A montagem foi concebida pelo Grupo Oficcina Multimédia, que é dirigido pela experimentada Ione de Medeiros. Convém sublinhar que a montagem insere-se no contexto de celebração dos 45 anos de atuação ininterrupta da companhia de teatro mineira, e 40 anos de direção artística de Ione de Medeiros.
A trama parte do acidente trágico que acometeu Alaíde, no bairro da Glória, na cidade do Rio de Janeiro. Ao atravessar a rua, um carro sendo conduzido em alta velocidade a atropelou, e a arremessou para cima, ocasionando inúmeros ferimentos e a deixando em estado grave. Ao ser levada ao hospital, entrou em estado de choque. Na mesa de cirurgia, sua mente está vagando, deixando transparecer seus sonhos inconscientes e desejos mais inconfessáveis.
A partir desse momento, a trama toda passa a se desenrolar. Alaíde sofreu o acidente. Está inconsciente. E, toda a trama passa a se desenvolver a partir do interior da sua mente. Partindo então do inconsciente, não há um ordenamento cronológico dos fatos. Pelo contrário, há um embaralhamento deles. Como está voando na imaginação, sua mente foi levada pela fantasmagoria, e há toda uma mistura da narrativa factual. Ela mescla presente e passado, coisas que aconteceram com aquelas que não aconteceram. Tudo se torna ilusão. Ela delira em seu estado inconsciente.
No hospital, entre a vida e a morte, Alaide começa a narrar sua história. E, para isso, contará com a ajuda de Madame Cleici, uma prostituta que trabalhava no bordel. Esta ajudará a montar os caquinhos da história de Alaíde, que está acidentada, e não lembra de nada. Ela ajudará Alaíde a reconstituir sua identidade.
Alaíde é irmã de Lúcia. Ambas disputam o amor do mesmo homem: Pedro. Alaíde se casa com Pedro. E, depois de Alaíde morta, Lúcia é quem irá se casar com Pedro. E, quem dará o bouquet á noiva, é a irmã falecida, que submerge das profundezas para selar o matrimônio. No fundo, elas são uma única pessoa, a mesma coisa.
A questão central da peça é uma reflexão sobre a mente humana e o universo dos desejos inconscientes. A pergunta a ser feita é: quem somos nós? Não sabemos responder. Temos que conhecer o nosso interior, os fantasmas que rodeiam a nossa mente. Vestido de Noiva é uma alucinação.
A montagem dirigida por Ione de Medeiros é de deixar a todos perplexos, uma vez que possibilita o público compreender de forma fácil uma história que é confusa, que não tem uma narrativa cronológica, pois é a mente de Alaíde, o seu inconsciente, quem dá as rédeas do texto. Sonhos, delírios, fantasias, fantasmas. E, nesse mar de confusão, de fatos desconexos, Ione dá uma direção, uma ordem. Para facilitar o entendimento, ela se utiliza de vídeos que se transformam em excelentes ferramentas didáticas para o auxilio da narrativa da mensagem da peça, colocando assim um narrador.
Além desse aspecto, no cenário que remonta um quarto do hospital, tudo se movimenta. Cadeiras e macas com rodinhas vão para a frente e para trás, e também se movimentam em zigue-zague. Os corpos dos atores também se movimentam num ritmo coreográfico, acompanhando o ritmo dos objetos. E, assim a história contada não ganha um ar monótono.
Os figurinos são simples e ajustados à peça. Os atores usam camisa e calça preta. E as atrizes vestidos brancos, como se fossem noivas.
O elenco, como um todo, é perfeito, e está muito bem ajustado. Todos atuam com garra e segurança. Os atores agem, correm, se movimentam, dançam. E, fazem papéis masculinos e femininos, independente do sexo.
Vem! Ótima Montagem!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.