O texto da peça é de autoria de Fabio Porchat, que foi escrito e apresentado há 19 (dezenove) anos atrás, em parceria com o falecido ator e comediante Paulo Gustavo. Porchat agora reapresenta o texto, mesclando textos elaborados para a nova montagem com alguns da anterior. Não há defasagem alguma entre eles, pois os tempos são outros, mas os problemas quase sempre são os mesmos.
O texto é constituído por esquetes, dez cenas curtas, que representam alguma situação específica, narrando um enredo com início, meio e fim. Tratam de diversos temas como superstições, senha do alarme da porta do quarto ou da sala, fã, estética corporal, sexo, assalto, infância, ataque de tubarão, doença, morte, dor, entre outros. Os temas são atuais, do quotidiano, pertinentes, e tratam de questões contemporâneas, que estão na pauta do dia.
As atrizes se revezam em personagens de todos tipos, homem ou mulher, tanto faz. São cenas atemporais, agênero. É um diálogo, como já comentamos, com o quotidiano, com nós mesmos.

Todas as cenas são divertidas e jocosas, se fazendo presente aquela pitada de sal no conteúdo das mesmas. Afinal, riso e crítica combinam!
Dentre as cenas que selecionamos está uma que diz respeito ao diálogo entre uma mãe e uma filha adolescente sobre sexo. A filha pergunta a figura materna sobre o que é “anal giratório”, fato que causa perplexidade na mãe. As duas também dialogam sobre o pepino como figura sexual. Cena hilária, de uma interpretação formidável das atrizes.
O elenco é constituído por três atrizes – Maria Clara Gueiros, Julia Rabello, e Priscila Castelo Branco – que são comediantes talentosas, engraçadas, mulheres que fazem comédia de excelente nível. A junção das três para o público de teatro dar gargalhada não há escolha mais acertada. É um trio de excelência!
Os figurinos criados por Gilda Midani são roupas do quotidiano, do dia a dia, portanto, adequadas.
O cenário criado por Mina Quental & Atelier na Glória é constituído por paredes brancas, sendo que as duas da parte dianteira laterais são reversíveis, transformando-se em portas, por onde as atrizes entram e saem.
A iluminação de Paulo César Medeiros é bonita, simples, e adequada as cenas.
A peça apresenta um bom texto, divertido e contagiante, e um elenco de primeira.
Excelente produção teatral!