São quatro décadas dedicadas às artes, em especial ao Teatro. A atriz Lorena da Silva celebra esse importante marco na carreira vivendo a protagonista da peça “A Vida Não é Justa”, contracenando com os veternos Léa Garcia e Emiliano Queiroz. O espetáculo é baseado no livro homônimo de Andrea Pachá, com direção de Tonico Pereira, está rodando o Brasil. Com uma carreira sólida e importantes prêmios conquistados ao longo dos anos, reflexo do trabalho duro e ensaios constantes, Lorena revela que as coincidências estão presentes em sua trajetória, como que um lembrete de que a atriz carrega algumas missões em sua vida.
Em entrevista ao jornalista Rodolfo Abreu, Lorena relembra momentos importantes de sua vida profissional entre o Brasil e a Europa, que mostram o porquê de Lorena da Silva ter se tornado uma das mais importantes atrizes de teatro de nosso país.

Como aconteceu o convite para viver a desembargadora Andrea Pachá na peça “A Vida Não é Justa”?
R: O produtor do espetáculo, Eduardo Barata, me fez o convite. Mas quem me indicou para esse trabalho foi o Tonico Pereira, o diretor. Porque eu comecei fazendo teatro nos anos 80 com o Tonico. Ele e a Bia Lessa dirigiram juntos uma peça que se chamava “Terra dos Meninos Pelados”, de Graciliano Ramos, que estramos no Sesc Tijuca. 40 anos depois eu me reencontro com o Tonico, ele como Diretor, e a gente estreando a peça da Andrea Pachá no Sesc Tijuca.
Então essa peça é uma celebração do meu reencontro com o Tonico. Ele é meu padrinho no teatro. Quando ele me ligou para falar que faria a direção de um texto da Andrea Pachá e me convidou, eu não podia negar. Estava fora do Rio, em Paraty, num workshop de um grupo de uma arte marcial que eu pratico. Tive que deixar o workshop antes do tempo e voltar ao Rio para a primeira leitura da peça na casa do Eduardo Barata. Foi aí que eu descobri que eu faria o papel da Juíza. Li o texto e vi que a personagem da juíza não saía de cena. E o Tonico falou: “você acha que eu ia te chamar pra pouca coisa? Eu vou querer que você decore esse texto”.
Como foram os ensaios, a estreia e como está sendo essa experiência?
R: Só tinhamos três semanas de ensaio. A ideia inicial do Tonico era fazer a peça como se fosse uma novela de rádio, com todos os atores lendo o texto e eu seria a única que teria o texto decorado. O Tonico dirige como o ator que ele é… então ele vai fazendo e ele diz: “gente eu não explico nada, eu faço, mas não é para me imitar”. Quando eu vi, estava todo mundo em cena, todo mundo tendo que decorar o texto. Mas o texto da juíza era maior que de todo mundo porque ela não sai de cena… e são oito audiências na peça. Tive que parar tudo na minha vida para me concentrar nesse trabalho. Fiquei totalmente dedicada. Fizemos uma semana de ensaios abertos, que foi fundamental. A gente aprende muito com a presença do público. Tinha muita empatia, todo mundo se identificava em algum momento com alguma questão, como separação que muita gente passa… e tinha muita empatia com a juíza.
Como é interpretar no palco a juíza, que é uma pessoa da vida real e que está viva?
R: A Andrea Pachá é uma humanista, feminista e tem uma abordagem completamente nova na Justiça. Ela trabalhou durante mais de 20 anos em Vara de Familia. É uma pessoa que eu já admirava. Ela é irmã de um grande amigo da minha juventude, que estudou comigo em Paris, outra coincidência. Eu já tinha lido no teatro Imperator, sob a direção da Joyce Niskier, trechos de “A Vida não é Justa”, logo quando o livro saiu em 2012. Então eu já conhecia os textos e já tinha essa ideia de montar esse texto no teatro. A peça da Niskier acabou não acontecendo, mas teve essa leitura pública no Imperator e a Andrea inclusive estava presente. Então interpretar essa peça agora é uma celebração também por isso.
