O texto narra a presença de uma mulher solitária em seu minúsculo apartamento. Ela está conectada ao mundo somente por meio do seu aparelho celular. Certo dia, ela recebe uma visita inesperada do trabalho. Ao tentar justificar sua situação de abandono, e atormentada por uma estranha presença, ela começa a falar ininterruptamente.
A personagem passou a comentar com a visita recebida sobre a sua família, os meses preferidos, a crença no horóscopo, entre outros.
A partir de um determinado momento da narrativa, como num momento de fuga da realidade, ela pira e deixa transparecer um pensamento retrógrado e conservador sobre os gays, a situação do país, o progresso lento, a pessimista visão da República, entre outros, assuntos tratados com um ar de arrogância e superioridade. Valorizou o presidente Getúlio Vargas, e os militares, os ditadores, argumentando que eles tentaram trazer o progresso ao país, e os demais nada fizeram.
A dramaturgia de Aline Klein nos apresenta essa personagem interpretada pela atriz Carol Duarte como uma figura enigmática, difícil de compreender, que se enquadra dentro de um pensamento conservador, que valoriza as tradições, e tem um discurso fortemente moralista e preconceituoso. Ela é reacionária, deixando transparecer um pensamento típico de uma representante da ultradireita, repleta de ódio no coração. Esse pensamento não respeita as diferenças, e ataca com violência gays, lésbicas, negros, ciganos, entre outros grupos minoritários.

Carol interpreta e se expressa bem, apresenta uma boa pronúncia, e se comunica bem com o público.
A protagonista está estática sobre o palco, com os pés inseridos num tecido, que lembra uma porção de terra na qual uma árvore está fincada. Faltou uma movimentação livre pela ribalta para dar uma maior intensidade a sua interpretação. Essa orientação do diretor Murillo Basso acabou por engessar a apresentação de Carol. Faltou maior liberdade de ação!
Os figurinos criados por Vive Almeida são simples e adequados, roupas utilizadas por uma mulher que está reclusa em seu apartamento.
A cenografia criada por Stéphanie Fretin é simples e adequada, é o aparamento da personagem, onde ela está só, solitária, adoecida emocionalmente, e recebe a visita inesperada.
A iluminação criada por Dimitri Luppi é adequada, e realça a atriz em seu gestual e atos interpretativos.
A Visita é uma boa apresentação teatral, com uma correta apresentação da atriz, e uma dramaturgia reflexiva sobre o pensamento conservador.
Boa produção cênica!