de Rossini Perez” será lançado
no dia 19 de abril, a partir das 17h30, na Pinacoteca Potiguar – Praça Sete de Setembro,
s/n, Cidade Alta, Natal. Na ocasião será realizada uma apresentação do recém-criado
Instituto Rossini Perez, além de uma roda de conversa com Sabrina Moura (curadora e
organizadora do livro), Marisa Pires Rodrigues(museóloga e curadora da Coleção Rossini
Perez – Sala Hermano José/Universidade Federal da Paraíba) e Manoel Onofre Neto
(promotor de Justiça e colecionador).
O livro está com desconto especial de pré-venda até o dia 19 de abril – de R$ 112 por
R$ 89,50 – somente no site da Editora Mireveja: www.editoramireveja.com
O livro será lançado futuramente em São Paulo e Rio de Janeiro, com datas a confirmar.
Arqueologia da criação – uma imersão no acervo-atelier de Rossini Perez
Organização: Sabrina Moura
Projeto gráfico: Frederico Floeter
Vasto Edições – Editora Mireveja
240 páginas • colorido
15,6 x 23 cm • 1a edição, 2023
ISBN 978-85-93921-01-8
Contato para entrevistas
Sabrina Moura
11 94587-8383
Editora Mireveja
João Correia Filho
14 99148 0190