Formação e os anos na Europa
Lorena da Silva se formou em 1985 na Escola de Teatro da UniRio. Depois de atuar em importantes montagens no Brasil com Bia Lessa, Tonico Pereira e Luiz Antônio Martinez Correia e também fazer trabalhos no cinema, resolveu ir para a Europa. Sua irmã, arquiteta, estava fazendo uma especialização em Roma e costumava chamar Lorena para fazer algo por lá. Lorena chegou em 1988 por Roma, trazendo na bagagem com uma lista de contatos de trabalho que o ator Ricardo Petraglia, com quem tinha feito um filme no Brasil, havia enviado para que pudesse procurar. O primeiro das lista que Lorena foi atrás foi o ator Marcelo Mastroianni. Ligou, mas ele estava em filmagem. Em um outro dia ligou para um Diretor de Fotografia que havia trabalhado com Fellini e outros grandes nomes, Emílio Lari, que a recebeu, levou pra jantar e apresentou um monte de gente. Ficaram muito amigos. Emílio sugeriu que Lorena deveria ir para a França estudar teatro, devido à tradição teatral francesa.
Ao se mudar para Paris, para a casa de um amigo com quem fez teatro na UniRio, Lorena já tinha uma inscrição para uma escola de circo onde vários brasileiros costumavam se inscrever e chegou a fazer aulas de circo e acrobacia. Surgiu então um teste para estágio no conhecido Théâtre Du Solei de um amigo francês de Lorena que não poderia ir, mas que passou a oportunidade para ela. Chegando na audição, a Diretora Ariane Mnouchkine fazia entrevistas com pessoas que viam de vários lugares do mundo, separando-as em pequenos grupos. Como Lorena quase não falava francês na época, resolveu ser mais expressiva, apontando o mapa mundi e o seu coração. Passou no teste para a vaga de estágio, mas só entendeu isso de fato depois que uma amiga brasileira que trabalhava lá ter explicado que ninguém daquele grupo tinha sido selecionado, apenas Lorena.
Durante o estágio os alunos tinham que fazer as improvisações a partir do tema que a Diretora indicava, usando máscaras teatrais que os próprios escolhessem dentro dos figurinos. Lorena pegou uma máscara que representava a face de alguém confuso, que não entendia nada. A improvisação deu muito certo, pois na cena a trajetória da personagem dava tudo errado e as pessoas riam muito. Lorena foi colocada no Gurpo A pela Diretora.
No final do estágio, foi convidada pela Diretora para fazer parte do grupo do Théâtre Du Solei. Conheceu nesse estágio uma psicanalista que trabalhava lá ajudando os atores estrangeiros com a dicção, que precisava de uma pessoa para cuidar das filha, no esquma “jeune fille au paire”, em troca de moradia e alimentação. Lorena assinou o contrato e isso foi muito bom, pois a psicóloga tinha todos os contatos de teatro, ministro da cultura, etc. Era um convivio de gente da psicanálise e das artes o tempo todo na casa dela e Lorena foi apresentada a pessoas muito interessantes nesse período. Depois de um tempo foi fazer aulas de mestrado em Paris 8. Se juntou com os brasileiros que estavam lá e participou de montagens que saíam em turnê pela Europa, já que atuavam como grupo. Perto de 1990, Lorena entrou para o Conservatório Nacional de Arte Dramática de Paris, estudando com os alunos franceses. Participou de uma montagem de “As Troianas”, adaptação de Jean-Paul Sartre, na Opéra Bastille, sob a direção de Dominique Quehec (1991), a primeira peça de Lorena no teatro profissional da França. Na época trabalhava num salão de chá para se manter, mas os horários de ensaios no Conservatório começavam a bater com o horário de trabalho. A Direção ao saber dos desafios de Lorena, a chamou para conversar e ofecereu uma bolsa para que ela pudesse se dedicar totalmente ao teatro. “Eu sou muito grata aos franceses e eu tive muita sorte lá”, lembra Lorena.
