Em uma coleção que exalta as cores e as estampas brasileiras, volumes e camadas marcam a temporada da marca no SPFW56 – SP.
Fotos em reprodução da marca.
As peças foram confeccionadas por mulheres que estão aprendendo corte e costura na ONG fundada por Ronaldo. A coleção fala sobre o Brasil. Por isso, a cartela de cores dominada pelo verde e amarelo da bandeira, a extravagância nos bordados e formas, e a preferência por técnicas manuais ancestrais, como o macramê.
Flores, camadas e muito movimento. Em uma mistura brasileira de texturas e florais, a coleção “É Sobre o Brasil”, de Ronaldo Silvestre, coloriu as passarelas no SPFW56. O macramê é uma forma de artesanato bem antiga. Nela, fios são trançados e atados por nós e, para isso, não é utilizada nenhuma ferramenta ou máquina, apenas as mãos e os fios.
Desenvolvendo um trabalho técnico de sobreposição em camadas e comprimentos em saias e vestidos volumosos, o estilista mineiro imprimiu nesta temporada sua vasta experiência em utilizar bem as técnicas de estrutura do macramê e estampas em formato algodão.
Fazendo bom uso de materiais obsoletos e ressignificando a idealização de conceito brasileiro, a coleção também foi desenvolvida com a participação da equipe integrante da ONG fundada pelo Ronaldo Silvestre.
“Falar sobre a coleção ‘É sobre o Brasil’ é abrir uma discussão sobre um país que tem fé. Assim como eu, que fui um jovem que tinha fé em fazer moda e que não tinha grana para estudar e muito menos para produzir minhas criações”. Filho de uma costureira. Ainda na infância, viu a sua mãe desmanchando uniformes usados para fazer roupas para ele e seus irmãos, e se acostumou a ir direto para a sala de costura da matriarca assim que voltava da escola.
Embora boa parte da coleção seja de comprimentos longos, há soluções para que o corpo todo não seja coberto, como pede uma legítima roupa brasileira. Ao caminhar, as mulheres e rapazes do mineiro têm as suas pernas expostas em fendas generosas, os bustos revelados em tramas espaçadas e os colos deixados à mostra por alças que caem sutilmente de seus braços.
É importante destacar que, no processo, Ronaldo não escolheu as matérias-primas que seriam utilizadas. Boa parte delas foram doações reutilizadas. Ao todo, foram mais de mil horas de trabalho artesanal. “A máquina de costura foi a ferramenta que minha mãe teve para me sustentar. E é hoje a ferramenta que eu tenho para que outras mulheres sustentem as suas famílias.”
Ficha Técnica:
Texto e Montagem – Francisco Martins – Jornalismo de Moda
COLEÇÃO VERÃO 2024 “É SOBRE BRASIL” RONALDO SILVESTRE –
@ronaldosilvestre.iti