No palco do Teatro Futuros, no centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo, dia 20 de abril (sábado), estreia A História de Kafka e a Boneca Viajante, espetáculo infantil dirigido pelo premiado ator e diretor Isaac Bernat. Em cartaz até 09 de junho, a nova montagem narra o inspirador episódio que teria ocorrido entre um dos maiores escritores do século XX, Franz Kafka (1883-1924), e a menina Elsi, no parque de Steglitz, em Berlim (Alemanha). A peça tem patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e apoio cultural do Oi Futuro.
Na trama, ao encontrar a jovem Elsi aos prantos por ter perdido sua boneca Brígida, o escritor se apresenta como um “carteiro de bonecas” e convence a menina de que, na verdade, ela estaria apenas viajando. Ele passa a escrever belas cartas em nome de Brígida contando suas aventuras. Durante semanas, marca uma série de encontros com a garota para ler as cartas. A história é uma linda alegoria sobre o crescimento infantil e a superação de perdas, além de ressaltar sentimentos como amor, amizade e confiança.
“O que me encanta é que a peça fala de cuidado, como cuidar de alguém que sofre uma perda. Um grande escritor tão envolvido em terminar um livro, como Kafka, parar e prestar atenção em uma criança que estava chorando e criar toda uma dramaturgia (as cartas) para esta criança superar uma perda e poder crescer, isso me encantou muito. Tanto ela quanto Kafka têm uma troca que ajuda ambos a superarem a perda. Ela, a da boneca, e ele, a proximidade com a morte – já que estava doente e no final de sua vida quando escreveu as cartas“, comenta o diretor Isaac Bernat.
No palco, a dupla de atores João Lucas Romero e Laura Becker vai mostrar toda sua versatilidade. Ele interpreta Kafka, e ela dá vida a três personagens – Elsi (dona da boneca Brígida), sua mãe e uma vizinha de Kafka. Com humor e o domínio de cena característico de atores experientes, eles usam diversos recursos, como interações com a plateia, alternância entre o jogo dos personagens e o narrativo, além de cantar e tocar músicas inéditas, criadas especialmente para a peça pelo compositor e diretor musical Pedro Luis. Tudo isto permeado com muito humor e delicadeza.
A dramaturgia, assinada pela atriz e pesquisadora Julia Bernat, é baseada no livro “Kafka e a Boneca Viajante” (2006), escrito pelo catalão Jordi Sierra i Fabra. A obra, premiada diversas vezes, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura Infantil y Juvenil (Espanha), em 2007. O livro narra uma história não oficial. Não se sabe se o encontro entre a menina e o escritor de fato aconteceu porque Elsi e as cartas nunca foram achadas. Independente disso, trata-se de uma história que vale a pena ser contada por ressaltar a sensibilidade de uma forma tão poética e criativa. As múltiplas camadas de significado fazem com que a peça seja indicada tanto para as crianças quanto para adultos.
“Investimos no teatro infantil como um importante espaço de reflexão, formação de público e uma experiência que, por meio da arte, permite que crianças e suas famílias descubram e vivam novas perspectivas, realidades e emoções. Ao receber um espetáculo como ‘A História de Kafka e a Boneca Viajante’, esperamos proporcionar ao público do Futuros – Arte e Tecnologia uma história de imaginação, amizade, amadurecimento e empatia”, ressalta o gerente de cultura do instituto Oi Futuro, Victor D’Almeida.

Isaac Bernat – Diretor
Isaac Bernat é carioca, tem 63 anos, é ator, diretor, professor de interpretação da Faculdade Cal de Artes Cênicas, doutor em Teatro pela UNIRIO e autor do livro “Encontros com o griot Sotigui Kouyaté”. Ao longo da carreira já recebeu diversos prêmios: Botequim Cultural, pela atuação em “Incêndios” (Wajdi Mouawad); Zilka Salaberry, pela direção de “Lili, uma história de circo” (Lícia Manzo); Zilka Salaberry de melhor texto com “Rosa e a Semente” com o grupo Pedras, além do Prêmio Coca Cola como ator em “As Aventuras de Pedro Malazartes”. Já participou de mais de 100 montagens durante sua trajetória. Entre as peças que dirigiu, destacam-se: “Cora do Rio Vermelho” de Leonardo Simões; “Tenho quebrado copos” de Ana Martins Marques; “ O Encontro entre Malcolm X & Martin Luter King Jr” de Jeff Stetson; “Carolina Maria de Jesus – EU AMARELO”, de Elissandro de Aquino; “Deixa Clarear” e “Por Amor ao Mundo – Um Encontro com Hanna Arendt”, ambas de Marcia Zanelatto, e “Calango Deu”, de Suzana Nascimento. Entre as peças que participou como ator, destacam-se: “Pá De Cal” , de Jô Bilac; “Agosto”, de Tracy Letts, além de “Incêndios” e “Céus”, de Wajdi Mouawad, com direção de Aderbal Freire Filho.
