Nahoum nunca se contentou em caber em uma só prateleira artística. Já foi DJ, ator e tem se dedicado nos últimos anos à carreira de cantor e compositor. Ele vem construindo uma trajetória que se alimenta da cena, do público e da necessidade de se expressar de forma autêntica. Sua música nasce do encontro de diferentes experiências, onde o pop é tanto ponto de chegada quanto terreno fértil para misturas, experimentações e camadas de sentidos.
Se nos palcos como DJ ele sentia uma falta que não sabia nomear, hoje reconhece que era a voz — a própria voz — que precisava ser ouvida. “Era um cantor enrustido”, confessa, lembrando o ponto de virada que o levou a assumir a carreira autoral. Desde então, sua canção “l i v r e” se tornou não apenas uma marca de estilo, mas também um símbolo de identificação com o público, reverberando histórias pessoais e inspirando quem a escuta.
Com o primeiro álbum a caminho e uma turnê em gestação, Nahoum vive a fase de consolidar um repertório que já chamou a atenção de plateias e da crítica. Mais do que buscar o “estouro”, o artista parece interessado em algo mais duradouro: um caminho de leveza, honestidade e conexão — onde a liberdade, em todas as suas nuances, é combustível para criar e compartilhar.
Acompanhe a entrevista com Nahoum, realizada pelo jornalista Rodolfo Abreu.

Rodolfo Abreu: Como a sua trajetória como DJ e ator influenciou sua música autoral e o desenvolvimento de seu estilo pop?
Nahoum: Ambos tiveram presença no palco. Me desenvolvi artisticamente sentindo o público. E o público é sempre uma junção de diferentes pessoas e gostos. Isso colaborou com a minha identidade pop no projeto autoral enquanto cantor. Sou influenciado por muitos estilos musicais e gosto de imprimir isso no que lanço. O prateleira do pop é muito democrática, contudo exigente. Então, acesso as influências com muito respeito e cuidado.
Rodolfo: Qual foi o ponto de virada que te motivou a investir na carreira como cantor e compositor, especialmente após tantos anos trabalhando como DJ?
Nahoum: Chegou um momento na carreira de DJ que entendi que estava ali no palco, mas havia uma falta. Entendi que o motivo era porque eu era um cantor enrustido. Não queria reproduzir músicas de outros artistas, apenas. Queria me expressar pela minha própria música.
Rodolfo: Quais são suas maiores influências musicais e culturais hoje?
Nahoum: Sem dúvidas é a nossa riquíssima música nacional. Temos um catálogo tão poderoso. Tento sempre buscar algo lá de trás, junto com tendências atuais (nacionais e internacionais) e dou o toque final que é só meu. Espero que com o tempo as pessoas vão entendendo que “toque” é esse.

Rodolfo Abreu: Para você, o processo de criar uma música parte da letra ou da melodia? E como foi a inspiração e o processo para escrever sua música “l i v r e”?
Nahoum: Normalmente, da letra. Eu sei a sonoridade exata para aquela letra, inspirações que vão me influenciar no estúdio e depois conto com a colaboração de um time de melodistas pra finalizar as composições. Compor “l i v r e” foi um processo muito íntimo meu, muito honesto. Todas as minhas composições são muito assim. Não sei fazer nada sem verdade.
Rodolfo Abreu: “l i v r e” explora a dualidade da liberdade. Quais situações pessoais te inspiraram a compor sobre o tema? O público teve alguma reação ou interpretação de “l i v r e” que te surpreendeu? Pode compartilhar?
Nahoum: Nos últimos anos vivi muito a minha solitude. E isso foi lindo e doloroso em vários momentos. Contudo, também foi fundamental. Eu precisava disso como homem. E aí eu entendi que a liberdade é linda, mas também tem seu preço. Como tudo na vida. Já o impacto no público me surpreendeu demais. Eu esperava identificação, mas não tanta. Quase todo dia recebo mensagens de pessoas falando dessa música. Uma vez me falaram que essa música tem sido um dos principais aliados para aquela pessoa sair de uma depressão. Que ela ouve como um mantra, que já chorou ouvindo. Isso é demais!

Rodolfo: “l i v r e” já aparece em playlists de espetáculos, como na peça “NÓS”. Como você tem sentido o impacto da faixa junto ao público e à crítica?
Nahoum: Ter essa música associada ao teatro foi um dos melhores frutos dela até agora. Ainda mais numa peça como “NÓS” que trata exatamente da profundidade de cada um. A crítica veio desde a letra até a sonoridade. Sempre com elogios. O que até me deixa meio ressabiado porque nada é perfeito e eu tô ainda no começo. Quero evoluir, quero melhorar. Sempre dá pra melhorar! Sempre vai dar.
Rodolfo: Qual mensagem deseja que “l i v r e” comunique para quem escuta? A faixa tem papel especial em seu repertório futuro?
Nahoum: Que ela seja combustível para autoaceitação de momentos difíceis e também refresco para sentir a leveza. Ela tem os dois lados da moeda. E, sim: tem papel especial no futuro! Ela estará no meu primeiro álbum.

Rodolfo: Como você imagina a evolução musical e poética do seu trabalho ao longo dos anos?
Nahoum: Eu aprendi a esperar menos da música, a cobrar menos, a deixar mais leve e tirar o peso de ter que acontecer grandiosamente, estourar. Tirar a ansiedade em cima da arte que envolve tanta coisa é absurdamente difícil. Talvez eu nunca consiga tirar totalmente. Mas, em 2 anos eu já aprendendo a lidar melhor com ela e pressionar menos. Se eu continuar do meu tamanho e tocando essa minha carreira como cantor de forma leve e prazerosa eu já me sinto extremamente realizado. O que vier além é lucro.
Rodolfo: Temos visto videoclipes de algumas músicas suas com uma produção bem legal. Qual a importância dos videoclipes para sua carreira e quais são suas referências para esses trabalhos?
Nahoum: Fazer videoclipe ainda define muito uma música. Mas, estamos num momento muito ingrato onde as pessoas assistem cada vez menos eles na integra, mas seus trechos nas redes sociais definem o conceito daquele som para o público. É caro, é trabalhoso, mas ainda soa fundamental. E algumas pessoas ainda exigem muito de um audiovisual de alguém que ainda tá no começo, independente. Fazem já comparações com quem já tá gigante no mercado. Acho injusto. Mas, ok: a vida é.

Rodolfo: Você tem realizado algumas apresentações ao vivo que te levam a ter contato diretamente com o público. Como tem sido a repercussão e o quanto acha isso importante?
Nahoum: Eu fiz uma série de apresentações para promover a parte 1 do álbum no Rio de Janeiro e Brasília. Uma forma também de ser laboratório: de testar, se sentir, de me fazer nascer essa minha outra veia artística. Estar no palco como DJ, ator e cantor são coisas completamente diferentes. Ouvi as críticas necessárias (boas e ruins), trabalhei e trabalho nelas me lapidando. O palco é muito vivo, muito dinâmico, muito direto. Tem apresentações e apresentações. E acho que isso sempre foi viciante pra mim. E não posso falar ainda em detalhes, mas teremos mais estados além de Rio e DF e um show melhor para promover o álbum completo!
Rodolfo: Quais são os próximos passos de sua carreira? O que vem por aí do Nahoum?
Nahoum: O primeiro álbum. A primeira turnê.
Acompanhe Nahoum no instagram: @nahoum.oficial
Entrevista por: Rodolfo Abreu (@rodolfoabreu)


