“Meus olhos espiam a rua que passa” Carlos Drummond de Andrade
Em sua primeira individual em Niterói, a fotógrafa Maria Cristina Farage nos traz um tratado sobre reminiscências, a partir do uso de tecnologias que transformam seu material de pesquisa, em obras que ampliam nossa percepção da beleza escondida no cotidiano.
Através de um processo de colagem digital, ela reformula imagens desapercebidas, em obras de riqueza plástica, concebendo “patterns” que ora se estruturam em geometrismos, ora desvendam formas orgânicas quase biológicas, numa recriação da ordem natural.
Para Farage, nenhuma imagem é banal, qualquer motivo ao seu seu alcance merece um outro olhar, um desvendamento. Essa postura quase didática de nos fazer ver belezas invisíveis, talvez seja a continuação de sua trajetória como educadora, vivência que dividiu com seu fazer artístico, e que mantém como dinâmica emocional.
Junto a este aspecto, também podemos dizer que é um trabalho que fala da pertencimento, percebido nas pequenos recortes de sua Minas natal, onde ela celebra cores, texturas e enquadramentos que transmitem a saudade de quem retoma seu lugar de origem com o olhar de visitante, já que hoje ela se divide em várias cidades.
Ao contrário do “estrangeiro camusiano” ela não se coloca alheia à seu mundo ao redor, e sim, o celebra, sensível aos detalhes que reforçam sua identidade e memória, com o olhar surpreso do visitante que descobre belezas nunca antes anunciadas.
Ao transformar pedras, telhas, ripas e janelas captadas por suas lentes, Maria Cristina nos apresenta uma reformulação de seu universo simbólico, que nasce de suas fotografias e segue por equações matemáticas para criar geometrias factrais de beleza singela, criando um panorama caleidoscópio que antes memória, já nasce poesia visual.
Curador Alexandre Murucci
Fotos: Marco Rodrigues
Serviço
Centro Cultural Correios – Niterói, localizado na Av Visconde do Rio Branco 181 , Centro.
Entrada Franca
Horário de funcionamento: Segunda à sexta: 11 às 18 Sábados: 13 às 18