Atriz, produtora e agora diretora em formação, Giovanna Sassi é um nome que vem ganhando espaço e respeito no cenário teatral brasileiro. Com uma trajetória que inclui mais de 20 montagens desde sua estreia em 2015, ela transita com desenvoltura entre o teatro de pesquisa e grandes produções. Co-fundadora da Scuola di Cultura e idealizadora de eventos teatrais como o Festival de Solos e o Festival de Teatro Musical de Niterói, Giovanna se destaca por unir paixão e rigor em tudo o que faz, seja no palco, nos bastidores ou em sala de aula. Seu trabalho reflete uma inquietude artística que se traduz em uma carreira recheada de desafios, mas também de profundas recompensas.
Nesta entrevista, a atriz compartilha como cada experiência moldou seu olhar e prática teatral, desde a convivência com textos do teatro mundial até a criação de eventos que incentivam novas gerações de artistas. Em uma conversa franca com Rodolfo Abreu, Giovanna revela os bastidores de seu mais recente trabalho na grande produção musical “Uma Babá Quase Perfeita” (onde vive a personagem Janet Lundy), musical que cumpriu uma temporada de sucesso no Rio e que a partir de 2025 vai para São Paulo. Gio Sassi também reflete sobre sua evolução profissional e fala sobre os planos para o futuro, com a convicção de quem vê o teatro não apenas como uma profissão, mas como um compromisso de vida.
Rodolfo Abreu: Você já participou de mais de 20 montagens teatrais. Como tem sido essa trajetória e como você vê sua evolução como atriz desde sua estreia em 2015?
Giovanna Sassi: Tem sido uma trajetória muito interessante. Como alguém altamente crítica, vejo um crescimento pessoal ao longo dos anos e isso é inspirador. A cada montagem aprendo mais. E aprender é sempre instigante.
Rodolfo Abreu: O musical “Uma Babá Quase Perfeita” que você participa é uma grande produção. Quais foram os desafios de atuar em um musical tão conhecido?
Giovanna Sassi: Um musical conhecido pode vir com muitas expectativas do público. Mas acredito que fizemos um ótimo trabalho em honrar e atualizar a história original e de tanto sucesso.
Rodolfo Abreu: Como é o clima nos bastidores do musical, considerando que é uma grande produção com muitos atores, músicos e equipe técnica?
Giovanna Sassi: Os bastidores do musical envolvem uma engrenagem enorme. Por isso exige muita responsabilidade e profissionalismo de cada uma das áreas. Ao mesmo tempo, é um trabalho artístico que igualmente demanda bom humor para se colocar em riscos criativos. O clima é uma mescla dessas exigências do trabalho.
Rodolfo Abreu: Como co-fundadora da Scuola e do Centro Cultural Scuola di Cultura você também produz espetáculos e festivais, como os Festivais de Solos e de Teatro Musical de Niterói. Como foi idealizar eventos desse porte? Quais são os maiores desafios e recompensas de promover um festival de teatro musical?
Giovanna Sasi: Idealizar eventos assim é por em prática nossos princípios e valores artísticos. Todo projeto é desafiador por ter um grau de aposta. Contudo, é gratificante ver jovens artistas, criativos e efervescentes em nossas oficinas, encontrando-se no fim do dia com o público que no futuro estará nas suas peças. Ver esse círculo acontecer é a grande recompensa.
Rodolfo Abreu: Recentemente, você esteve em cartaz com peças como “Kafka e a Boneca” e “Itapuca – o musical”. Como foram essas experiências e você considera que elas te prepararam para o musical atual?
Giovanna Sassi: Em Kafka aprendi ainda mais a ouvir a plateia. Foi inevitável depois de um ano inteiro em temporada, com milhares de pessoas assistindo, tendo espectadores que frequentavam o mesmo teatro há anos e outros que iam pela primeira vez. Já em Itapuca, com Maria Antonieta, o obstáculo foi criativo: fazer uma personagem distante de tudo que já tinha feito. Maria Antonieta, como uma portuguesa de 1599, me mostrou caminhos para ter mais peso no palco. E todas as experiências nos preparam um pouco mais para o próximo espetáculo.
Rodolfo Abreu: Em 2019, você participou do Seminário Internacional Grotowski, onde atuou como tradutora de Teo Spychalski, um colaborador direto de Jerzi Grotowski. Quais aprendizados você trouxe dessa experiência para sua prática teatral?
Giovanna Sassi: Com o Teo, aprendi sobre as potencialidades do acaso. Ele também me mostrou como os grandes nomes do teatro estão mais próximos de nós do que imaginamos, porque existe uma ancestralidade no nosso ofício. No Seminário também aprendi com Mário Biaggini e Tatiana Motta Lima sobre ética e conduta no trabalho do ator – tanto pelas palestras e conversas, mas sobretudo pela própria prática deles.
Rodolfo Abreu: Você começou sua vida profissional como designer de produto, formada em Desenho Industrial pela PUC-Rio. Como fez a transição de carreira e como essas habilidades influenciam sua atuação no teatro?
Giovanna Sassi: Eu comecei a trabalhar como atriz antes de entrar na faculdade, e comicamente demorei a perceber isso. Sou apaixonada pelo desenho industrial e minha visão é influenciada por isso. As grandes escolas de arte dos anos de 1920 nos explicam sobre as artes e o cotidiano de hoje. Então entendo como uma confluência de visões, mas do que carreiras que se separam.
Rodolfo Abreu: Quais são seus planos para o futuro? Você tem interesse em continuar explorando o teatro musical, ou pensa em diversificar para outras áreas da direção e produção teatral?
Giovanna Sassi: Meu plano é ser artista. O teatro é minha lente para o mundo. O teatro é também o meu trabalho. Meu plano é envelhecer com o teatro.
Rodolfo Abreu: Como estudante de Direção Teatral na UNIRIO, quais são suas principais influências no trabalho de direção? Existe alguma abordagem específica que você gostaria de trazer para seus futuros projetos como diretora?
Giovanna Sassi: The Wooster Group, Robert Lepage, Rachel Chavkin, assim como Sérgio de Carvalho e Rodrigo Portella são alguns deles. Eles me inspiram, porque sempre que entro em contato com seus trabalhos, tenho ainda mais vontade de trabalhar e estudar. Não tenho uma abordagem específica em vista, porque quero experimentar mais e acredito que devemos construir em processo, mais do que em previsões ou expectativas.
Rodolfo Abreu: Para os espectadores que irão assistir a “Uma Babá Quase Perfeita”, o que você gostaria que eles levassem da peça?
Giovanna Sassi: O musical é um divertimento leve, mas que pode te levar de surpresa para uma gargalhada ou para um choro. É engraçado e emocionante. Espero que os espectadores levem uma dessas, se não as duas surpresas com eles.
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Musical Uma Babá Quase Perfeita: @umababaquaseperfeitaomusical
Entrevista por Rodolfo Abreu @rodolfoabreu
Imagens: Fernando Ocazione (fotos estúdio) e divulgação