Em foco – Olá Elissandro! Onde você nasceu? Infância e adolescência? Ensino fundamental e médio?
Elissandro de Aquino – Nasci em Duque de Caxias, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Se, para uma criança pobre, lhe faltavam opções, o imaginário assumiu um lugar primordial na minha condução criando um diálogo fantástico com nuvens e horizontes. Também tive uma educação rígida, como filho de nordestinos, meus pais supervalorizam a educação formal. Esses dias visitei uma escola e havia essa mensagem num quadro “quando se nasce pobre, ser estudioso é o maior ato de rebeldia”. Sempre tivemos esse pensamento em casa. Estudei em escolas públicas e me formei em Licenciatura em Língua Portuguesa, pela Estácio de Sá.
Em foco – Qual é a sua formação? Quais foram os professores que mais lhe agradaram? Como estava estruturado o curso?
Elissandro de Aquino – Além da licenciatura, fiz especialização em Psicodrama. Coaching e produção. Hoje faço especialização em Economia Criativa pela PUC-Rio. Quando penso em professores, me instiga os mais provocadores, com capacidade de síntese, autoridade e conhecimento. Eles me inspiraram e até hoje me inspiram, mas a Professora Jussara, a que me ensinou a ler é, sem dúvida, a mais importante na minha trajetória.

Em foco – O que define um texto de teatro? Quais são as suas características?
Elissandro de Aquino – Texto teatral é feito para o ator. A gente precisa desse corpo para gerar tridimensionalidade. O texto de teatro se doa generosamente a mais camadas que são lançados a partir do texto: direção, luz, preparação corporal, cenário. O texto é o grande guia. O primeiro elemento desse trabalho coletivo que acontece para o público, novamente um coletivo.
Em foco – Como você avalia a produção literária brasileira para o universo infantil no campo teatral? Há obras de qualidade surgindo?
Elissandro de Aquino – Temos Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Cecília Meireles. Nossos livros infantos são bem feitos, com ilustrações que compõe o diálogo com o texto, aguçando o olhar para a criança. Gosto muito do trabalho do Bartolomeu Campos de Queirós e de Marina Colassanti.
Em foco – Quais são os autores que lhe servem como referência?
Elissandro de Aquino – Ariano Suassuna, Clarice Lispector, Gil Vicente, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Cecília Meireles. Há pouco tempo conheci o trabalho de Aline Bei.
Em foco – Como você avalia o universo educacional brasileiro no tocante ao ensino médio?
Elissandro de Aquino – As escolas se sobressaem quando apresentam indicadores de aprovação no Enem. Elas se tornaram mais conteudistas. Não é fácil para o aluno e também não é confortável para o docente que tem uma carga alta de temas a serem preenchidos. Penso ser importante o caminho do meio nesse quesito, isso significa trabalhar conteúdos, mas ir além…

Em foco – Comente sobre o livro de sua autoria Rio de Gentileza.
Elissandro de Aquino – Rio de Gentileza é inspirado numa lenda tendo como mote a palavra indígena “carioca” que quer dizer “casa de branco”. Alguns ícones da cidade foram incluídos, como o Profeta Gentileza que é quem conta a história. O livro a construção da cidade do Rio de Janeiro e também aprofunda temas como Gentileza nas relações e o cuidado com o planeta e com as nossas águas.
Em foco – Quais são os seus projetos futuros?
Elissandro de Aquino – Estamos em circulação com a peça Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus com temporada em Fortaleza, Salvador, Minas Gerais e São Paulo. Também estou produzindo adaptação do livro “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola” de Maya Angelou e iniciando a pesquisa para Cruz e Sousa.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação