Steffen Dauelsberg é economista pela UFRJ, com pós-graduação em análise de investimentos. Diretor executivo da Dellarte Soluções Culturais, uma das principais produtoras de Live Entertainment na América Latina. Fundada em 1982, a Dellarte é uma produtora de soluções culturais que combina talentos, orquestra o improvável e encanta a crítica no Brasil, na América do Sul e no mundo. Já são mais de 1.500 apresentações para três milhões de apreciadores, admiradores e amantes da música clássica, ballet, jazz, ópera e o que há de mais emocionante no cenário cultural.
Em foco – Qual foi a maior realização da Dellarte nestes 40 anos?
Steffen Dauelsberg – O maior desafio nesses 40 anos foram as atividades ininterruptas que a gente conseguiu levar, mantendo as nossas programações, com crise, sem crise, com inflação, sem inflação, com dólar em alta, ou não. Esse talvez tenha sido nosso maior feito empresarial, de termos colocado no Rio de Janeiro e em outras capitais uma programação de continuidade.
Em foco – Você como economista, como se enquadrou na área artística e por quê?
Steffen Dauelsberg – Não existe uma atividade mais arriscada que a promoção cultural. Ainda mais com o advento dos incentivos fiscais. Eu trabalhei no mercado financeiro por vários anos da minha vida e não tive operações mais arriscadas, seja na bolsa, seja no mercado secundário, do que nós produzimos com diversos projetos realizados na área cultural. Realmente não tem nem comparação. A cultura precisa de economia para conseguir viabilizar os seus projetos através do conhecimento de incentivos fiscais, ou seja, com projeções, alternativas e criatividade, para que os projetos sejam concretizados.
Em foco – Um sonho a ser realizado.
Steffen Dauelsberg – Os sonhos são os nossos pilares básicos, seja na formação de novas plateias – a gente quer ver os teatros com menos cabecinhas brancas e mais jovens, apoio aos nossos jovens talentos, que pulam por tantos cantos e recantos do nosso Brasil, e atualmente perdemos pessoas de níveis extraordinários, porque não encontram área de atuação, não encontram oportunidades. Isso é uma coisa que nos dói muito, essa perda de talentos que o país exerce todos os anos. E é nesse sentido que o Instituto Dell’Arte e a própria Dellarte se esmera e se esforça, justamente para que, até onde possível, a gente abra as portas, indique caminhos e ajude a pavimentar carreiras para que esses jovens possam brilhar.
A descentralização cultural também é um sonho que a gente já vem realizando na prática, seja com programações no interior do Estado do Rio de Janeiro, em cidades que não sejam as capitais ou em capitais do sul e do nordeste. Então esse é um caminho que nós também assumimos como sendo um dos nossos pilares e, por que não, um dos nossos sonhos.
Em foco – Uma frase sua preferida.
Steffen Dauelsberg – A frase preferida é um dos nossos mantras. A frase não é minha, é de Virgílio, que a Dona Myrian Dauelsberg, nossa presidente, sempre usa para caracterizar bem o nosso trabalho e a Dellarte: “a sorte protege aqueles que ousam”. E é exatamente isso. Nestes 40 anos nós ousamos muito e essa ousadia nos trouxe sorte. Claro, também com muita competência, muito trabalho, muito esforço, mas tudo isso tem que ter uma pitada de sorte, para que a gente consiga seguir em frente.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação