”Aduana” Individual de Alexandre Murucci tem curadoria de Denilson Baniwa e aborda questões ligadas ao patrimônio natural do Brasil A importância dos povos nativos, as ameaças enfrentadas pela Floresta Amazônica e o panorama sociopolítico num arco histórico são suscitados em “Aduana”, individual inédita que o artista Alexandre Murucci exibe no Centro Cultural Correios RJ, a partir do dia 13 de março. Utilizando mídias e suportes diversos, ele aborda questões relacionadas ao patrimônio natural do Brasil, com curadoria de Denilson Baniwa – um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos, indígena do Amazonas e um dos curadores do Pavilhão do Brasil na 60ª Bienal de Veneza deste ano.
“Aduana” – instalação que dá nome à exposição, consiste em um tronco de grandes dimensões “flutuando” no ar, imenso flutuando no ar, diagramado em ”raio X” (que simula a árvore ainda
com vida, com flores e folhas, veios à mostra) falando sobre o processo de espoliação das riquezas brasileiras, das mazelas da colonização até o momento atual, quando manter o ritmo de agressão a natureza e aos povos originários, não apenas atinge a floresta, mas põe em risco a sobrevivência do planeta, examinando as complexidades da região e sua relação com a realidade geopolítica contemporânea.
“Assistimos ao saque de nossa biodiversidade e a contaminação da Amazônia pelo garimpo, pelas drogas e por fundamentalismos que insistem em destruir crenças e saberes milenares, em descasos que escorrem por aduanas diversas, ilegais ou institucionais”, diz Murucci
Exposição ocupa 530m² no terceiro andar ocupando 530m², são apresentados 23 trabalhos, entre assemblages, esculturas, objetos e fotografias. Vão desde obras com posicionamento político a peças poéticas que citam acontecimentos, escolhas, vivências e dores, sempre por meio de uma abordagem conceitual. Como, por exemplo, “Herzog”, sobre a gênese das escolhas erráticas no desenvolvimento, e “Agenda”, que começa na fundação do país. Entre os trabalhos mais suaves, estão “A Floresta Azul”, cujo questionamento central insinua que a floresta é azul em virtude da vida que exala no ar, e a escultura “A Lenda do Menino da Lua de Sumaúma”, que faz referência à morte e à desolação, na citação sobre um garoto Yanomami morto pelo garimpo.
Há outras de aspectos holísticos: em ”Prece”, um cristal pousa sobre a floresta, também lembrando que a água depende de biomas em equilíbrio para preservar a vida, contrastando com a dor de ”Seis Escritas Tupinambás sob Manto Ocidental” ou ”Escambo”, sobre o massacre dos povos originários perpetrados pela colonização.
Seja através de uma abordagem crítica e incisiva acerca do passado de ocaso e projetos fracassados que marcaram a história da maior floresta tropical do mundo, seja através de um olhar menos ácido, que descortina uma visão panorâmica do passado e do presente da região e do Brasil, Alexandre Murucci convida o público a embarcar num percurso labiríntico que abrange aspectos sociais, políticos e culturais desse território que se destaca pelo fascínio que desperta em todos os seres que compartilham este planeta.
Serviço:
“Aduana”
Abertura: 13 de março, quarta, das 16h às 19h
Visitação: de 14 de março a 20 de abril de 2024
Curadoria: Denilson Baniwa
Centro Cultural Correios RJ
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – RJ 3º andar
Funcionamento: de terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada gratuita
Contato artista: @alexandre.murucci