Descrito como “um pianista de gosto impecável e refinado, dono de um toque caloroso” pelo The Telegraph, a carreira internacional de Javier Perianes abrange cinco continentes, levando-o a alguns dos locais mais prestigiados do mundo, tocando com maestros como Barenboim, Dutoit, Dudamel, Mehta, Maazel, Frühbeck de Burgos, Harding, Temirkanov e V. Petrenko, entre outros. Apresentou com orquestras como Wiener Philharmoniker, as orquestras sinfônicas de Chicago, Boston, São Francisco e Atlanta, Orquestra de Cleveland, Filarmônica de Nova York, Filarmônica de Londres, Filarmônica de Israel, Sinfônica de Londres e Orquestra de Paris, entre outras.
Músico de câmara natural e entusiasta, colabora regularmente com a violista Tabea Zimmermann e o Quiroga Quartet e aparece em festivais como BBC Proms, Lucerne, Argerich Festival, Salzburg Whitsun, La Roque d’Anthéron, Grafenegg, Prague Spring, Ravello, Stresa, San Sebastian, Santander, Granada, Vail, Blossom, Ravinia e Ilhas Canárias.
Gravando exclusivamente para Harmonia Mundi, Perianes desenvolveu uma discografia diversificada que vai desde Beethoven, Mendelssohn, Schubert, Grieg, Chopin, Debussy, Ravel e Bartók até Blasco de Nebra, Mompou, Falla, Granados e Turina.
O artista recebeu o “Prêmio Nacional de Música” em 2012 pelo Ministério da Cultura de Espanha e foi nomeado Artista do Ano nos Prêmios Internacionais de Música Clássica (ICMA) em 2019.



–Como você descobriu sua paixão pela música?
Poderia dizer que foi uma combinação de circunstâncias. Nasci em uma cidade com uma grande tradição cultural, onde a música faz parte da nossa idiossincrasia há muitas gerações. Comecei quase casualmente e sem pretensões na banda municipal de Nerva, minha cidade, e, foi sem dúvida um estímulo muito importante para os próximos passos que dei em minha carreira. Minha família desempenhou um papel fundamental através de sua dedicação e sacrifício.
–Conte-nos sobre os caminhos que você percorreu para chegar até aqui e que conselhos você daria para quem está começando?
Seria longa a história, mas para resumir diria que tudo foi muito natural e orgânico, um passo me levou ao próximo, senti e vivenciei tudo de uma forma muito lógica e tranquila. Sou do tipo que dá poucos conselhos, porque cada um de nós também descobre através dos erros a melhor forma de se encontrar no caminho. Talvez a única coisa que eu diria que é preciso desfrutar dessa arte maravilhosa que é a música, com paixão e dedicação. Claro que é fundamental e necessário desenvolver um trabalho constante, também aproveitar o processo e vivê-lo intensamente.
–Você se apresentou recentemente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi sua primeira vez no Brasil, você observou alguma diferença significativa entre o público brasileiro e os demais em que já se apresentou?
Tive a sorte e o privilégio de vir ao Brasil com bastante frequência. Já estive algumas vezes na Sala Cecília Meireles e, também, colaborei com a OSESP em São Paulo há alguns anos. O público brasileiro é apaixonado, acolhedor, além de conhecedor e muito carinhoso. Não podemos esquecer que o Brasil foi berço de grandes mestres do piano como Guiomar Novaes e o admirado Nelson Freire. É um país com uma grande tradição pianística.

–Existe algum pianista atual que você mais admira e por quê?
A lista seria interminável. Há muitos pianistas do passado e do presente que admiro e com quem aprendo quando assisto os seus concertos. Lendas como Daniel Barenboim, Sokolov, Zimerman, Pires, Schiff, são alguns que tanto aprecio.
–E para concluir, o que você destacaria entre seus próximos projetos?
Felizmente, tenho muitos projetos que me deixam muito entusiasmado para os próximos meses. Entre alguns, gostaria de citar minhas atuações em Montreal e Filadélfia com as respectivas orquestras, Concertgebouw, de Amsterdã, Filarmónica de Bruxelas e turnês de recitais solo, no Canadá e nos Estados Unidos, bem como recitais com a violista alemã Tabea Zimmermann. Dentro de um mês também será apresentada a última gravação com harmonia mundo dedicada às Goyescas, do compositor espanhol, Enrique Granados. Não me faltam projetos interessantes e estou muitíssimo motivado com cada um deles.
Entrevista: Bruno Feros
Imagens: Renato Mangolin