Durante todo o mês de abril e início de maio, encerrando na data de hoje, os freqüentadores do cinema do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Rio) se deliciaram com a excelente qualidade dos filmes exibidos na Mostra Pacino.
A produtora Fumaça Filmes nos presenteou com o que há de mais expressivo na carreira do ator no campo do cinema. Foram exibidos os melhores filmes protagonizados por Pacino, sendo que muitos deles foram exibidos mais de uma vez.
Não podia deixar de ser exibido a trilogia de O Poderoso Chefão, filme que marcou a expressiva carreira de Pacino no papel de Michael Carleone. Contudo, já foi bastante comentado.
Em O Poderoso Chefão II destaco o conjunto de cenas em que Michael foi a Cuba para tratar de negócios, numa época em que a Ilha ainda estava sob a presidência de Fulgêncio Batista, e o jogo imperava livremente. A cena da noite de reveillón em que Fulgêncio anunciou a tomada da Ilha pelos revolucionários de Fidel Castro é memorável. Pacino estava na festa da virada do ano e, assim que foi anunciada a vitória da Revolução, foi um dos primeiros a deixar o local, pegar o seu automóvel, e ir para o aeroporto para fugir da multidão que tomou conta das ruas de Havana, e invadiu a embaixada norte-americana. Não interessava mais para Pacino aquele lugar, pois o jogo passava a ser proibido, sendo extintos os cassinos. Nem para mais nenhum norte-americano!

Selecionamos três produções cinematográficas que Pacino estrelou.
Em primeiro lugar, Perfume de Mulher, produção do ano de 1992, de Martins Brest, no qual Pacino faz o papel de um militar aposentado que ficou cego. Por este trabalho ele recebeu o Oscar de melhor ator. E foi justo e merecido, coroando a carreira com a estatueta que todo artista de cinema almeja. No filme dois momentos são memoráveis: a cena em que ele dança tango no hotel com uma moça que aguardava o namorado chegar, e o momento em que ele dirige, acompanhado por Charlie, seu cuidador, uma Ferrari pelas ruas de New York, até ser interpelado por um policial.
Em segundo lugar, City Hall, produção do ano de 1996, de Harold Becker, na qual Pacino interpreta o prefeito John Papas de New York. O ator faz um prefeito preocupado em solucionar o crime que da morte acidental de uma criança envolvendo um policial e um criminoso, ao mesmo tempo em que tem que dar prosseguimento aos projetos para a capital, como a continuidades das obras do metrô. Um momento de ápice do filme se dá quando ocorre a cena do discurso do prefeito no âmbito de uma Igreja protestante, ligada à família da criança assassinada.

E, a terceira escolha foi Parceiros da Noite, produção do ano de 1980, de William Friedkin, no qual Pacino interpretou o policial Steve Burns, que teve de se passar por gay, para investigar uma série de assassinatos de homossexuais em New York. Dentre as cenas memoráveis do filme podemos mencionar aquela em que ele está de frente para o espelho se maquiando, e a que aparece dançando numa boate num ritmo alucinante.
Não podemos deixar de mencionar também Um Domingo Qualquer, produção do ano de 1999, de Oliver Stone, no qual Pacino interpretou o técnico de futebol americano Tony D’Amato. O filme mostra o dia-a-dia da vida dos profissionais de um time praticante do referido esporte, e Pacino é aquele que vai ser o responsável por manter o equilibro da equipe nos momentos mais difíceis.
Como também é impossível não mencionar Scarface, produção do ano de 1983, de Brian de Palma, na qual Pacino interpretou o chefe do tráfico de drogas em Miami. Tony Montana. Também uma atuação memorável de Pacino. Um das cenas mais marcantes da produção é a que Montana reencontra a sua família, mãe e irmã, mas é rejeitado pela primeira em função da sua vida criminosa.
Contudo, resgato o filme em função de uma das cenas mais violentas que já assistimos nas telas do cinema, logo no início, a que Montana ia ser cortado por uma moto serra. O filme é violência do começo ao fim! E, Pacino dá um show!

Em todos os filmes exibidos o que fica bastante transparente é a diversidade de agentes sociais que Pacino interpretou. E realizou com maestria, com atuações memoráveis e inesquecíveis, deixando a marca do profissional gigante que ele consolidou. Os filmes em que atuou são verdadeiras obras primas da cinematografia mundial, deixando assim seu nome selado no hall da fama de Hollywood.
Além da exibição dos filmes, a mostra também ofereceu um curso ministrado pelo curador da mostra o professor doutor Paulo Santos Lima, que tratou da história da atuação no cinema. O mestre nos brindou com excelentes palestras, nas quais foram exibidos power points, bem como trechos de filmes exemplares pelas atuações memoráveis dos seus protagonistas.
Também foi oferecido aos freqüentadores da mostra um encarte contendo cartazes da mostra e textos produzidos por críticos de cinema.
Portanto, Pacino é um projeto cultural de excelência, que exibiu relevantes produções cinematográficas, apresentou uma parte pedagógica ao oferecer um curso sobre propostas de atuação, e uma produção que cuidou com zelo e carinho de toda a organização da mostra.
Parabéns à Fumaça Filmes e aos gestores do CCBB-Rio por ter oferecido ao público tão nobre produção cinematográfica. Foi uma bonita homenagem ao ator norte-americano!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.