Julia Bernat – Dramaturga
Graduada em Artes Cênicas habilitação Teoria do Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. É mestre pelo PPGAC da Uni-Rio. Trabalha há 12 anos com a diretora de teatro Christiane Jatahy e a Cia. Vértice, atuando e circulando por diversos teatros europeus como Théâtre de l’Odeon, em Paris, São Luiz em Lisboa, HAU em Berlim e festivais europeus como os festivais de Avignon e Edimburgo. É integrante fundadora da companhia Teatro Voador Não Identificado, na qual se divide em diferentes funções: atriz, diretora e dramaturga. Atualmente, dirige o espetáculo “Saco de Batata”, o décimo projeto do grupo.
Jordi Sierra I Fabra nasceu em Barcelona, em 1947. É escritor desde os oito anos, tem mais de 300 obras publicadas e dezenas de prêmios literários. Com “Batendo à porta do céu” ganhou o Prêmio Edebé de Literatura Juvenil e foi selecionado para o catálogo White Ravens. Criou a Fundação Jordi Sierra i Fabra, em Barcelona, e a Fundação Taller de Letras Jordi Sierra i Fabra para a América Latina, na Colômbia, que desenvolvem trabalho de estímulo à leitura e à criação literária voltado para crianças e jovens.
Pedro Luís é um artista multifacetado e agregador, que compõe canções para a MPB com parceiros variados. Faz trilhas para cinema, TV e teatro, além de dirigir espetáculos musicais e teatrais. Seu cancioneiro autoral passeia por diversos matizes, com gravações de sucesso também em roupagens de outros artistas, como Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto, Fernanda Abreu e Elza Soares. Entre os destaques da sua carreira estão a direção musical de “As Brasileiras”, série da Rede Globo dirigida por Daniel Filho, e de “Elza” (2018), espetáculo sobre Elza Soares que ganhou mais de uma dezena de prêmios, como o APCA. É um dos fundadores do Monobloco.
Laura Becker é atriz, palhaça, cantora, percussionista, compositora e educadora, graduada no curso de Licenciatura em Teatro (2017) e no curso de Bacharelado em Artes Cênicas (2012) na UNIRIO e formada pela Escola Técnica de Teatro Martins Penna (2008). Iniciou sua carreira como atriz em 2005, no espetáculo “Raul fora da Lei”, com Roberto Bomtempo. Trabalhou com diretores como Ilo Krugli (Teatro Vento Forte), Miguel Vellinho (Cia Pequod), Isaac Bernat, Ricardo Blat, Joana Lebreiro, Marta Paret, entre outros. Foi indicada ao Prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante (CBTIJ) pelo espetáculo “Lili, uma história de circo”, de Lícia Manzo com direção de Isaac Bernat. Indicada ao Prêmio de Melhor Atriz no Festival do Teatro Ziembinski com “Santa”, direção de Cláudio Sásil.
João Lucas Romero é formado em Teatro pela UniverCidade (Rio de Janeiro). Recebeu o Prêmio CBTIJ de Teatro para Criança em duas ocasiões: em 2016, na peça “Filhote de Cruz Credo – A triste história alegre de meus apelidos”, na categoria Ator Coadjuvante; e em 2018, na categoria Ator Protagonista na montagem “Isaac no Mundo das Partículas”. Atuou em diversos espetáculos, com destaque para “A Rosa e a Floresta” (2023), do Grupo Pedras; “Pluft, o fantasminha” (2023) e “Pinóquio” (2022) da Cia. Pequod; “A Rosa e a Semente” (2019) do Grupo Pedras; “Caranguejo Overdrive” (2017) e “Guanabara Canibal” (2017) da Aquela Cia entre outros.
Aninha Barros é produtora cultural e sócia-administradora da empresa Vaca Amarela, com foco artístico e educacional, com a qual desenvolveu projetos incentivados pela Lei Rouanet em escolas públicas cariocas. Desde 2018, integra a Cia. Teatro Voador Não Identificado e produz espetáculos no Rio de Janeiro. Em 2022, assinou a produção executiva do festival Boca do Céu e passou a produzir também o grupo carioca Foguetes Maravilha, viajando pelo estado de SP pelo SESI com a peça “Mortos-vivos, uma ex-conferência”. Segue produzindo o espetáculo “Ubirajara, uma cantoria” direção de Inez Viana com Soraya Ravenle e o grupo carioca Teatro ao Redor, entre outros.
Serviço:
Peça: “A História de Kafka e a Boneca Viajante”
Teatro: Futuros – Arte e Tecnologia
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro.
Temporada: de 20 de abril a 09 de junho, sábados e domingos (dias 27 e 28/04 sessão extra às 18h).
Horário: 16h
Classificação: Livre
Duração: 50 minutos
Ingressos: R$ 40 (inteira) | R$ 20 (meia)