Considerado o maior bailarino da história, o russo Rudolf Nureyév (1938-1993) nasceu na extinta União Soviética e ficou mundialmente famoso representando o ballet clássico em palcos de toda Europa e Estados Unidos. O bailarino e coreógrafo vem à nossa mente não só pelos seus movimentos elegantes, graciosos e muito invejáveis, mas também pelo seu gosto e sentido peculiar pela arte e pela moda.
O estilo de Nureyév sempre foi de “mais é mais”. E, sob esta filosofia, o artista sempre exigiu mais de si próprio, mas também, como podemos ver nas fotografias, na sua vida pessoal e, claro, na sua residência. Nureyév recebeu tanto reconhecimento durante a sua vida que após a sua morte não poderia ser menos.
A tumba que contém os restos mortais de Rudolf Nureyev é uma obra de arte que encanta os olhos e ilude a mente. O artista foi enterrado em 1993 na França (onde vivia exilado desde 1961, quando deserdou da União Soviética), no cemitério de Sainte-Genevieve-des-Bois, considerado o “cemitério russo de Paris”.
À primeira vista, um desavisado pode achar que se trata de um tapete ou um manto em cima do túmulo do maior bailarino da história. Mas não é tecido que vemos na imagem e sim um espetacular mosaico de cores sobre a pedra, esculpida em formato de tapeçaria, que assemelhar-se ao kilim – os tapetes artesanais feitos à mão que Rudolf tanto amava em vida e que usava para se aquecer antes de cada uma de suas performances.
O realismo alcançado na sua forma, dobras, cor e textura, torna essa tumba uma das principais atrações turísticas deste cemitério. Foi desenhado pelo seu amigo Ezio Frigerio, um dos maiores designers dos teatros europeus que trabalhou com Rudolf, que o conheceu após uma das suas atuações do ballet Romeu e Julieta.
Essa obra de arte foi finalizada por uma equipe composta por Frigerio, pelo arquiteto Stefano Pace e pela mosaicista Francesca Fabbri, em parceria com o estúdio Akomena. Cada um deles trabalhou em uma parte específica do túmulo, usando materiais tais como bronze dourado e vidro. A simbologia das cores escolhidas é outro detalhe importante: o ouro cromado representa o poder e a grandeza, enquanto o vermelho o sangue e a vida. Já o branco nos remete à luz e pureza, enquanto o azul do Oriente significa morte e luto, mas também é um sinônimo de paz. O resultado da obra nos passa uma sensação de textura fluída e luminosa, assim como eram os movimentos e o talento do inigualável bailarino.
O Salto para a Liberdade
Em 1961 Nureyév já era uma estrela mundial ballet quando, durante uma apresentação que realizava em Paris com o Ballet Kirov, conseguiu escapar dos guarda-costas da KGB (serviço secreto soviético) e desertou, se exilando na França – o primeiro de muitos dançarinos a fazê-lo. O “Salto para a Liberdade”, foi como a imprensa na época noticiou o feito. Na França, seu lar a partir de então, Nureyév se tornou o diretor da prestigiada Ópera de Paris. E decidiu que quando morresse, seus restos mortais deveriam ficar em solo francês. Seu corpo partiu, mas sua arte permanece viva na memória e nos movimentos dos jovens bailarinos inspirados pelo mestre.
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