A televisão brasileira é bastante lembrada por meio da sua produção de novelas, em que ganham notoriedade atores e atrizes. Estes se tornam celebridades, e ganham as páginas de jornais e revistas, bem como matérias em importantes programas jornalísticos televisivos. Contudo, para fazer funcionar a máquina televisiva, com suas novelas, shows, noticiários, programas infantis, entre outros, há aqueles que investem capital. São os empresários da televisão. E um deles é Senhor Abravanel, mais conhecido pelo nome de Silvio Santos. O musical é sobre esse indivíduo.
Silvio não é somente um empresário, um mecenas do ramo televisivo, proprietário do Grupo Silvio Santos, conglomerado que inclui entre suas empresas o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), uma das maiores redes de TV do país. Ele também é um apresentador de programas de televisão. Aos domingos, ele era o responsável por apresentar um conjunto de programas de auditório e quadros. Começava com o Domingo no Parque e ia até o Show de Calouros. Portanto, as faces de empresário e apresentador estão associadas em sua trajetória de vida enquanto um homem da televisão brasileira. Não podem ser separadas, dissociadas. São duas faces de uma mesma trajetória. E o musical com texto de Marília Toledo e Emílio Boechat deixam transparecer essa característica do personagem.
O musical busca apresentar uma parte da trajetória de vida do personagem que se inicia na infância do homenageado, quando o seu pai perde a loja em que trabalhava e Senor se torna camelô no Rio de Janeiro para contribuir com os rendimentos da família, até a década de 90, logo após a consolidação do SBT. Os autores optaram por um texto dramatúrgico cronológico, que segue linha reta. São anunciados durante a apresentação o ano e o fato da vida do personagem a ele relacionado. Essa é uma via mais tradicional de narrar uma história. Mas, não é incorreta.
O musical é pura alegria! É pura nostalgia de um passado dominical que não volta mais. Mas que se mantem vivo na memória daqueles que puderam assistir nas décadas de setenta a noventa. E, memória é seleção. As diretoras Fernanda Chamma e Marília Toledo selecionaram e costuraram os fatos da trajetória da vida de Silvio como apresentador e empresário deixando transparecer emoção, poesia e diversão. Porque com Silvio Santos nós cantamos e sorrimos.
As músicas que são resgatadas e cantadas ajudam a narrar a história, pois são aquelas cantadas nos diversos programas de auditório ou por cantores que se faziam presentes nos programas e Silvio ajudou a conseguir fama e prestígio com suas canções.
O musical resgata atores e atrizes, cantores e cantoras, jurados, e apresentadores que participaram ativamente desse processo. Lá estavam eles como Sergio Malandro, Sonia Lima, Aracy de Almeida, Pedro de Lara, Elke Maravilha, Gugu Liberato, Hebe Camargo, Manuel da Nobrega, a Velha, Perla, Gretchen, Rosana, Sidnei Magal, Roberto Leal, Luis Caldas, Pablo, Jane e Erondi, Lombardi, Bozo, entre outros.
O ator Velson D’Souza interpreta Silvio Santos no musical. E apresenta uma atuação perfeita, incorporando em sua performance características, trejeitos, falas, expressões, risadas típicas do personagem. Tem, portanto, uma excelente atuação.
Na mesma linha nivelar está todo o elenco do musical. Seguros, firmes, cantando e dançando de forma primorosa, e exibindo uma coreografia de primeira, elaborada pela competente Fernanda Chamma.
Os figurinos criados são adequados e ajudam a construir a narrativa, como também o cenário, com a porta seguindo o modelo como tinha nos programas de Silvio, que abriam e fechavam, por onde entravam os calouros, os pretendentes e as pretendentes. Tudo funcionando perfeitamente!
Quem conseguiu assistir pôde contemplar um musical alegre, nostálgico e emocionante! Ótimo espetáculo!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.