O espetáculo combina três obras diferentes de dança em uma noite: Sheherade, Love Fear Loss, e Bolero.
A produção conta com a participação da Orquestra Sinfônica e do Ballet do Theatro Municipal, sob a direção geral de Hélio Bejani; supervisão artística de Hélio Bejani e Jorge Teixeira; e com concepção e coreografias criadas por Ricardo Amarante. A regência é do maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (OSTM), Felipe Prazeres.
O primeiro espetáculo apresentado foi Sheherade, música de Nikolai Rimsky-Korsakov, e adaptação do libreto por Ricardo Amarante.
Sheherade, interpretada por Márcia Jaqueline, é a esposa favorita do sultão da Pérsia Shariyar, interpretado por Igor de Luccas, o dono das concubinas. Ele é o senhor todo poderoso.

Contudo, Sheherade é apaixonada por um dos prisioneiros. Ao conseguir a liberdade do seu amado, organiza uma festa de orgia no harém com as concubinas e os prisioneiros. Contudo, são surpreendidos pelo aparecimento do sultão, que, possuído pela ira, manda executar a todos.
No momento da execução de Sheherade, o porteiro Samir, o mesmo que concedeu liberdade aos prisioneiros, consegue conter o sultão, e mata-o, e impede a morte da bela mulher. Samir e Sheherade iniciam um romance, e uma história de amor.
Portanto, foi com essa história para lá das arábias, marcada pela traição, matança, e o despertar de uma história de amor que iniciou o espetáculo.
Marcia Jaqueline fez uma bela e sensual Sheherade. Ela é apaixonada pelo escravo dourado, interpretado por Rodrigo Hermesmeyer. E, Samir, o porteiro, é interpretado por Alyson Trindade, que ama Sherazade. Os três formam um bonito trio, e realizam um pas-de-deus de técnica perfeita e de pura beleza. Execução notável!
Sheherade é uma obra de orquestração associada ao virtuosismo coreográfico, resultando numa bonita dança. Apresenta uma performance básica na atuação eficaz de solistas e corpo de baile.

A cenografia criada por Renê Salazar reconstituiu o harém do sultão onde se passa a história, predominando uma arquitetura moura, decorado por bonitas almofadas e tapetes.
Os figurinos criados por Renê Salazar são bonitos, de bom gosto, e dentro do contexto árabe. Predominam os tons terrosos. Ganham destaque os figurinos do sultão, das esposas grandes e pequenas, e dos escravos.
A iluminação criada por Paulo Ornellas é bonita, e realça as apresentações dos bailarinos em suas diversas cenas.
A seguir, ocorreu a apresentação de Love Fear Loss, com arranjo para piano de Nataliya Chepurenko, executado por Murilo Emerenciano, com três magníficos pas-de-deux. Eles dançaram ao som das canções que celebrizaram Edith Piaf.
O espetáculo explora uma trajetória que vai do auge de um novo amor (Hymne à l”Amour), passando pela separação (Ne Me Quitte Pas), até à tragédia da perda (Mon Dieu).
No palco visualizamos o piano e os três casais de bailarinos. Eles vestem figurinos leves e coloridos, criação de Paulo Amarante.
Love foi executado por Gabriela Cidade e Alyson Trindade. Vestem roupa branca. Fear foi executado por Claudia Mota e Edifranc Alves. Vestem roupa marrom, branca, e rosa claro. E loss foi executada por Juliana Valadão e Cícero Gomes, que vestem roupas em tom rosa. Eles apresentam uma performance bonita, bem executada, e transpirando emoção e vibração amorosa. A coreografia é de Amarante, bem como a iluminação, que é bonita e suave, transparecendo o clima sentimental da apresentação. Os bailarinos executam de forma correta as coreografias conectadas as músicas.

E, para finalizar, o Bolero, de Maurice Ravel, executado de forma brilhante, por moças e rapazes, com uma coreografia marcada pela intensidade, sensualidade e exuberância da coreografia de Ricardo Amarante. Figurinos leves, simples e coloridos. Os homens usavam figurinos em tons cinza e roxo. E as mulheres usavam vestidinho curto vermelho e roxo. A cenografia é constituída por um fundo com variações de cores; escada vermelha e panos entrelaçados caindo do teto. Os bailarinos passam por essa curta escada para adentrar o palco e encenarem as suas coreografias.
Os três espetáculos aconteceram sob a regência do maestro Felipe Prazeres, que regeu de forma competente, segura e firme, deixando transparecer a qualidade sonora do evento.
Não podemos, mais uma vez, deixar de mencionar o trabalho nota mil e o louvável empenho conjunto de Hélio Bejani e Jorge Teixeira para manter e reforçar o prestígio da Cia. de ballet do TMRJ. E também sublinhar o talento de Ricardo Amarante.
Triple Bill é um espetáculo que apresenta um corpo de bailarinos de alta qualidade, que dançam associando técnica e emoção; uma orquestra afinada e com uma sonoridade pujante; e figurinos e cenografia bonitos e de bom gosto, sobretudo em Sheherade.
Excelente Produção de ballet!