Um movimento de educação e entretenimento tem chamado atenção na cena cultural de Niterói. São as realizações da Scuola Di Cultura, com teatro, exposições, aulas, rodas de conversa, entre outras atividades. À frente da instituição está Fabrizio Sassi – um apaixonado pelas artes e pela cultura que começou sua carreira no mundo corporativo e hoje se dedica totalmente à Scuola di Cultura. Atualmente organiza o 1º Festival de Solos de Niterói, apresentando gratuitamente, de 9 a 13 de setembro, cinco monólogos premiados no Teatro GayLussac, em São Francisco, promovido pela Scuola di Cultura e pela Secretaria de Cultura de Niterói.

Foi há cerca de 15 anos que Fabrizio se aproximou mais das artes e pôde perceber o poder de mudança e de transformação social das artes. Em 2016 fundou a Scuola di Cultura, um centro cultural sediado em Niterói, que funciona com oferecimento de cursos, mas também apresentando espetáculos teatrais e musicais, entre outros eventos.
Formado em Engenharia pela UFF, Fabrizio tem MBA em Marketing, Gerenciamento de Projetos Incentivados, além de certificação internacional de Gerenciamento de Projetos. Atuou por mais de 25 anos na Diretoria de Marketing de um dos maiores grupos empresariais nacionais, criando produtos e serviços para empresas, gerenciando ciclo de vida de produtos. Sempre direcionado pela inovação e por práticas de ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, que significa “Ambiental, Social e Governança” em português), chegando a criar o maior programa de geração privada de energia distribuída do Brasil.
A formação e a experiência de trabalho e de vida de Fabrizio se refletem também na administração do centro cultural. A ESG continua na Scuola di Cultura, onde 80% da energia elétrica advém de uma fazendo solar, 95% das lâmpadas são com tecnologia de led (no teatro, algumas ainda são tradicionais), 5% da água vem de reuso.

Em entrevista para Rodolfo Abreu, o fundador da Scuola di Cultura, Fabrizio Sassi, fala dos projetos atuais e futuros do centro cultural.
Como surgiu a Scuola di Cultura, qual seu objetivo e campo de atuação?
Fabrizio: #arteparavivermelhor… essa é nossa missão. A Scuola di Cultura é um Centro Cultural criado para o desenvolvimento das artes. Acredito no poder transformador dela… uma forma que encontrei para uma sociedade melhor.
Me lembro quando criança, tive uma experiência muito ruim no aprendizado de violão… nunca mais toquei em um instrumento. Daí, sei bem o afastamento que se cria com uma experiência ruim, e por muitos anos não me aproximei nem da música, nem de qualquer outra arte, à exceção do cinema. Me reencontrei com a arte aqui na Scuola, criando ambientes e projetos que gerem experimentações positivas e aproximar as pessoas das artes.
Desse reencontro surgiu o Centro Cultural de Artes – Scuola di Cultura… carinhosamente chamada de Scuola di Cultura. Nela criei um ambiente onde os artistas podem desenvolver suas ideias, experimentar suas criações e trazer os frequentadores para dentro de suas criações, seja uma oficina, um curso livre, grupo de estudo… e de forma transversal às diferentes artes.
Na Scuola, temos Teatro, Dança, Desenho, Tecido Acrobático, Ginástica Rítmica, Corte, Costura e Modelagem, Cultura e Idioma Italiano, Clube do Literatura, Escrita Criativa, encontros culinários… todos projetos criados pelos próprios artistas… e tem muito mais!!! Temos nossos projetos especiais: Festivais, Teatro, Exposições e Games.
Fale um pouco dos trabalhos recentes que a Scuola di Cultura produziu.
Fabrizio:
– Itapuca, O Musical: espetáculo de teatro musical celebrando a rica herança indígena do Brasil, com dramaturgia e músicas autorais, inspirado na lenda da pedra de Itapuca, que em curtíssima temporada no Theatro Municipal de Niterói bateu recorde de público.
– Realização de Exposições: Luzes da Coreia MAC, trazendo a cultura coreana para dentro do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, batendo recorde de público com 107 mil visitantes que puderam fazer uma imersão em túneis de lanternas, conhecerem as vestimentas e terem contato com um pouco da tradição de uma cultura milenar; Art with Python, criando artes visuais impressas em fine art, arte generativa, criadas através da linguagem de programação Python, exposta em comunidade, escolas e no Caminho Niemayer durante o NitGeekFestival com mais de 5.000 visitantes.
– Programa Pontes Interculturais: Da paixão pelo teatro musical e pela admiração no processo que envolve a realização de uma exposição, em 2023/2024 criamos um programa chamado Pontes Interculturais. Este programa é constituído por projetos que abordam diferentes culturas. Aqui, mais uma transversalidade, onde as duas primeiras pontes interculturais criadas no programa que foram com a cultura indígena e com a cultura coreana, utilizaram-se de diferentes expressões artísticas, respectivamente, Teatro Musical com Itapuca, O Musical e Exposição, com Luzes da Coreia MAC, ambos realizados em 2024.
– Festival de Teatro Musical de Niterói: vamos para a 3ª edição em 2025. Criamos este festival para troca de experiências por ter grupos também de outras cidades e estados, e também desenvolver as artes. O teatro musical trabalha a interpretação, canto e dança demandando essa transversalidade das artes em um espetáculo. Nas duas edições anteriores, somamos mais de 200 inscrições e obtivemos uma taxa de ocupação superior à 80% do teatro.
– Festival de Solos: estamos em 2024 em nossa primeira edição. O fato motivador da criação do festival de solos foi demonstrar ao público que é possível degustar de uma apresentação incrível, mesmo com um único ator em palco, alinhado com o propósito da experimentação. E para o público estudante e atuante nas artes cênicas, também é uma oportunidade de troca com especialistas e referências nessa prática. Nesta primeira edição foram mais de 160 inscrições, dando muito trabalho para nossa curadoria.
– Scuola di Teatro Lucia Cerrone: um curso de 360º para jovens da rede pública de ensino, onde eles têm 6 meses de aulas de interpretação, cenário, figurino, iluminação e movimento, com especialistas das áreas. As aulas foram no teatro da Scuola di Cultura e nos palcos dos diferentes teatros de Niterói (Teatro GayLussac, Teatro Popular, Teatro UFF e Theatro Municipal). Muitos deles entraram no teatro pela primeira vez… e pelo palco. Ao longo do curso, o projeto contava com transporte ida e volta para os alunos entre o colégio e a Scuola, alimentação na Scuola, uma montagem profissional realizada no Theatro Municipal de Niterói com casa lotada, exposição fotográfica do processo e um livreto fotográfico, também do processo que eles poderão utilizar como evidência de curso e experiência para obtenção do DRT.
Importante ressaltar o investimento realizado pela Scuola em desenvolvimento da experiência em editais de cultura, através de fomento direto ou de renúncia fiscal. Esta expertise permitiu a realização de alguns desses projetos especiais.

