A mostra apresenta 20 (vinte) obras da artista natural do Espírito Santo. No conjunto estão incluídos pinturas, cianotipias, instalações e colagens. E, todas são na cor azul, porque a exposição é produto de uma pesquisa de Kika sobre a referida cor.
O azul está na bandeira do nosso país, no espaço sideral, nas águas do oceano que nos leva ao “ultramar”, no céu, no sangue “azul” da nobreza, no pavilhão de inúmeras agremiações carnavalescas, e, no lindo pássaro azulão, entre tantas outras coisas. É esse azul que a artista nos traz, nos faz ver e sentir, e nos emocionar.
Engana-se quem pensa que a exposição está montada numa galeria exclusiva dentro da Casa Museu. Pelo contrário, ela ocupa todos os espaços do local, interagindo com as coleções de Eva Klabin. E aí está o ponto-chave da mostra: a interação entre os produtos da artista expositora com os elementos do espaço.

Por exemplo, numa sala você entra e visualiza um quadro contemporâneo idealizado por Kika retratando um homem ou uma mulher negros no meio de pinturas dos séculos XVIII e XIX, ou entre as coleções egípcias. Convém lembrar que os homens do Egito Antigo produziam o azul por meio de um pigmento, e os persas também o utilizaram.
Esse é o ápice da exposição, que faz dialogar passado e presente, tempos pretéritos e contemporâneos.
O trabalho da artista Kika Carvalho mandou um bilhete azul para a tristeza, exalou poesia e sensibilidade, e convida a todos a vir visitar a sua Ultramar.
Ótima exposição!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.