De 3 a 26 de outubro, o Teatro Dulcina – espaço cultural da Funarte no Rio de Janeiro – recebe o espetáculo “Limítrofe”, com texto inédito de Oscar Calixto e direção de Daniel Dias da Silva e Anderson Cunha. A montagem, que tem apoio do Programa Funarte Aberta, aborda as fragilidades emocionais da contemporaneidade por meio de uma “dramédia” – mistura de drama e comédia – que mergulha no universo das patologias psíquicas e convida o público à reflexão sobre a forma como lidamos com o sofrimento alheio.
A peça parte de um encontro improvável: três desconhecidos se veem juntos no telhado de um prédio de 20 andares, cada um à beira do desespero e disposto a dar fim à própria vida. Ali, Cláudia (Malu Falangola), uma bailarina recém-saída de um ensaio; Paschoal (Raphael Najan), um ator de televisão; e Marcos (Oscar Calixto), um escritor em crise, iniciam uma conversa tensa, irônica e profundamente humana. Entre debates filosóficos, análises psicológicas, confissões dolorosas e momentos de humor, os personagens constroem uma trama imprevisível sobre os limites entre a razão e a emoção.
Segundo o autor e ator Oscar Calixto, o espetáculo nasce da observação de uma sociedade que vem naturalizando o adoecimento coletivo.
“Vivemos tempos em que os absurdos se tornaram normais. Os índices de depressão e suicídio crescem, e a peça traz esse alerta. Ela questiona o que está acontecendo com o mundo do trabalho, com a lógica das redes sociais e com o modo como estamos lidando com o sofrimento. ‘Limítrofe’ é, antes de tudo, um convite à empatia”, afirma.
Construída com o apoio de psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, a dramaturgia dialoga com pensamentos de Freud, Jung, Lacan e Zygmunt Bauman, abordando de forma leve temas como o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) – marcado por impulsividade e instabilidade emocional. A peça utiliza o humor e a poesia como meios para tratar assuntos delicados, promovendo conscientização e acolhimento sem abrir mão do entretenimento.
A proposta se apoia também em um recorte social: o Brasil, segundo a International Stress Management Association (ISMA), é o país com maior número de pessoas ansiosas no mundo e um dos líderes em casos de estresse e transtornos mentais. “Limítrofe” propõe, assim, ser um espaço de reflexão e resistência, incentivando o público a pensar sobre saúde mental e autocuidado.
“Vivemos mergulhados em telas e em excesso de informação. É urgente resgatar o tempo da contemplação, da escuta e do encontro genuíno. Como dizia o educador Pierre Weil, estamos nos tornando ‘seres normóticos’ — pessoas que acreditam ser normais hábitos e pensamentos que, na verdade, nos adoecem. O espetáculo quer propor justamente o contrário: desacelerar, olhar e sentir”, explica Oscar.
Durante a temporada, 10% dos ingressos serão destinados gratuitamente a ONGs, estudantes da rede pública e profissionais da saúde. Além disso, debates com especialistas em saúde mental (psiquiatras, psicanalistas e psicólogos) ocorrerão em quatro datas ao longo do mês, que serão anunciadas pelo Instagram @espetaculolimitrofe.
Cada apresentação também contará com um convidado surpresa, revelado apenas durante a encenação.

Serviço
Espetáculo: Limítrofe
Texto: Oscar Calixto
Direção: Daniel Dias da Silva e Anderson Cunha
Elenco: Oscar Calixto, Malu Falangola e Raphael Najan
De: 3 a 26 de outubro de 2025
Dias e horários: Quinta a sábado, às 19h | Domingo, às 18h
Classificação etária: 14 anos
Duração: 75 minutos
Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia-entrada)
Vendas: Sympla e bilheteria do teatro
Local: Teatro Dulcina – Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Instagram: @espetaculolimitrofe
Texto: Rodolfo Abreu (@rodolfoabreu)
Imagens: Divulgação


