
Misci colocou a moda onde ela sempre deveria estar: no meio da cultura do país onde ela é produzida.



Refletir a cultura brasileira significa honrar as tradições e os regionalismos, e seu aspecto urbano e as influências que incorporamos de fora. A Misci inspirou-se na arte cinematográfica o “Novo de Glauber Rocha”, utilizando os crochês, franjas e bordados filé que evocam o artesanal nordestino que dividem com a alfaiataria afiada da grife, sem perder a essência e causar choque visual. Mas talvez seja essa a graça: o regional não é diluído, mas se impõe lado a lado com o global, tanto na estética, quanto na relevância.




O patchwork de referências culturais calcadas no nordeste brasileiro, entra a arquitetura minimalista elegante, com foco em materiais naturais de Isay Weinfeld, que assina a coleção com Airon. A modelagem ganha formas em momentos mais recortadas, em outros mais arredondadas. As peças se encaixam no formato e nas cores como no casaco longo azul com toques de marrom e vinho, feito de retalhos desfiados, ou no decote milimetricamente retangular nas costas do vestido marrom arroxeado que abre o desfile.



O couro plissado em jaquetas e bolsas de tamanhos diferentes e tons como o verde abacate, ou combinações sofisticadas de vinho e amarelo. A cartela de cores impecável apresentada no desfile da Misci. 0 styling de Renata Correa, foi um dos pontos altíssimos da coleção, que traz o mix do amarelo manteiga na calça masculina com o blazer marrom quase berinjela, puxando para o roxo, que aparece pela primeira vez na marca. Os tons terrosos muito sofisticados, são combinados com violetas, verdes, azuis e vermelho.


A cultura do país onde ela é produzida tem seu lugar de destaque na moda! E o diretor criativo Airon Martin fez isso de maneira espetacular, um dos fatos que contribuíram para que sua marca, em apenas cinco anos, seja a responsável talvez pelo desfile mais aguardado da cena fashionista nacional hoje.
POR FRANCISCO MARTINS – COLUNISTA DE MODA
MISCI I AIRON MARTIN I INVERNO 2026 @misci__


