Chico Vartulli – Olá, Dr. Rafael! Será um prazer o nosso diálogo. Afinal, o seu nome tem ecoado na sociedade carioca como uma das grandes revelações da área de Saúde dos últimos tempos: Dr. Rafael Higashi tem sido apontado como o médico que vem revolucionando a Medicina no Rio. Como tem conseguido isso?
Rafael Higashi – Eu não diria que a minha prática da Medicina seja uma revolução, pois não nega o conhecimento atual, porém se integra ao existente, formando assim um conceito novo e mais amplo; então, eu diria que se trata de uma expansão do conhecimento. Eu posso dizer que no Rio de Janeiro a minha principal contribuição foi a de trazer tratamentos alternativos, e não medicamentosos, no tratamento das doenças neuropsiquiátricas, tais como dor crônica, depressão, ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), bipolaridade e TDAH. Por exemplo, o uso da tecnologia eletromagnética com a estimulação magnética transcraniana – que é denominado Neuromodulação cerebral não invasiva –, pois tem a capacidade de estimular o cérebro sem fazer cirurgia (e, por isso, é não invasivo); o treinamento com neurofeedback de potencial, evocado para controle das atividades cerebrais; o uso de Cetamina endovenoso, e a combinação de Nutrologia como especialidade médica, para integrar esses outros tratamentos nas doenças do cérebro, e de forma mais fisiológica e natural. Além disso, a minha prática clínica integra algo muito importante para o ser humano, que é a parte emocional e filosófica, ou seja, o que pode ajudar o indivíduo a ter uma relação emocional com a vida de maneira equilibrada e feliz, introduzindo a abordagem da terapia cognitivo-comportamental e da filosofia objetivista. Eu diria que os tratamentos que oferecemos são avanços, mas é a nossa abordagem que traz um conceito novo, porque integra a Medicina (mente e corpo), a Psicologia e a Filosofia, de forma única, na avaliação e no tratamento do indivíduo.
Chico Vartulli – Como é a estrutura de sua clínica?
Rafael Higashi – A estrutura da minha clínica é dividida em cinco partes: o meu consultório; a sala de aplicação (ex.: remédios, vitaminas etc.); a sala de aplicação da Neuromodulação cerebral não invasiva (incluindo a estimulação magnética transcraniana e a estimulação transcraniana de corrente contínua); a sala da Terapia cognitivo-comportamental e neurofeedback (na qual a psicóloga trabalha) e a recepção.

Chico Vartulli – Seu trabalho é multidisciplinar?
Rafael Higashi – A melhor forma de descrever o nosso trabalho na Clínica Higashi é: integração, o que é diferente de multidisciplinaridade, porque na integração o paciente é visto em todos esses aspectos em uma única avaliação comigo. Depois, conforme a necessidade do tratamento, o fluxo segue com meu time, o que pode incluir treinamento com uma psicóloga, enfermeira, nutricionista, fonoaudióloga e/ou fisioterapeuta. No mais comum, eu diria que é a psicóloga quem mais segue no tratamento com meus pacientes, porque nos tempos atuais são as questões psicológicas, emocionais e existenciais as mais prevalentes.
Chico Vartulli – Que papel desempenha a Cannabis nos seus tratamentos?
Rafael Higashi – A Cannabis medicinal entra como um tratamento alternativo que utilizamos para determinados perfis de paciente: aqueles que não toleram medicações alopáticas ou, mesmo, que já utilizaram e não tiveram resultado ou, ainda, por vontade pessoal preferem a linha mais natural. Então, a Cannabis medicinal está sempre no nosso radar com uma possibilidade de tratamento, mas não é para todo mundo: há perfis específicos que podem se beneficiar desse tratamento, e é importante identificar este perfil para o tratamento ser eficiente. Dor crônica, insônia, ansiedade crônica e epilepsia refratária seriam alguns exemplos de doenças para as quais podemos utilizar a Cannabis medicinal como alternativa de tratamento.
Chico Vartulli – Você se referiu, numa das perguntas anteriores, a situações características dos tempos atuais: as questões existenciais, por exemplo. O médico é como um mentor para seus pacientes, num tratamento global. É importante, nesse sentido, olhar para tudo à volta, para o nosso planeta. Você é um amante de viagens?
Rafael Higashi – Sim, adoro viajar. Meu programa favorito de viagem é esquiar, porque aproveito a viagem para continuar fazendo exercício físico e aproveitar as belas paisagens das montanhas com a neve. Minhas últimas viagens de férias com a família foram para este propósito: Vale Nevada, no Chile; Alpes franceses (Les Arcs e Tignes); e a próxima será Zermatt, na Suíça.

Chico Vartulli – Você vem de uma família de médicos?
Rafael Higashi – Sim, meu pai era médico; na verdade, ele era um apaixonado pela Medicina. Vêm daí a minha inspiração e a do meu irmão para sermos médicos: queríamos ser felizes, víamos a felicidade dele ao exercer a medicina! Ele, já na sua época , sempre buscava uma visão integrada e global do indivíduo; ele foi inovador no sentido de buscar tratamentos alternativos no tratamento global do indivíduo. Por exemplo: ele foi um dos primeiros médicos patologistas clínicos do Brasil (1971), além de ser pioneiro – no início da década de 90 – entre os primeiros médicos nutrólogos com prática ortomolecular no país. Apesar de o meu pai nunca ter trabalhado comigo no Rio de Janeiro, dou crédito a ele pela minha visão integrada e global do indivíduo.
Chico Vartulli – Ver o que acontece pelo mundo também deve ser importante para um médico. Até porque a Medicina está sempre se desenvolvendo mundo afora. Nesse sentido, você tem se atualizado constantemente?
Rafael Higashi – Sim, hoje a atualização do médico é muito mais fácil do que antigamente. Com a Internet nós podemos acessar livros aulas, artigos científicos etc., tudo sem precisar sair de casa. Mas também é muito importante o contato com outro ser humano, para que essas informações corroborem com a realidade. Teoria sem correspondência com a realidade é ideologia; ao contrário do conhecimento, que é uma teoria que corresponde à realidade. É necessário filtrar as informações que hoje recebemos pela Internet.
Chico Vartulli – Como vê o futuro de sua especialidade?
Rafael Higashi – Dentro das minhas duas especialidades, que são Neurologia e Nutrologia, existem avanços significativos na área das doenças neurodegenerativas, como: na doença de Alzheimer, como a aplicação dos anticorpos, as vitaminas, hormônios na busca da não progressão da doença. Eu também poderia dizer que existe um conceito novo de profissional que integra outras áreas de conhecimento, no objetivo de ajudar o seu paciente. Ainda não existe um nome para este novo conceito de profissional, que poderia ser descrito como o profissional que tem uma abordagem integral do indivíduo, unindo a Medicina, a Psicologia e a Filosofia.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação


