A concepção e adaptação é de Hélio Bejani e Jorge Teixeira, d’après Marius Petipa e Lev Ivanov. O balé é encenado em quatro atos.
Reafirmamos a importância do espetáculo de balé ser acompanhado por uma orquestra, no caso a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Tobias Volkmann. Este último comandou com pulso rígido o conjunto de músicos, nos brindando assim com a música de pura emoção, de incrível beleza, composta pelo inspirado e genial Tchaikovsky. Portanto, excelente o casamento da orquestra com o corpo de baile.
Lago dos Cisnes narra a história do príncipe Siegfried, interpretado por Cícero Gomes, e da jovem Odette, interpretada por Juliana Valadão. Esta é uma princesa nascida em berço de ouro, que foi transformada pelo bruxo Von Rothbart – interpretado por Carlos Cabral – em cisne, assumindo a forma humana apenas algumas horas durante a noite. Conta a lenda que o lago habitado pelos cisnes, foi formado pelas lágrimas de suas mães. Odette se libertará do feitiço se um jovem virgem jurar eterna fidelidade a ela, porém se a trair, ela permanecerá cisne para sempre. Siegfried compreende que a bela e triste Odette é o seu grande amor e ela imagina ter encontrado o seu salvador. O casal se apaixona, trocam juras de amor e prometem se unir contra o bruxo e sua filha Odille.
Juliana Valadão está impecável, esbanjando técnica e graciosidade em sua dança. Transparece pureza e delicadeza no papel da cisne Odette.
Cícero Gomes faz um Siegfried romântico, um príncipe elegante, apaixonado pela bela Odette. Está tao apaixonado por ela que a consegue ver em Odille, o cisne negro, a filha do bruxo, quase sendo ludibriado.

No segundo ato, no nosso ponto de vista o ponto alto da apresentação, o bailar dos cisnes brancos envolve técnica, beleza, e emoção. O branco é luz, exala amor, paixão, e sentimento verdadeiro.
Odete e Siegfried esbanjam, num momento de extrema felicidade, a capacidade de conciliar a técnica perfeita, com movimentos precisos, e emoção, exalando graciosidade. O lugar do sentimento também transparece na dança do par. Os dois bailarinos realizam pax-de-deux repletos de técnica e romantismo.
O personagem do Bobo da Corte foi feito por Luiz Paulo Martins, de forma magistral, unindo a técnica apurada ao lado cômico, jocoso.
Carlos Cabral faz um bruxo Von Rothbart malvado, astuto e ardiloso que transformou as jovens moças em cisnes, para que somente sua filha Odille, o cisne negro, consiga se casar com o príncipe. Mas, a sua farsa, foi descoberta. O preto significa trevas, escuridão, mentira, perversidade.
O corpo de bailarinos que integram o elenco exibe versatilidade e competência em danças de caráter folclórica, sobretudo no terceiro ato, quando são apresentadas danças espanholas, napolitana, húngara, mazurka, entre outras, e sutileza no bailar dos cisnes brancos. Todos dançam o balé de maneira impecável.

A riqueza e o bom gosto dos figurinos e cenários também é algo a ser destacado. O figurino da rainha em tom verde e branco é de luxo e beleza. Além do cuidado com os mínimos detalhes da produção.
A iluminação criada por Paulo Ornellas é bonita, e adequada ás diversas cenas do espetáculo. Nada de efeitos sofisticados.
E, para finalizar, sublinhamos que, nos quatro atos, podemos perceber a mão firme dos diretores artísticos, Helio Bejani, e Jorge Teixeira, que conduzem com maestria o espetáculo que mescla técnica e emoção, e enlaça juventude e experiencia para nos proporcionar essa belezura de montagem.
Excelente produção de balé!
Texto de Alex Gonçalves Varela.