Um curto perfil do ator e encenador João Fonseca.
Diretor de teatro, cinema e televisão.
Paulista de Santos, nascido em 19/08/1964. Com mais de 25 anos de carreira tem em seu currículo mais de 70 espetáculos dos mais diversos gêneros!
Em foco – Como surgiu o interesse pelas artes cênicas? Qual é a sua formação enquanto ator? Quais foram as principais referências para a sua formação?
João Fonseca – Sempre amei teatro e cinema! Infelizmente não tive formação acadêmica nenhuma, aprendi com a prática trabalhando com grandes mestres que são a minha referência: Antunes Filho, Zé Celso, e, principalmente, Antônio Abujamra.
Em foco – Como você define um diretor de teatro? Qual é a função principal exercida pelo diretor? Como é construída a relação entre o diretor e o elenco?
João Fonseca – O dramaturgo é o autor do texto escrito, e o diretor é o responsável por traduzí-lo no palco! Por isso que podemos ter montagens diferentes do mesmo texto! O Romeu e Julieta escrito pelo Shakespeare é o mesmo, mas daí vem o diretor e resolve como ele vai ser encenado! A relação do diretor com o elenco é de entrega e confiança mútua! Todos se unem para dar vida a uma história!
Em foco – Você tem dirigido inúmeros musicais de sucesso. O que
é necessário de fato para que um musical como Tim Maia seja realizado e concretizado?
João Fonseca – Antes de mais nada, paixão pelo que vai fazer e depois muito trabalho!! Um musical original é um salto no escuro, mesmo os biográficos que contam com músicas e personagens conhecidos! É algo absolutamente inédito e de muita responsabilidade!
Em foco – Na cidade do Rio de Janeiro, os teatros são adequados para receber grandes musicais?
João Fonseca – Infelizmente temos poucos teatros para receber grandes musicais, mas o Teatro Riachuelo, o Multiplan, e a Cidade das artes são exemplos de teatros capazes!
Em foco – Um dos diversos musicais de sucesso que você dirigiu foi Beijo no Asfalto, texto de Nelson Rodrigues, no teatro Sesc Ginástico, que você adaptou para o gênero musical. Como foi transformar um texto de Nelson Rodrigues para o campo musical?
João Fonseca – Uma ousadia, uma vez que o texto do Nelson é perfeito e não precisa de nada!! Mas o Cláudio Lins levou anos pesquisando e estudando para que a música entrasse de forma orgânica e necessária e assim surgiu o musical!! As músicas entravam para nos falar do sentimento dos personagens e complementavam lindamente a história!
Em foco – Uma das peças que você dirigiu de maior sucesso foi Minha Mãe é Uma Peça. Como foi trabalhar com o Paulo Gustavo? A sua ausência é uma lacuna a ser preenchida?
João Fonseca – Paulo Gustavo era um gênio e como tal insubstituível!! Mas o seu talento e o seu trabalho vão permanecer influenciando muitas gerações de comediantes e atores e tenho certeza que muita gente boa vem por aí!
Em foco – Você está no CCBB RIO com o musical Kafka e a Boneca Viajante, sucesso de critica e de público. Como foi o processo de construção desse musical? Como se deu a adaptação do texto da literatura para o campo teatral?
João Fonseca – Foi lindo!! O Rafael Primot é um grande parceiro e nos deixou a vontade para que eu e a equipe criássemos durante os ensaios!! Ele foi muito feliz em partir do livro e viajar para além desse material. E, assim construir uma obra totalmente original!!
Em foco – Quais são os seus projetos futuros?
João Fonseca – Um monólogo do Saulo Segreto, um texto espanhol chamado A Pedra Escura sobre os últimos dias do amante de Lorca, e um musical sobre Tom Jobim!
Em foco – Vale a pena ser ator e diretor em terras brasileiras? Vale a pena investir no mercado teatral? Comente.
João Fonseca – A vida é muito curta, vale sempre a pena fazer o que se ama! Se é um mercado bom para investir não sei responder, mas se houvesse um investimento estatal e um olhar sobre a importância e a capacidade do setor de gerar dinheiro e emprego, com certeza seria! Somos um dos maiores produtores de musicais do mundo e não temos uma Broadway, nem uma Corrientes, que atraem milhares de turistas para Nova York e Buenos Aires!