A peça trata de um mulher (Rosana Stavis) que caminha para o enterro de um amigo da faculdade de música que cometeu suicídio. O nome dele é Polakovski.
Durante a caminhada em direção ao velório, a mulher tem a sua mente recheada por pensamentos acerca da sua própria vida, e os caminhos selecionados por ela e pelos seus próprios amigos durante as suas respectivas trajetórias.
O texto da peça apresenta três personagens principais: o músico John Marcos Martins, e o Polakovski. Os dois são apenas mencionados no texto. E, a terceira, é a “aforista”, a narradora do texto, a atriz Rosana Stavis.
Seguindo as palavras do próprio texto, a “aforista” é a “escrevedora – colecionadora – de frases pseudo-filosóficas. De textos sem fôlego. De frases de calendário.”
Enquanto anda, a narradora, a “aforista”, divaga sobre o caminho que cada colega trilhou e para onde esses caminhos os levaram, aproximando-os ou afastando-os da turma da faculdade.
O texto apresenta também críticas à vaidade e ao egocentrismo dos artistas. E, numa passagem bastante interessante, afirma que todo artista é louco. Concordo! Por isso que assistimos pecas de teatro, porque somos loucos como os artistas.
Rosana profere uma bela aula de pós-graduação sobre a arte de interpretar. Ela fala bem. Tem o poder da palavra. Parece uma professora de retórica. Sua atuação é gigante. Estática, parada no centro do palco, ela gesticula com os braços, e fala, grita, dá gargalhadas, tudo com uma finesse de atriz gigante que ela é. Ela está muito bem dirigida por Marcos Damaceno, que não deixa a atriz se perder no ritmo frenético das palavras proferidas pela atriz. Ele controla a sua “aforista”.
Ao seu lado, complementando sua excelente atuação, há dois pianistas – Sérgio Justen e Rodrigo Henrique – que acompanham a atriz com uma melodia agradável. Esta segue a narrativa do texto, e acompanha o ritmo dado por Rosana, com ritmos mais brandos, ou mais intensos. Atriz e pianistas estão intimamente associados. Portanto, eles são parte integrante da apresentação em parceria com a protagonista.
Convém informar que a composição e direção musical é de Gilson Fukushima, que contribui para incrementar ainda mais a peça, ao associar música e fala de forma afinada.
A “aforista” está estática no centro do palco, ladeada por dois pianistas. Ela está dentro de um longo vestido de cor preto, simbolizando o luto, que possui uma cauda longa, que se prolonga e forma uma espécie de um caminho que aparece na parede cenográfica, que tem uma paisagem sombria. São as ruas percorridas pela “aforista” para ir na despedida do seu amigo. Enquanto anda, pensa, reflete, existe.
Há que sublinhar a maquiagem e o cabelo arrepiado da atriz muito bem produzidos para completar a sua caracterização.
E, para finalizar, a luz criada por Beto Bruel para o espetáculo é nota dez!
Não dá para não assistir!
Vem! Excelente! Imperdível!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.