O encontro com Alain Ollivier
Lorena participou de outros grupos de teatro, até que conheceu o diretor francês Alain Ollivier, através de Ângela Leite Lopes, que tinha sido professora de Lorena. Alain Ollivier queria montar o “Anjo Negro”. Ele ficou encantado com histórias que tinham contado do Nelson Rodrigues e queria montar uma delas, já que ele, Alain, era um diretor conhecido por montar autores de outros lugares. “Quero ir para o Brasil para entender melhor esse autor e trazer atores para essa montagem”, dizia Olivier.
O encontro de Lorena e Alain rendeu: “Eu fui conhecê-lo e a gente teve uma empatia logo de cara, uma paixão de trabalho – e foi uma relação de trabalho do início ao fim”, relembra Lorena, que acabou trabalhando com Alain por cinco anos. Na ocasião o diretor francês falou que queria ver Lorena em cena numa peça dele. “Não! Eu estou aqui pra te auxiliar”, retrucou a atriz. Ele falou: “eu sou o Diretor e eu posso escolher os atores que quero nas minhas peças”, respondeu taxativo o diretor Alain Ollivier.
Na véspera de Alain ir embora do Brasil, aconteceu algo mágico. Alain queria conhecer um sobrado, pois Nelson sempre falava disso em seus textos. “O levei para o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) pra mostrar uns livros e revistas com uns sobrados”. Mas Lorena repentinamente teve outra idéia: levá-lo para visitar o túmulo e o busto de Nelson Rodrigues no Cemitério São João Batista. E ele falou: Pourquoi pas? (Por que não?), como os franceses gostam de falar. Chegaram no final da tarde, com o Cemitério fechando as portas. Depois de Lorena desenrolar com os seguranças a entrada da dupla nos últimos minutos, dizendo que era importante pois o francês viajaria de volta para a França no dia seguinte, surgiu uma senhora segurando várias sacolas. A idosa pediu que Lorena e Alain olhassem suas coisas enquanto ela “iria ali falar rapidinho com a Leila Diniz e já voltava”. Ela “cuidava dos artistas esquecidos” segundo contava. Depois que a senhora voltou, Lorena perguntou onde ficava o busto de Nelson Rodrigues. “Vem comigo”, respondeu prontamente. Já havia começado a escurecer quando os três chegaram no túmulo e a senhorinha os apresentou: “Nelson, esses são Lorena e Alain”. Para a surpresa de Lorena, a idosa tinha trabalhado na casa da família de Nelson por muitos anos. “Aí começamos a conversar nós quatro – com o Nelson Rodrigues envolvido na conversa – e ela contando histórias da familia”, relembra Lorena arrepiada.
Ao final a senhora falou “Eu só queria que você mandasse um recado para a Janaína Diniz”. Janaína tinha sido aluna de teatro de Lorena. “Eu acabei falando muitos anos depois para a Janaína. E eu nunca consegui contar essa história inteira para ela”, relembra Lorena. “Fale para ela vir visitar a mãe dela aqui”, disse a senhora no cemitério. E a senhora não tinha ideia de que Lorena tinha contato com a filha de Leila Diniz e com a irmã Dandara Guerra (ambas filha de Ruy Guerra). Uma situação totalmente mágica, lembra Lorena: “O Alain, com aqueles olhos azuis totalmente arregalados, me falou na porta do São João Batista: ‘Eu nunca tive uma relação com um autor dessa maneira. Agora eu tenho a confirmação de que é você quem vai fazer a Virgínia do Anjo Negro’; fiquei muito agradecida”, conta Lorena.
E essa montagem de “Anjo Negro” deu a Lorena da Silva um importante prêmio na Europa – o Prêmio Jussieu de Melhor Atriz. “Para mim era um prêmio duplo: primeiro por eu estar concorrendo somente com atrizes francesas, segundo que esse prêmio era pra o Nelson Rodrigues e para o Brasil – não era só pra mim”.

