O jovem artista contemporâneo Emerson Rocha tem cativado o mundo da arte com sua habilidade única de transcender as fronteiras da expressão visual. Morador da região de Barueri, em São Paulo, desde cedo demonstrou uma paixão inata pela criação artística, consolidando-se como uma figura inspiradora no cenário artístico contemporâneo. Aos 25 anos, Emerson vem ocupando um espaço de prestígio que há muitos anos foi negado a jovens artistas negros.


E seu trabalho é exatamente sobre isso: a estética única do povo negro brasileiro, retratada a partir das experiências e vivências coletivas do cotidiano periférico do Brasil. Seus mais recentes trabalhos são marcados por uma paleta de cores vibrante que ajuda a transmitir emoções complexas através de suas criações. Um harmônico visual entre o azul, o branco e o dourado, faz seu trabalho se distinguir e emergir como inconfundível.

Emerson nos mostra a beleza que é muitas vezes escondida pelo preconceito marginalizado. Meninos que brincam e “voam” alegremente; que correm ou se divertem soltando pipa. Os jovens pretos que pintam o famoso “loiro pivete”, como o próprio artista definiu; os o jovem casal gay que apresenta seu “amor como algo revolucionário”. Aliás, a homoafetividade é temática constante de seu trabalho, como visto nas obras “Domingo” “Intimidade”. E as imagens vem acompanhadas por seus pensamentos “Eu por você, você por mim e nós dois contra o mundo. Fé na gente e fé no amor, apesar dos obstáculos”, defende o artista.


Seu trabalho também utiliza o imagético das religiões de matriz africanas e do catolicismo para ilustrar o sincretismo do brasileiro, seja através dos santos mais populares do país, com Nossa Senhora Aparecida, ou de São Jorge (cujo cavalo é uma moto); seja pelas entidades como Oxalá, Oxum e Omulu. A política também ganha representatividade, em uma das pinturas de mais destaque com uma mulher preta em roupas típicas baianas usando a faixa presidencial “Mátria I – Restituição”.


E também reinterpretações de obras clássicas como o seu “Preto com brinco de flor” (Moça com brinco de pérola, de Vermeer); “Afrodite e o nascimento do amor” (O Nascimento de Vênus, de Botticelli), “Ciranda no céu” (A Dança, de Matisse), entre outras.



Formado em Arte: História, Crítica e Curadoria pela Pontifícia Universidade de São Paulo, Emerson usa seu perfil no Instagram (@de.saturno) como principal plataforma de divulgação, difusão de ideias e comercialização de seus trabalhos. “Ser porta-voz de uma mudança efetiva e possível, diferente do que nos era imposto enquanto crianças pretas desde muito cedo, é a maior herança que, enquanto artista preto contemporâneo, posso deixar para as próximas gerações”, escreveu Emerson em uma publicação em sua conta no Instagram.

Despontando na mídia, o artista foi convidado pela gravadora Sony Music Brasil para ilustrar a capa do recente álbum “Negra Ópera” do lendário sambista Matinho da Vila, além da capa do single da música “Acender as Velas”. Em 2023 Emerson Rocha teve algumas de suas obras expostas na exposição coletiva “Um Defeito de Cor”, no MAR (Museu de Arte do Rio).

Acompanhe o artista: @emersonrocha
Texto: Rodolfo Abreu (@rodolfoabreu)
Imagens: Divulgação