O musical tem como mote realizar uma homenagem a Raul Seixas, o “rei do rock”, também conhecido como Raulzito, uma das maiores vozes da música popular brasileira.
O espetáculo tem o mérito de destacar que Raul Seixas foi um artista múltiplo, tendo atuado como cantor, compositor, pensador, filósofo, poeta, e escritor. Reduzi-lo apenas a sua atividade musical, é empobrecedor, e nao conseguimos ver o personagem em sua riqueza, diversidade, e totalidade.
A dramaturgia é de Leonardo da Selva, também diretor do musical. Ele redigiu o texto do espetáculo associando o conjunto de músicas compostas e interpretadas por Raul com os escritos por ele redigidos. As principais “fontes documentais” do musical são os manuscritos pessoais de Raul, que deixam transparecer seu pensamento “filosófico”. Portanto, escritos e canções, prosa e verso, se entrelaçam na dramaturgia do musical, e dá ao mesmo um caráter singular, uma vez que revela a todos esse homem com um perfil rico e sedutor.
O texto é de fácil compreensão, apresenta uma linguagem simples, e transmite poesia, é agradável, e arrebatador. As vinte músicas escolhidas sao aquelas do melhor repertório de Raulzito, como Ouro de Tolo, Pluct Plact Zum, Metamorfose Ambulante, entre outras.

Raul Seixas é interpretado pelo ator Bruce Gomlesvsky. Raul e Bruce estabelecem um casamento perfeito. O ator dá um verdadeiro show de interpretação, e canta de forma magistral os sucessos de Raulzito. Deixa transparecer pleno conhecimento e domínio das letras do cantor baiano.
Bruce mostra que a cada espetáculo, ele amadurece e, em novas apresentações, vai se tornando um ator talentoso, digno de elogios, e inserido no rol do grupo seleto de artistas que exercem o seu ofício com responsabilidade e dedicação.
Como diretor, Leonardo da Silva foi preciso, nas marcações e em detalhes de direção de Bruce.
O cenário idealizado por Nello Marrese reproduz o apartamento onde vivia Raul, com sofá, televisão, rádio, arara de roupas, e o seu baú, de onde emerge Raul no início do monólogo-musical.
Na parte traseira do palco está a banda, constituída por cinco músicos, que acompanham o ator Bruce Gomlesvsky nas interpretações das canções.
Os figurinos de Maria Callou são adequados, e reconstitui as vestimentas usadas por Raul em suas apresentações.
A iluminação de Gabriel Prieto é correta, e acertada, coloca em destaque o que de mais relevante existe naquele espaço cênico, e varia de acordo com a intensidade de cada cena do musical.
Raul Seixas tem a marca da transgressão, e da contra-cultura dos anos 60 e 70 do século XX, de uma arte que se queria engajada e questionadora. Venceu barreiras e atravessou fronteiras. Desejava liberdade! E, hoje é lembrado e homenageado nos palcos cariocas.
Excelente produção cultural!
Texto redigido por Alex Gonçalves Varela.