O texto de Sandra Coelho e Leandro Maman é voltado para a primeira infância, colocando o personagem Pistache, o bebê, como protagonista; poético; lúdico; utiliza bonecos da cultura popular; explora a tecnologia, por meio de imagens em telas de LED; mescla a oralidade e a imagem; pedagógico.
O texto apresenta uma família constituída por Benedito e Margarida, e o pequeno Pistache, o bebê. Este último é colocado no bercinho para dormir pelo papai. Mas, ele não quer obedecer às regras da infância, de que a noite foi feita para os pequeninos dormirem. Aproveitando que o pai foi descansar, Pistache subverteu a ordem e se juntou ao Boi Estelo para juntos viajarem pelo mundo da imaginação e da fantasia, em uma jornada que tangencia os ciclos de morte e renascimento.
Os autores exploram o subconsciente do bebê, seus sonhos, uma vez que nessa fase ainda não há mente consciente. E, nessa mente ainda em formação de Pistache, a autora insere os elementos da cultura popular, que vêm em seus sonhos como a alma, o urubu, o jaraguá, a cobra grande, o diabo, entre outros.
Pistache, em seu sonho, viu a Alma levar o seu boizinho. E ele foi da Terra ao inferno e subiu aos céus para trazê-lo de volta. Até à benzedeira recorreu!
A peça é realizada por meio de bonecos, no âmbito do chamado teatro de luva. E o ator-animador Leandro Mann realiza de forma correta e adequada todo o manejo e interpretação. Ele utiliza uma linguagem voltada para os pequeninos, brinca com eles, diverte-os e faz até mágica, fazendo desaparecer o Leandrinho. As crianças no seu “tatame”, espaço para elas reservado, assistem atentamente, algumas inquietas, e retornam com prazer e satisfação. E, numa boa, curtem o tema da morte!

A direção de Sandra Coelho é correta e adequada, ao associar a primeira infância com os elementos da cultura popular, construindo assim um espetáculo leve e gracioso onde o bebê assume o protagonismo.
A Ambientação sonora ao vivo é realizada por Hedra Rockenbach, que embala com canções animadas e divertidas, com letras simples e de fácil cantoria, como “Vem Boizinho, Vem!”.
Os bonecos produzidos por Leandro Maman são criativos, bem realizados, e de bom gosto.
A cenografia de Leandro Maman é constituída por painéis digitais de LED, onde são exibidas diversas imagens centrais para a narrativa do texto.
Antes de entrar na história propriamente dita do bebê e do boi babau, há a apresentação do palhaço fogueteiro, que consideramos desnecessária e poderia ser inclusive excluída da apresentação.
Excelente produção cênica voltada para a primeira infância!