Mas a temporada não foi nada fácil. O ano era 1996 e o texto de Nelson Rodrigues simplesmente chocou a crítica francesa de cara. No dia da estreia uma carta vinda do Ministério da Cultura francês recomendava a suspensão do espetáculo por suspeitas de ser um texto racista. Tiveram muitas conversas e muitos debates, com o elenco tendo que explicar o contexto, assim como Nelson teve que fazer nos anos 50 no Brasil. “Eu pegava texto do próprio Nelson para rebater as críticas. Ele falando do teatro desagradável”, lembra Lorena, que também falava que Nelson argumentava que os personagens dele também serviam para as pessoas exorcisarem seus sentimentos, que um pesonagem de uma peça de teatro também é para as pessoas fazerem uma catarse. “Também acusavam Nelson de que seus diálogos nas peças eram muito pobres e Nelson rebatia: ‘vocês não sabem o trabalho que eu tenho para empobrecê-los. Não funciona na Literatura, mas funciona no palco’. ”
Algumas críticas foram terríveis: um critico do Le Monde escreveu que a peça era amoral. “Eu passei a temporada toda tendo que defender o Nelson Rodrigues”, relembra Lorena.
Nelson Rodrigues: uma missão na carreira de Lorena da Silva
Alain Ollivier tinha planos para montar outros textos de Nelson Rodrigues, mas teve que esperar mais de três anos para a poeira baixar e os franceses absorverem um pouco daquela linguagem.
Nesse meio tempo, Lorena engravidou da filha Lara Tremouroux, “num intervalo de Nelson Rodrigues para Nelson Rodrigues”, como gosta de contar.

Quando Laura estava com um ano de idade, em 1998, Lorena participou de uma montagem da peça de Tchekcov: “As Três Irmãs”, dirigida por Bia Lessa com Renata Sorrah, Deborah Evelyn e Ana Beatriz Nogueira, que estreou no Rio. “Eu sempre levava a Lara para a coxia, para o camarim, com apenas um ano de idade”, recorda Lorena. O contato com o teatro desde pequena e a carreira da mãe certamente influenciaram Laura a se tornar atriz, traçando sua ainda jovem carreira sob os olhos e conselhos da mãe que a deixa “voar” e construir sua história profissional sem grandes interferências diretas.

Mas antes de ir para São Paulo com a montagem de “As Três Irmãs” de Tchekcov, Lorena foi requisitada mais uma vez por Nelson Rodrigues. Em 1999 Alain convocou Lorena para fazer em Paris outro texto de Nelson. Desta vez a peça “Toda a Nudez Será Castigada”, no papel de Geni. As coisas começaram estranhas: um critico do Le Monde disse que não iria ao teatro fazer nenhuma crítica desse ‘autor amoral’. Alain caiu doente e pediu desculpas por ter tirado Lorena de seu país mais uma vez e passar novamente por aquelas críticas. Mas Lorena não se abateu. E aí aconteceu uma reviravolta. Em 1999 havia um momento da cultura do Brasil na França e aconteciam muitos eventos por lá. O público e a crítica começaram a frequentar muito as produções vindas do Brasil. “Foi quando fomos com a peça para o Festival de Avignon, e esse crítico do Le Monde não teve como não fazer a crítica”. E a surpresa veio logo no título: ‘Trésor Tropical’ (Tesouro Tropical). Lorena conta que as apresentações foram badaladíssimas, dando muitas entrevistas para a imprensa local, inclusive com a presença de Ministro da Cultura da época: “Nelson Rodrigues chegou chegando na França com Toda Nudez”.
Lorena foi um dos destaques do Festival de Avignon ganhando mais uma vez um prêmio de melhor atriz, desta vez pela revista Nouvel Observateure. Novamente sentiu que estava lá com Nelson Rodrigues: “Eu fazia aquecimento lendo Nelson falando de futebol. Depois eu fui trabalhar com Amir Haddad e agora com o Tonico Pereira, que falam que fazer teatro é futebol, ator de teatro é jogador de futebol. Cada vez que a gente entra em cena, a gente não sabe para onde a bola vai rolar. Ouvimos os atores, nos ouvimos, ouvimos o público e deixamos a bola rolar” filosofa a atriz. E continua: “Essa disposição do futebol que o Nelson relata muito bem nas crônicas dele me alimentava para eu entrar em campo. Sempre entrei em cena como tivesse entrando em campo. Me sentia jogando junto, como se eu estivesse com a camisa 10 do Nelson Rodrigues”.

