O texto de Rogério Corrêa é cômico, divertido, irônico, apresenta um humor ácido, é uma sátira política à história do Brasil, em especial ao período da chamada Nova República, salientando o período do governo Collor como presidente do Brasil. Portanto, a dramaturgia está centrada num passado recente, marcado por corrupções e descalabros.
A peça é divertida do início ao fim. Mas não é um besteirol, é uma crítica bem elaborada e humorada da vida política brasileira.

O elenco é integrado por quatro atores – Alexandre Galindo, Ângela Rebello, Letícia Isnard, Thadeu Matos – que tem uma atuação notável. Apresentam corretas e convincentes interpretações dos seus personagens. Estão cômicos e divertidos. Eles estão sintonizados e ajustados. Estão intensos e dinâmicos. Apresentam uma linguagem bastante crítica e debochada da política brasileira, em especial dos Anos Collor. E se comunicam bem com o público. Aliás, não há contracena entre os atores. A interlocução se dá direta com o público.
Não destacaremos um ou outro, pois o conjunto do elenco é o forte do espetáculo.
A parte final da apresentação, quando já estão todos embriagados, é a melhor parte. A podre política brasileira embriagou a todos. Somente bebendo para fugir das mazelas e dos dissabores da vida pública brasileira.
Mas esse porre é também de felicidade! Pois todos estavam comemorando, no dia 23 de junho de 1996, o assassinato de Paulo César Farias, um indivíduo corrupto, “sanguessuga”, que se beneficiava ilegalmente do dinheiro público em proveito de si.

A direção é de Isaac Bernat que deixou os atores a vontade no palco. Ele valorizou o texto e as interpretações dos mesmos.
Os figurinos criados por Margo Margot são bonitos, adequados aos personagens e de bom gosto.
A cenografia criada por Dóris Rollemberg é criativa e adequada ao espetáculo. São quatro mesas de bares com suas respectivas cadeiras nas quais os atores e atrizes realizam suas interpretações. Ao longo do espetáculo, eles vão trocando de mesa. E ao final estão embriagados.
A Iluminação é de Aurélio de Simoni que criou um desenho de luz bonito, adequado ao espetáculo, e que realça as interpretações dos atores em suas diversas cenas.
Mostra a Tua Cara é uma excelente peça de teatro, apresentando um tom cômico de crítica social ácida; uma dramaturgia forte e satírica; e, um elenco com uma atuação notável, cujo conjunto é o destaque.
Excelente produção cênica!