A mostra apresenta trinta fotografias que integram a obra intitulada Êxodos, produzida pelo já mencionado fotógrafo no ano de 2000, e plenamente atual.
O conjunto das fotografias insere-se na chamada fotografia documentarista, e narra a história da humanidade em trânsito. É uma narrativa visual que deixa transparecer intolerâncias e solidariedades do sofrimento humano em tempos de globalização. As fotografias permitem resgatar a dignidade de seres humanos em busca de novas possibilidades de sobrevivência. São verdadeiras diásporas o que visualizamos.
As imagens revelam trajetórias de migrantes, refugiados e comunidades. São olhares da desesperança. Pessoas desencantadas com o mundo. Na face de cada uma delas se nota a tristeza de uma vida marcada pela guerra, tragédia ou perseguição. O deslocamento é a via de salvação, é a busca de uma vida melhor, de paz e tranquilidade.

A exposição está estruturada em cinco partes:
1- a fuga dos migrantes, dos refugiados e das pessoas deslocadas em distintas partes do mundo: nesta se visualizam imagens de refugiados da Bósnia; familiares de homens de aldeias iraquianas sequestrados por membros do exército; crianças e adultos num campo de refugiados palestinos no Líbano; via destruída no Afeganistão; emigrantes africanos aguardando em território espanhol; crianças refugiadas nascidas em centro de detenção no Vietnã; refugiados vietnamitas no boat people; pretensos emigrantes mexicanos com os olhos atentos à barreira de aço construída pelos americanos.
2-a tragédia africana: refugiados moçambicanos bebendo água e tomando banho; órfãos ruandeses aguardando alimentação; orfanato; campo de refugiados ruandeses; rapazes sudaneses fogem do sul do Sudão para escapar do recrutamento militar.
3- o êxodo rural e a urbanização desordenada na América Latina: crianças da FEBEM; famílias camponesas sem terra; camponeses assassinados em Eldorado dos Carajás; o êxodo rural no Equador; cerimônia fúnebre de índios assassinados no México.
4- as novas megalópoles asiáticas: camponeses armados nas Filipinas; estação ferroviária na Índia; mesquita na Indonésia; construção de complexo na Indonésia.
5- retratos de jovens e crianças migrantes: crianças refugiadas bósnias, curdas, africanas, afeganistã, indígena.

As fotos são reais, verdadeiras, mostram imagens da dor. Todas são em preto e branco, e transcendem barreiras geográficas e culturais.
O olhar atento de Salgado registrou situações de pobreza rural, guerras, conflitos políticos, étnicos, e religiosos. Os cinco continentes estão presentes na exposição, fruto de seis anos de viagens.
A Aliança Francesa acertou em trazer ao público o olhar humanista presente no conjunto de imagens produzidas por Sebastião Salgado.
Texto crítico produzido por Alex Gonçalves Varela.