Lorena diz que se conscientizou da missão que era estar fazendo as peças de Nelson Rodrigues, esse autor genuinamente brasileiro, na França. “Eu me senti muito valorizada e muito respeitada. Foi o país onde conheci o respeito pelo ofício do ator de teatro. Aqui no Brasil a gente fica muito atrelado muito à televisão, o patrocínio, as oportunidades e até o reconhecimento sempre ficam muito ligados a quem faz televisão”, lamenta Lorena, que já participou de diversas produções na televisão brasileira, mas a sua carreira sempre foi mais consistente no teatro.


Aulas de teatro e preparação de atores
Lorena da Silva também se dedicou desde o início à preparação de atores para o palco e para os mais diversificados papéis. São mais de 30 anos como professora, seja atuando em escolas de teatro, seja com aulas particulares e oficinais para produções. “Eu nunca bati na porta de nenhuma escola para dar aulas, as coisas foram acontecendo e as pessoas me procuravam”, relembra Lorena que foi requisitada pela sua história, sua formação e sua experiência relevantes. Deu aulas na UniRio, na UFRJ e na Universidade Gama Filho – essa última dentro da Escola de Cinema coordenada por Ruy Guerra, que teve a perspicácia de chamar uma professora de teatro para preparar os atores de cinema. “Formar atores é antes de tudo, formar cidadãos. Não é só aprender o ofício da atuação. É ter consciência de que ser ator é agir na sociedade, é ter um discurso e saber que está fazendo a relação daquele texto com o que está acontecendo no mundo”, reflete Lorena. “O ator é o ser humano em lente de aumento. Você precisa trabalha o tempo todo, estar antenado ao que está acontecendo no mundo, aos seus sentimentos e aos sentimentos do outro”.


Lorena diz que a maneira de produzir um projeto artístico para ela é fundamental. Para que seja plena e livre, a maneira de produzir tem que ser horizontal: onde nenhuma função é mais importante que outra. A direção, a atuação, o figurino, o cenário, a produção, a música, o diretor de palco, quem está operando a luz, o som, o camareiro, o visagista… todos tem uma função importante. Ela lembra que vivenciou isso na prática em seus anos na França: “No Théâtre du Solei onde trabalhei, todo mundo ganha igual: a Diretora e a pessoa que vai lá colocar pregos ganham a mesma coisa em sua hora de trabalho. O que acontece é que a Diretora tem mais horas de trabalho que outros. A hora de trabalho é igual para qualquer profissional que está ali naquele empreendimento”, recorda seus anos dedicados ao grupo francês.
Um mundo em mudanças…. o teatro como reflexo da humanidade
Assim como no Théatre du Solei, que “não tem nada de quem manda aqui sou eu”, Lorena da Silva concorda que o mundo está em mudanças, e esse modelo patriarcal deve ser urgentemente revisto. ”É uma ideia que não se sustenta. Daqui a pouco tempo, a única pauta que falaremos no mundo será a ecologia. No momento em que as pessoas não conseguirem mais respirar, a ecologia vai virar prioridade”, profetiza. Lorena traz para a conversa os valores que acredita: “Esse mundo que a gente diz que a gente não quer mais, que fica matando os povos originários, que mata as florestas, os negros, as mulheres, que não abre espaço pra outras sexualidades, que impõe uma única maneira de viver, esse mundo está em crise”.
E através sua arte, essa operária da cultura faz a sua parte na vida. Lorena da Silva percorreu as últimas quatro décadas se dedicando brilhantemente à arte, em especial ao teatro brasileiro, valorizando o ofício que muitas vezes não tem o devido reconhecimento no Brasil. Como Nelson Rodrigues, foi reacionária quando necessário na hora de defender o legado do teatro brasileiro na Europa e obssessiva e determinada ao traçar seu caminho nos palcos do Brasil.
Entrevista por Rodolfo Abreu
Ensaio de Lorena da Silva pelo fotógrafo e visagista Fernando Ocazione
Fotos de espetáculos e reportagens: acervo pessoal de Lorena da Silva
Agradecimentos: Fernando Ocazione, Francisco Martins e Eduardo Barata
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