O curador da exposição é Milton Guran.
A exposição visa celebrar o edifício do CCBB RIO, importante prédio na história da cidade do Rio de Janeiro.
Registra-se que no ano de 2024 o CCBB-RIO completou 35 (trinta e cinco) anos de existência.
A exposição inicia com uma porta cenográfica de um cofre, e nela há a exibição de imagens externas feitas por um drone do edifício e suas adjacências.
Ao adentrarmos o espaço, observamos a reprodução cenográfica das grades de ferro presentes no edifício.

O edifício da rua Primeira de Março, 66, está localizado na outrora chamara Rua Direita, que foi a principal rua da cidade durante o período colonial, Imperial, e do início da República, quando no ano de 1905 foi inaugurada a Avenida Central, atual Rio Branco, e ela perdeu o status de principal rua da cidade.
Na rua Direita havia a Cadeia Velha; o Paço Imperial; a catedral da Sé, entre outros prédios que lhe davam notoriedade.
Visualizamos um curta de apresentação do que era a rua direita e as transformações pelas quais passou até o ano de 1926. O filme consiste de uma projeção de fotos animada por inteligência artificial.
A seguir visualizamos uma Espiral de Memórias.
Na Espiral observa-se uma das primeiras representações cartográficas da rua Direita, no ano de 1624. Nessa época o mar ainda estava bem próximo. A cidade ainda não tinha sofrido os inúmeros aterros porque passou.
Ainda na Espiral um ano crucial foi o de 1808, momento da chegada da Família Real a cidade do Rio de Janeiro, quando torna-se capital do Império português. O Banco do Brasil foi criado nesse ano (12.10.1808) pelo Príncipe Regente Dom Joao VI.
Outro momento importante é a inauguração no ano de 1906 do prédio da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Este edifício foi adquirido pelo Banco do Brasil (BB) no ano de 1922, que realizou adaptações na fachada e no seu interior, e o inaugurou como sua sede em 03.05.1926. Com a transferência da capital do Brasil no ano de 1960, a sede do BB foi transferida para Brasília e o prédio passou a ser ocupado pela Agencia Centro.
Atento ao desenvolvimento cultural, e querendo investir na área, o BB transformou a agencia em Centro Cultural no ano de 1989, criando uma das mais exitosas e reconhecidas instituições culturais do Brasil.
A seguir, a exposição apresenta um panorama do desenvolvimento da ocupação do edifício.
Mostra como ele foi equipado com os mais modernos equipamentos que existiam. Como exemplo é exposto um pneumático.
Detalhes da decoração do edifício são exibidos, deixando transparecer o seu caráter luxuoso.
A Revista Fon-Fon, importante veículo de comunicação no início do século XX, dedicou matéria em suas páginas sobre a inauguração do edifício do BB, como se observa numa das vitrines.
Há a reprodução cenográfica de um escritório de gerente do banco na primeira metade do século XX.
Visualizamos um touch screen que apresenta detalhes do funcionamento do CCBB-RIO, informando sobre os eventos no campo do teatro, cinema, exposição, música, entre outros.
Foram exibidas fotos antigas em contraste com fotos atuais de áreas do CCBB RIO, destacando as transformações pelas quais passaram os espaços.
E, a seguir, são exibidos importantes nomes da literatura que comentaram sobre a rua Direita.
Visualizamos a produção do artista visual Thiago Barros, que se apropriou de uma fotografia antiga do espaço, no caso a rotunda com guichês de atendimento, e inseriu as cores da bandeira do Brasil e da diversidade. Por cima da obra há uma fotografia claraboia do edifício.
E, para finalizar a primeira parte, foram expostas fotos de diferentes momentos do edifício.
Dando continuidade, temos uma segunda parte, com um conteúdo contemporâneo.
Artistas visuais e fotógrafos foram convidados para traduzirem em imagens o lado prático do edifício.
AF Rodrigues nos apresenta fotografias da relação do prédio com o seu entorno.
Bruno Bou Haya nos apresenta fotografias do funcionamento do centro cultural, com suas exposições e museu.
Thais Alvarenga nos apresenta fotografias da relação do público com o prédio, que se caracteriza por ser um relacionamento inclusivo.
Moara Tupinambá, artista indígena, nos apresenta a diversidade.

Uma foto do edifício do BB na década de trinta com o bicho preguiça na fachada; palmeiras no telhado; a formiga levando folha também na fachada; no jardim há animais, como o jacaré, a tamanduá; os carros da época circundante o edifício.
Na foto a seguir o lustre da rotunda preso a claraboia foi apropriado pela sucuri azul. Vemos o pirarucu nadando, o bicho preguiça admirando, vegetação, entre outros elementos.
A terceira foto é de uma mulher negra, nordestina, numa postura altiva, circundada pela flora e fauna nordestina.
E, a exposição finaliza com um Filme que projeta imagens dos visitantes que frequentam o CCBB, e a fala da atual gerente-geral do CCBB RIO, Sueli Voltarelli.
A exposição é contemplativa, informativa, didática, histórica e produtora de conhecimento sobre o edifício localizado na rua primeiro de março, 66, cuja história está entrelaçada ao contexto político, social e cultural da história do Brasil. E o mérito da exposição é mostrar essa íntima associação, cruzando a trajetória do edifício com a vida do país.
Para além da história, as artes plásticas, por meio dos seus artistas, dão um ar contemporâneo a exposição, retratando os usos sociais do prédio, e realizando apropriações de imagens do edifício e ressignificando as.
O público alvo é o mais amplo, abrangendo a todos aqueles que tenham interesse em conhecer a história do referido edifício, uma vez que apresenta uma linguagem de fácil compreensão.
Primeiro de Março 66 – Arquitetura de Memórias é uma exposição que narra a trajetória do edifício cruzando-o com a história do Brasil; apresenta obras de artistas plásticos que refletem sobre o uso contemporâneo do edifício e o seu entorno; e uma curadoria bem estruturada e fundamentada, que destaca a beleza e a centralidade do edifício na vida da cidade. Excelente produção de artes plásticas!