A forma como habitamos nosso planeta e nos relacionamos com ele é o tema central da exposição.
Desde o século XVII, com aquilo que denominamos de Revolução Científica, o homem passou a querer conhecer a natureza, dominá-la, penetrar as suas entranhas. Passou a usá-la desenfreadamente, irracionalmente, destruindo-a. Esse uso não racional está gerando sérios problemas, que afetam o meio ambiente. E a exposição busca refletir sobre a tênue relação entre o homem e o meio ambiente.
São trabalhos de artistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Espanha, França e Arábia Saudita que refletem sobre a forma como o Planeta vem sendo modificado.
A exposição é composta por fotografias, vídeos, e instalações.
A exposição inicia com Terra Queimada, da artista Gabriela Older. Vídeo todo branco, a névoa. É a fumaça das queimadas. Em alguns momentos, aparecem troncos de árvores secos. Sem vegetação alguma ou paisagens totalmente destruídas pelo fogo. Tudo seco! Uma aparência cinzenta!
O vídeo foi filmado em Val Paraíso, no Chile, no momento de um grande incêndio. Paisagens queimadas, arrasadas.
Em sequencia, a artista Rochelle Costi, apresenta Série Paisagens, busca retratar os seres que lhe rodeiam. No jardim da sua residência ficou atenta aos insetos. É uma paisagem impregnada por esses seres
Em sequencia, a artista Sara Abdu apresenta a obra Anatomia da Lembrança. Cinco painéis que representam cartografias psicogeográficas suspensas com as quais a artista explora o lugar da memória dentro de nós.
A seguir, a artista Stéphanie Pommeret apresenta a obra Todos os Emigrantes. Visualizamos treze fotografas de paisagens com imigrantes. Todos dormindo. Sonhos. Onírico.
Continuando com Alejandra González Soca, e a obra Moebius. Ecossistema. Coexistência no qual fazemos parte. O corpo dentro da terra. Moldes da face dentro da terra cercada por sementes.
A seguir, Dias & Riedweg, e a obra Silencio, visualizamos dezesseis fotografias digitais do confinamento do período da COVID. As fotos apresentam paisagens urbanas, deixando transparecer a presença virótica. Tudo ficou silencioso. Parado.
Em sequencia, Matilde Marín, e o seu Itinerário Para a Paisagem; e, Radal, visualizamos uma paisagem vazia, ideia de infinitude, panorâmica, com uma única árvore q viveu por mais de 150 anos na Patagônia. Morreu com uma descarga elétrica.
Na outra foto, visualizamos um grande vazio, panorâmico, infinito, deserto.
A seguir, Sara Abdu, com a obra E Algumas Vezes Somos Lembrados do que Resta, visualizamos uma peneira com sementes de tameras. Tradição árabe.
Em sequencia, Zahra Alghamdi, e a obra Eco do Passado, visualizamos a areia do deserto da península arábica. Os sinais do tempo.
Num outro módulo Gabriela Bettini, com a obra Pernambuco. Visualizamos o contraste da paisagem em Pernambuco. Há o contraste entre imagens de Pernambuco enquanto região colonial, da época de Frans Post, e a paisagem contemporânea.
A exposição termina com um vídeo criado por Hatem Al Ahmad, intitulado Falar em Sinergia. No vídeo aparece um conjunto de artistas no meio da floresta, em contato com a natureza, realizando as suas criações artísticas. É no meio do mundo natural que o artista se inspira e cria. Interação entre arte e natureza. O chão desse modulo da exposição nos faz sentir como se estivéssemos pisando na grama da floresta.
A exposição é reflexiva, incitante, e poética. Ela é voltada para um público que gosta de arte, sobretudo de uma reflexiva e engajada, que reflete sobre as questões contemporâneas.
Excelente exposição de artes plásticas!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.