Na sua visão, qual a importância da cultura e das artes para a população em geral?
Fabrizio: Educação e cultura andam lado a lado e são elos essenciais na engrenagem de uma sociedade melhor. Acesso à cultura traz conhecimento e questionamentos, que instigam o cidadão ao conhecimento e ao questionamento, e assim, cria-se uma espiral positiva pela busca por mais cultura, mais educação, mais questionamento, mais aprendizagem, mais cultura, ….
Vimos que a Scuola di Cultura tem uma variada programação cultural, além dos cursos. Fale um pouco sobre o que a instituição oferece para a população em geral, além dos alunos matriculados.
Fabrizio: Estamos sempre atentos aos movimentos da sociedade e a formas de aproximar a cultura do público. Assim, adicional aos projetos especiais citados, também desenvolvemos espetáculos teatrais infantis, para além de transmitir cultura para as crianças, apresentar o teatro para elas, nosso futuro público. Criamos pautas na sala Pirandello para outros espetáculos teatrais e apresentações de bandas. Clube de literatura sempre presente e também apoiamos projetos de educação, cultura e empreendedorismo, como o encontro do grupo Mulheres do Brasil em Niterói.

Como foi a idealização do 1º Festival de Solos de Niterói e o que está trazendo de importante para a região metropolitana do Rio?
Fabrizio: Na Piazza Italia, por vezes temos nossos bate papos com os artistas que estão próximos da Scuola. Conversamos sobre ideias, projetos, como criar experimentação e aproximar as artes com o público, e vice-versa. A partir da experiência bem-sucedida do Festival de Teatro Musical de Niterói, criamos este Festival de Solos. Festival é sempre uma oportunidade incrível de troca de experiências.
Que tipos de projetos e eventos a Scuola di Cultura pretende realizar nos próximos meses ou anos que estão em planejamento?
Fabrizio: Projetos de espetáculos musicais estão na lista. A realização desses projetos é eletrizante. Um carinho muito grande pelos festivais garantirá a continuidade de ambos, de Solos e de Teatro Musical. Exposições também estão na mira, por ser um formato que permite a imersão do público. Alguns desses, como extensão do programa de Pontes Interculturais. E um pilar novo, que também é transversal à todas essas artes, GAMES. No 4º trimestre de 2024 lançaremos um game que terá Niterói como cenário, muitos recursos de acessibilidade após treinamento sobre acessibilidade em games e com o envolvimento de uma especialista no assunto que está participando do desenvolvimento. Neste game também trouxemos uma novidade super importante no processo de criação: treinamento de salvaguarda. Todos da equipe foram treinados acerca da salvaguarda, que cria uma cultura de proteção à criança e uma cultura de cuidado com a infância e adolescência. Aliás, todos os funcionários da Scuola têm esse treinamento, com atualização anual.

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Entrevista por Rodolfo Abreu
Imagens: Divulgação / Scuola di Cultura