A ProArte Galeria, junto de Hilda Araújo Escritório de Arte, apresenta, na vigésima primeira edição da SP-Arte, um mergulho na arte brasileira do século XX. Composto por dois núcleos, o estande D04 reúne obras de importantes artistas modernos brasileiros e, junto deles, destaca um espaço para se pensar as proximidades entre a produção de Alfredo Volpi, Aldir Mendes de Souza e Arcangelo Ianelli. A feira acontece entre 2 e 6 de abril, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.
Muito embora pertençam a três gerações distintas, Alfredo Volpi (1896 – 1988), Arcangelo Ianelli (1922 – 2009) e Aldir Mendes de Souza (1941 – 2007) são pintores com obras em profundo diálogo. Do mais veterano ao mais novato, a pintura se desenvolve da figuração à síntese. Tendo os três iniciado suas trajetórias artísticas no campo figurativo, convergiram de modos distintos na elaboração de uma linguagem sintética centrada na cor. Volpi, das paisagens e marinhas, caminha a uma resultante complexa que envolve a tradição construtiva, a maestria italiana e os elementos culturais adquiridos no Brasil. Ianelli vai da paisagem à abstração geométrica, por fim subsumida nas suas irradiações tonais puras. Já Aldir, de início negociando com a figuração de acento paisagístico e com a abstração que dominava a década de 1960, período em que inicia seu percurso artístico, termina por se concentrar numa abstração geométrica centrada na cor. São três modos, a bem da verdade, singulares, de conduzir a pintura à sua sina moderna: a busca por seu fundamento mais elementar.




Das diversas expressões do modernismo brasileiro, o estande também contará com uma preciosa pintura de Candido Portinari. “Cavalos em debandada”, óleo de 1943, é um trabalho soturno do célebre pintor da segunda geração modernista brasileira. O destaque fica por conta de uma grande pintura de Djanira da Motta e Silva (Avaré, São Paulo, 1914– Rio de Janeiro, 1979). “Primavera”, pintura de 1969, afasta-se da recorrência temática que perpassa a obra de Djanira – o cotidiano, costumes, rituais afro-brasileiros e ofícios – para traçar uma relação frontal com a tradição alegórica. O violeiro e o flautista, junto das jovens que fazem a colheita das rosas, tudo isso envolto em uma exuberante vegetação florida, indicam que a pintora, não poucas vezes tida por primitiva ou ingênua, brinca com a tradição iconográfica ocidental. Música, floração, as jovens ao centro, tudo indica que a pintura reinterpreta o arsenal alegórico das estações do ano, inserindo nele os aspectos recorrentes de sua poética: a posição destacada da cor, certa melancolia e um especial efeito de simplicidade. A pintura em causa que a poética de Djanira envolvia uma discreta inquietação. Sem produzir exatamente uma ilusão de profundidade, a pintora, autodidata, coloca a intensidade da pintura em seu valor de superfície: o verdadeiro centro do interesse dessa grande tela é a abundância da floração, só capaz de ser assimilada nos valores tonais abertos das pequenas flores.
Serviço
ProArte Galeria e Hilda Araújo Escritório de Arte na SP–Arte
Local: Pavilhão da Bienal – estande D04
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 3 – Parque Ibirapuera – São Paulo
Visitação: 2 de abril para convidados; 3 e 4 de abril, das 12h às 20h; 5 de abril, das 11h às 20h; 6 de abril, das 11h às 19h
Ingresso: R$ 100 (inteira); R$ 50 (meia-entrada)