A abertura do Festival Oficina de Ópera se deu com a apresentação de O Caixeiro da Taverna, de Guilherme Berstein, ópera de câmara em um ato baseada em livro de Martins Penna (1815-1848). Convém sublinhar que Guilherme é professor de regência e regente da orquestra da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio). A ópera foi apresentada nos dias 11 e 12.09.2023 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O texto da ópera tem como narrativa central as tentativas do caixeiro português Manoel Pacheco de tornar-se sócio de sua ama, Angélica Pereira, na taverna.
Manuel é trambiqueiro, astuto, ambicioso, quer porque quer ser sócio da venda. E fará todas as molecagens possíveis. Mas, é uma figura querida. Amado por todos. E, talvez por isso, consiga a todos enganar e conquistar.
Angélica é viúva, e gostaria de ter Manuel não apenas como sócio, mas também marido. Contudo, é algo impossível, pois Manuel mantém um casamento secreto com a costureira Deolinda, que é irmã do truculento sargento Quintino.
Ainda há o Francisco, amigo de Manuel. Este apaixona-se pela viúva e também recebe a oferta para ser sócio de Angélica. Manuel, para fugir dos ataques violentos de Quintino, cria uma farsa fazendo Chico se passar como marido de Deolinda. Uma verdadeira trambicagem!
Os personagens são interpretados por cantores líricos de primeira linha. A ópera foi por todos muito bem cantada, com afinamento e maestria.
O final foi feliz! Manuel contou a verdade, informando ser marido de Deolinda, e não Francisco. Este último se casou com a viúva, tornando-se sócio dela, e admitiu Manuel como sócio da taverna.
A ópera é cômica, e os personagens apresentam uma linguagem de fácil entendimento e de ampla comunicação com o público. É genuinamente brasileira!
A direção cênica é de Daniel Salgado.
O cenário é constituído pela taverna, com suas estantes de produtos. Há um banco de praça, poste de luz á moda imperial, e uma escada que da entrada à taverna. Portanto adequado ao texto.
Por sua vez, os figurinos são também corretos e situados dentro do contexto histórico em que se passa a ópera, na década de quarenta do século XIX, quando a cidade do Rio de Janeiro era a sede da corte e capital do Império do Brasil.
A regência ficou por conta de Guilherme Berstein, que conduziu de primeira a orquestra de câmara. Portanto, a parte musical foi bem executada.
Autor, produtor, elenco e músicos estão de parabéns! A abertura do Festival de Ópera se deu com uma excelente produção! Um parabéns especial deve ser dado ao Eric Herrero, diretor artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Texto critico redigido por Alex Gonçalves Varela
Fotos: Daniel Ebendinger