Clara Paulino foi superintendente de Museus da Secretaria Estadual de Cultura entre 2016 e 2019 e presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS). Mineira, muito ligada às artes, esta semana, animada com a estreia do Ballet Giselle que abre a temporada de dança em 2023 no Theatro Municipal.
Em foco – Um pouco sobre a sua infância.
Clara Paulino – Tive uma boa infância, dividida entre MG, onde moravam meus avós, e RJ, para onde me mudei com 5 anos. Filha de pais carinhosos e com uma irmã mais velha que, apesar da diferença de idade, sempre guardava um tempo para estar comigo. Minha mãe era professora e por isso também passei boa parte da minha infância dentro de escolas. Estudava de manhã e à tarde ficava ajudando minha mãe e outras professoras. De resto, quando estava em casa brincava com os amigos da vila onde eu morava na Tijuca.

Em foco – O que você mais gosta de fazer na vida.
Clara Paulino – Gosto de fazer muita coisa, viajar, passear, trabalhar, descansar, mas eu diria que o que mais gosto é de viver.. Seja no trabalho, entre amigos e principalmente com meu marido e família. Creio que é uma dádiva acordar todo dia e ter novos momentos.
Em foco – A cidade que você nasceu.
Clara Paulino – Natural de São Lourenço, Minas Gerais.
Em foco – O que você gostaria de destacar da sua vida pessoal?
Clara Paulino – Pode soar como brincadeira, mas é difícil separar minha vida pessoal da profissional, minha personalidade e gostos estão muito conectados com as áreas que trabalhei. Desde nova queria cursar História e trabalhar com cultura e preservação de memórias. Ainda na faculdade comecei a me dedicar às pesquisas de História Oral e Patrimônio Cultural, estagiando inclusive nestas áreas. Tantas coisas me possibilitaram ter inúmeras vivências e criar minhas próprias memórias, que vão desde conhecer todos os 92 municípios do nosso estado até histórias que envolvem muito afeto, como conhecer as histórias de vida dos imigrantes do Morro da Conceição, acompanhamento de pesquisas arqueológicas, conhecer o patrimônio ferroviário do RJ, dentre outros. De resto, minha vida pessoal é muito tranquila, adoro curtir meu marido, meu dia a dia e minha família.
Em foco – Como você começou a sua carreira pública e virou gestora?
Clara Paulino – Me formei em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, e no segundo período de faculdade comecei a estagiar em órgãos públicos ligados à cultura e ao patrimônio cultural. Entre 2008 e 2012 trabalhei no interior do estado em Quissamã, onde exerci a função de Historiadora e Diretora do Centro Cultural da cidade. Fiquei lotada na Assessoria de Patrimônio Cultural e Projetos da Fundação Municipal de Cultura e Lazer, trabalhando com a preservação do patrimônio cultural, bem como com o desenvolvimento de projetos da área. A seguir, tive uma breve passagem pela assessoria de projetos da CUFA e entre 2013 e 2016, trabalhei como Chefe de Divisão/Gabinete da Superintendência do IPHAN no Rio de Janeiro, lidando diretamente com as questões administrativas e de supervisão de projetos ligados a preservação de acervos, da memória e do patrimônio material. Em 2016 cheguei ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, primeiramente como coordenadora de unidades museológicas e em seguida como Superintendente de Museus da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, sendo responsável pela formulação e desenvolvimento de políticas públicas ligadas às ações de gestão e fomento de Museus. Em 2019 assumi a presidência da Fundação do Museu da Imagem do Som coordenando os três prédios, incluindo a obra de Copacabana e um acervo de mais de 200 mil itens. Já em 2021, no meio da pandemia, fui convidada a presidir a Fundação Teatro Municipal.
Em foco – Quanto tempo ficou no MIS?
Clara Paulino – Fiquei no MIS por aproximadamente 02 anos.
Em foco – Sua história com o TMRJ.
Clara Paulino – Meu primeiro contato foi enxergando o Theatro como uma referência de patrimônio e um marco da nossa cidade. No entanto, frequentei pouco o Theatro na infância e adolescência. Quando já estava mais adulta comecei a assistir alguns espetáculos, como ballets e a ópera Carmen, que muito me marcou, em paralelo em meu período de IPHAN. Tive contato também devido a eventos e a questões ligadas a fiscalização do espaço.
Em foco – Desafios do TMRJ.
Clara Paulino – Quando entrei para o TMRJ havia inúmeros processos parados, 2/3 deles estavam vencidos ou a vencer no mês de abril, além de 42 processos estagnados. Entre eles, questões básicas como recarga e substituição dos extintores de incêndio; licitação de bilheteria, elevadores, limpeza de dutos, regularização do vale-transporte dos funcionários; contratação de empresa de segurança e de empresa de limpeza e a regularização do pagamento dos serviços de água, luz e gás. Outro desafio de 2021 foi a retomada segura e gradual da programação, já que ainda estávamos em período pandêmico. Em 2022, com todos esses problemas entre outros resolvidos, pude focar minha gestão na retomada da programação, estabelecimento de parcerias, lançamento de editais e criação de projetos para ocupação de outros espaços do Theatro, sendo este o maior desafio do ano de 2022. Em 2023, além de conseguir manter uma temporada artística de qualidade, outro desafio que venho tentando solucionar é viabilizar a revitalização do palco do TMRJ para a realização dos espetáculos. Além destes desafios específicos, sempre ressalto que nosso maior desafio é poder democratizar cada vez mais o acesso do público, fazendo com que a população, principalmente a fluminense, entenda que o Theatro é um bem de todos nós sem nenhum tipo de distinção.