A exposição apresenta a obra do artista potiguar Antônio Roseno de Lima. Ele migrou do Rio Grande do Norte, onde nasceu, no Nordeste, para Campinas, SP, no Sudeste, onde foi residir numa comunidade. Naquele espaço social marcado pela penúria e miserabilidade, ele produziu inúmeras telas. Suas obras foram criadas a partir de materiais precários, encontrados no lixo. Ele é reconhecido como um dos expoentes da arte bruta (Art Brut) brasileira.
Num dos locais onde Antônio Roseno expos os seus trabalhos, o professor Geraldo Porto, do Instituto de Artes da Unicamp, e curador da exposição, teve o prazer de visualizar suas produções, e reconheceu o seu trabalho. Ele passou a ser seu “padrinho”, inserindo-o no circuito de galerias e salões, e difundindo sua arte pelo mundo inteiro. Voou pelo mundo como um passarinho! Geraldo é o maior colecionador das obras de A. R. L., conforme ele assinava nos seus quadros.
A primeira parte da exposição tem como título Frutos, Flores e Animais. Observamos telas com pinturas de galinhas, galos, cavalos marinhos, abacaxi, peixes, árvore de natal, coelho, gato, flores, vaca, caju, entre outros.
A segunda parte tem como título O Bêbado. Ela é composta por imagens de faces de homens embaralhados e alucinados pela bebida. Em sua maioria estão fumando cigarro ou charuto, e alguns usam chapéu. Nas pinturas há palavras, como bêbado, bebo, Campinas. Telas com cores chapadas.
A terceira parte tem como título O Fotógrafo. Ainda no Rio Grande do Norte, antes de migrar, fez um curso de fotógrafo e passou a exercer o ofício. São exibidas em molduras fotografias do casal, sua esposa Soledad, menina na janela, moças, cavalo, carro de família, ónibus, crianças, casamento, viaduto, entre outras. Há também uma tela de projeção que exibe imagens de fotografias.
Convém registrar que o professor e curador Geraldo Porto doou ao Centro de Memória da Unicamp um conjunto considerável de fotografias feitas por Antônio Roseno.

A quarta parte tem como título Mulheres e Santas. São expostas pinturas de imagens femininas, como sereias, santas, mulheres de biquini na praia, mulher vestida de noiva, entre outras.
A quinta parte tem como título Recortes da Cidade. Visualizamos imagens de fábricas, vila popular, padeiro de bicicleta, automóveis, edifícios, entre outros, imagens da vida urbana.
A sexta parte tem como título Presidentes. São imagens de figuras notáveis da História do Brasil, como os presidenciáveis, poetas, artistas, e inventores, como Santos Dumont, seu maior ídolo.
Na parte final da exposição há uma projeção de cerca de vinte obras do artista potiguar reimaginadas por Nélio Costa.
A exposição é constituída por pinturas originais, criativas, simples e coloridas, em que Antônio Roseno usava guache, nanquim e esmalte. Integram também um conjunto de fotografias diversas por ele registradas como retratos, fotos da família, casamento, cenas domésticas, time de futebol, automóveis, entre outras. E projeções de imagens fotográficas e telas, bem como recortes de jornais de matérias sobre o artista e entrevistas por ele concedidas.
A exposição tem o mérito de nos apresentar a produção artística de um pintor e fotógrafo de origem nordestina, que migrou para o sudeste em busca de melhores condições de vida, foi viver numa favela, e na comunidade, dentro do seu barraco, produziu suas pinturas com materiais simples e rústicos. São esses “artistas de sarjeta”, vivendo nas margens da sociedade e marcados pela exclusão, que devem ocupar as galerias e salões. Eles também produzem arte original, autentica, e de qualidade.
A. R. L. Vida e obra é uma exposição que tem uma curadoria potente; apresenta um artista que fez da arte uma forma de liberdade de expressão para poder sonhar e delirar; e um conjunto artístico original e autentico.
Excelente produção de artes plásticas!